Capítulo #17

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     Vai ser bem mais difícil chegar perto dele agora, as chamas que saem dos tubos em seu braço continuam a acertar a pedra em que estou escondida, eu e minha mãe trocamos um olhar e então as chamas se cessam, nós corremos e nos escondemos em uma grande pedra que estava entre nós mas antes, pego uma faca e atiro na direção do Enzo, as chamas envolve ela, derretendo-a e depois acertando a pedra que estou escondida com minha mãe, é inútil. 

    A pedra onde estamos está se derretendo, saltamos e nos escondemos em pedras diferentes, temos que acabar logo com isso. As chamas param por um momento e consigo ouvir os ruídos que saem da pedra quente.

    -Qual o problema? -Enzo quer saber. -Vocês não querem brincar?

    Os braços do Enzo se estende em nossa direção e alguma coisa começa a sair dos tubos em seu braço. 

    -É água, Hayler. -diz minha mãe. -Para trás. 

    Ela sai de trás de sua pedra mas permaneço no lugar, a água acerta a pedra e uma grande quantidade de vapor sobe e impossibilita minha visão, algo está começando a trincar e vejo a rocha em que uso como escudo começar a quebrar, no ultimo instante, dou um salto para atrás e a água perfura a pedra com uma força assustadora, minha mãe corre e chama a atenção do meu tio, ele direciona seus dois braços na direção dela com os jatos tentando acerta-la, seu braço começa a girar e os jatos vão ficando cada vez mais finos,  minha mãe se esconde atrás de uma pedra mas na hora que a água encosta na superfície rígida da pedra, ela o corta na hora, a pressão da água agora é absurda.

    Enzo consegue acerta-la no ombro esquerdo e ela cai no chão.

    -Mãe! -começo a correr em direção a ela mas agora o alvo dos jatos do Enzo sou eu, desvio de seu ataque pegando impulso nas pedras.

     -Com quanto tempo você ainda pretende continuar com isso? -os jatos dele para e sou tomada pelo alívio, fico encostada numa pedra, quando me levanto novamente rapidamente, mãe.

    Localizo minha mãe deitada com seu ombro esquerdo encharcado de sangue, dou um paço para ir em direção a ela mas sou parada quando vejo um cabo de aço com uma ponta em formato de ferrão de vespa vindo em direção a mim, tento desviar mas o cabo ainda atinge de raspão o lado direito do meu abdome e depois infinca no solo, cambaleio e me escoro numa pedra, isso arde, coloco a mão direita no local do ferimento e faço uma careta.

    -Morra sua bruxa! -ouço o grito do Enzo e levanto a cabeça, mas ele não está vindo em minha direção, aqueles dois metais com lâminas nas pontas que estavam de cada lado do corpo do Enzo funciona com uma hélice, as laminas estão girando e ele está voando em direção a minha mãe.

-Mãe, não. -minha voz sai falha.

    Tento dar um paço mas na hora que me mexo, sangue espirra do meu ferimento e a dor me faz parar, não tenho que continuar. Começo a correr em direção a minha mãe, a cada passo eu sinto um sensação de queimação no meu machucado, Enzo está se aproximando cada vez mais de minha mãe, quando o cabo de aço com o qual ele me acertou passa por mim e eu o agarro, é isso, esse cabo está ligado a um rolo que está onde deveria ser o estômago dele. Começo a puxar. O veneno começa a me afetar, só tenho 10 segundos antes de começar a perder a razão. Puxo desesperadamente o rolo, puxo e puxo cada vez mais, 9 segundos, ele é muito comprido, não vai dar tempo, 8 segundos, ele se aproxima cada vez mais dela, 7 segundos, isso será inútil se o cabo for muito longo, 6 segundos, minha mãe não consegue se mexer e imagino que ele colocou veneno na água também, 5 segundos, o desgraçado está aumentando a velocidade, 4 segundos, dou mais um puxão e o Enzo para a centímetros de minha mãe, suas grandes lâminas que estão girando feito hélice raspa o cabelo dela, tanto Enzo como minha mãe me olham como uma cara de espanto. 

    -VEM PRA CÁ! -puxo ele com toda a minha força e o suspendo no ar, puxo ele novamente em minha direção e ele vem ao meu encontro rapidamente, 3 segundos.

     Serro o punho da mãe direita e me preparo.

    2 segundos.

    Acerto um soco em seu estômago e o impacto é bem forte, seus membros se soltaram e passaram direto por mim mas seu tronco caiu bem aos meus pés, sua boca está aberta de uma maneira grotesca, não consigo ver sua pupila e nem sua íris, só é visível a sua esclerótica, queé a parte branca que vemos no nosso olho. 

    Meu corpo dói mas não posso descansar agora. Caminho em direção a minha mãe que continua no chão, ela está tentando estancar o sangramento com as mãos mas não para de tremer.

    -Mãe. -digo me aproximando. -Como você está?

    -Nada bem, e você? -ela acha graça. 

    -Estou bem. -minto, começo a perder a razão, não sei se é por causa da perda de sangue ou por causa do veneno. -Mãe, rápido, use o antídoto. -me deito no chão, não consigo me mexer. 

    Ela tira a siringa de dentro da sua manga e eu esboço um sorriso desajeitado, fecho os olhos, mas fico em alerta novamente quando sinto a metal frio perfurar a minha coxa esquerda e vejo o antídoto penetrar no meu corpo.

   -Mãe, o que você está fazendo? -a raiva toma conta de mim. -Isso era para você! Era você quem deveria usar isso.

   -Esculte, Hayley. -sua voz está fraca. -Você precisa sair daqui e ir encontrar o seu pai.

    -Não vou deixar a senhora, isso está fora de questão. -balanço a cabeça. 

    -Se concentra, Hayley. -ela grita comigo e isso me pega de surpresa. -Você é uma médica combatente e deve agir como uma. A sua missão é ir atrás do Tyler. 

    -Mãe, deixa eu curar a senhora primeiro e depois eu vou embora. -lagrimas começam a sair.

   -Não perca mais tempo comigo, querida. -ela sorri. -Tem um rastreador em minha mochila. Você pode usa-lo para achar seu pai.

   -Eu vou voltar para buscar você. Eu prometo. -ajudo ela a se sentar e a envolvo em meus braços, encostando meu rosto em sua nuca.

    -Está bem, querida, vou ficar te esperando.  -ela diz.

    -Eu te amo. -digo porém sem resposta. -Mãe? Mãe? 

    Aperto seu braço e enterro meu rosto em seus cabelos.

    -Obrigada. -minha voz sai com um sussurro. -Eu queria falar várias coisas para você agora, e mesmo que você nunca ouça, pelo menos eu tentei, e espero conseguir, já que não consegui proteger a senhora, enquanto você não exitou em nenhum momento quando sacrificou sua vida pela a minha. -aperto seu corpo contra o meu. -Eu falhei com a senhora, falhei comigo mesma. Eu jurei que não seria um peso morto e agora perdi a senhora. Eu sinto muito. -deito ela devagar, vasculho a sua mochila e vejo um dispositivo, coloco em meu pescoço, olho um última vez antes de partir, me abaixo e beijo sua testa. -Eu já volto. -fecho os olhos, dou as costas para ela e saio dali. Me permito chorar, pelo menos por enquanto, pelo menos por um momento. 

    




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