Morte Iminente

Capítulo #12

     Essa marionete está muito próxima não consigo desviar dela. Um braço equipado com 3 fileiras com lâminas aparece de dentro da longa manga em seu braço direito, ela vem ao meu encontro.

    -Morra! -Enzo grita.

      Numa tentativa desesperada, juntos os braços na frente do corpo para me proteger mesmo que não adiante, a lâmina se aproxima e escuto um som agudo de metais batendo, abro os olhos e vejo a cauda da antiga marionete do Enzo na minha frente, me protegendo da lâmina -tinha me esquecido que minha mãe estava controlando a cauda também- a lâmina quebra a cauda mas minha mãe me puxa rapidamente, me afastando da marionete, sinto uma estática no meu corpo devido as linhas conectadas com alguns lugares que tem conexão com meu sistema nervoso.

    -Manobra maneiro, maninha. -Enzo fala tranquilamente. -Mas como vai desviar disso? -Enzo gesticula alguma coisa e a marionete aponta seu braço esquerdo pra mim, seu antebraço se abre como se fosse uma escama bem grande. 

    -Não. -minha mãe deixa escapar e Enzo da um grunhido em seguida.

    Do antebraço da marionete começa a sair madeira como se fosse uma especie de cabo, são centenas, centenas não, milhares! Está vindo na minha direção, esses vários cabos de madeira da uma pirueta e vai ganhando altitude, é impressão minha ou os cabos de madeira estão ficando maiores? 

    Os cabos incharam, estão enormes e está descendo em uma velocidade incrível, acontece o impacto e meu corpo é envolvido pelas estacas de madeira, levantando poeria e grama no ar. 

    -Hayley! -esculto o grito da minha mãe. 

    A poeira começa a se dissipar, estou deitada no chão contorcendo meu corpo inteiro, as estacas estão infincadas no chão, um suspiro escapa da minha boca, essa foi por pouco. Meu corpo está dolorido, tento me levantar me segurando nas estacas de madeira e sinto um puxão vindo de trás, meu corpo começa a ser arrastado e saio daquele amontoado de estacas. Estou a poucos metros de distância da minha mãe, mas então uma das estacas se volta para mim lançando um jato de fumaça roxa.

    -O quê? Hayley rápido, prenda a respiração. -minha mãe berra atrás de mim, uma palavra se forma em minha mente. Veneno?!

    -Pode controla-la o quanto quiser. -Enzo rebate. -Não vai conseguir salva-la do gás. -a fumaça venenosa me envolve.

    -HAYLEY! -o grito da minha mãe sai abafado devido a fumaça. 

    A fumaça se prossegue, coloco a mão no rosto para evitar que quaisquer resquícios  entre em meus pulmões. Sinto um leve puxão vindo de trás.

    -Eu acho que não. -consigo ouvir a voz abafada do Enzo e então sinto enlaçada.

    Estou presa por cordas, e elas devem vir de onde as estacas de madeira acertaram o chão, claro, ele também colocou armas ocultas dentro das estacas de madeira, essas cordas são uma tentativa do Enzo para que minha mãe não consiga me tirar daqui. Sinto um puxão mais forte vindo do lado da minha mãe, mas é inútil, não saio do lugar. Eu estou presa.

    Eles literalmente, estão fazendo de mim um "Cabo de guerra humano".  A fumaça venenosa não para de sair de dentro de umas das estacas. Até quando isso vai durar? Meus braços estão amarrados junto ao corpo, também não consigo separar as pernas, estou sentada no chão.

    -O-o que você fez? -minha mãe gagueja. 

    -Uma faca amarrada com cordas. -Enzo se gaba. -Quanto mais você puxar, mais enrolada ela irá ficar. 

     Droga! Não consigo mais segurar a respiração. 

    -Hayley... -meu nome sai da boca da minha mãe como um suspiro, sinto meu corpo sendo puxada mais e mais para perto do Enzo, isso está ficando cada vez mais difícil. Meus pulmões clamam por ar. -Então está determinado a não deixar a minha filha sair, não é? 

    -É inútil, maninha. -Enzo fala cheio de si. -Se ela respirar só um pouquinho desse veneno... é o fim. -a pressão dessa fumaça está dificultando mais as coisas. -Ela já era.

    Na Floresta Do Desespero, eu estava totalmente equivocada, achei que aquilo não seria um desafio pra mim, e de repente estava sendo protegida pelos meus dois companheiros, eles arriscaram suas vidas por mim e desde esse dia jurei pra mim mesma que eu não seria um peso morto, eu prometi que as coisas seriam diferentes. Eu não posso, não posso deixar tudo acabar aqui, reviro o bolso da mochila presa em minha cintura, não consigo mexer os braços mas minhas mãos estão livres. A pressão da fumaça começa a diminuir, pelo visto, já acabou o veneno daquele tubo.  

    -Hayley aguenta firme! -minha mãe começa a gritar. -O veneno irá se dissipar em um minuto. -Enzo acha graça.

    -Maninha, eu tenho mais uma dose desse veneno, sabia? -diz Enzo

    O quê? -a surpresa da minha mãe é a mesma que eu sinto. Esculto algo de madeira se mexendo, então outro jato de veneno me acerta. Não posso, não vai dar tempo! -Hayley espere! -os berros de minha mãe sai abafado mas consigo ouvir seus passos rápidos vindo em direção a fumaça.Não... EU NÃO VOU MORRER AQUI! Acho no meu bolso o que eu procurava e então o objeto se explode. 

    A fumaça abafa a explosão fazendo com que eu não tenha nenhuma queimadura, mas todo o impacto contido se volta para mim me arremessando para longe, meu corpo voa por alguns instantes e depois se choca contra o chão. Sinto o toque de minha mãe, não tenho coragem de abrir os olhos e muito menos respirar. 

    -Hayley. -o tom de voz da minha mãe é de súplica. -Aguente firme, fique comigo. 

    -Nada mal, devo admitir. -a voz de Enzo caminha com o vento, é impressionante o efeito que ela causa em mim.

    Minha mãe me inclina um pouco e dá uma batida nas minhas costas, o ar sai e entra rapidamente, estou de joelhos, arfando, ainda me recuperando daquela explosão, ele teve um impacto maior do que eu esperava, foi um ato inconsequente e o latejar do meu corpo prova isso. 

    -Anda, querida. -minha mãe está quase chorando. -Fala comigo.

    -Eu estou bem. -puxo o ar muito depressa e as palavras não sai de um jeito desejado, pelo menos a onda explosiva serviu para dissipar o gás e me libertar das cordas do Enzo, também não sinto as da minha mãe. -Preste bastante atenção. -me volto ainda de joelhos para o Enzo e em resposta ele tem uma expressão de tédio.  -EU VOU PEGAR VOCÊ, ESTÁ ME OUVINDO? -de entediada, passa para furiosa, obrigo meus joelhos a pararem de tremer e tento levantar. -Você pode explodir os meus membros. Você pode me paralisar com o seu veneno. Mas ainda assim eu vou pegar você! Não importa com o que você me ataque, não importa o que você faça, eu não vou ceder. Você está me entendendo? -meus gritos tem um tom mais ameaçador do que eu esperava. Enzo levanta sua mão na altura do rosto e depois dobra seu polegar esquerdo, de dentro daquelas várias estacas que ainda estão infincadas no chão, saem 6 facas vindo em minha direção e não consigo me desviar.