Capítulo #16

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     Levanto o rosto e olho para a expressão calma do meu tio. Eu acabei de destruir sua marionete preferida mas mesmo assim ele mantém a calma e imagino ser isso o que o faz um oponente tão desafiador. Os galhos de ferro começam a perder sua rigidez e cai feito poeira no chão, cobrindo o solo com uma camada negra.

    Levanto e corro em direção da minha mãe, desviando das partículas de ferro que cai, chego ao local e vejo uma grande pedra em cima do lado esquerdo do seu corpo, seguro a pedra com mão direta e arremesso ela longe como se fosse uma bola de isopor, seu braço esquerdo treme sem parar. 

    -Hayley. -ela começa. -Como você ainda pode estar se movimentando? Eu tenho certeza que o veneno do Enzo lhe acertou. 

    -Eu usei o antídoto, ainda bem que funcionou. -indico com a cabeça o lugar onde eu estava e lá está uma pequena siringa quase soterrada pela camada de ferro. 

    -U-um antídoto? -ela gagueja. -Mas onde você conseguiu?

    -No nosso estado, chegou um paciente infectado com esse veneno e como eu estava indo em uma missão em um local perto de onde ele foi afetado, imaginei que poderia cruzar com esse problema novamente e então fiz mais duas doses, coloquei elas em siringas e as trouxe comigo.  -pego a segunda siringa e mostro para minha mãe. 

    -Claro, então foi assim que você... -minha mãe começa e eu a interrompo.

    -Isso. Eu não queria que ele soubesse do antídoto, então, momentos antes daquele ataque me acertar, eu injetei uma dose de antídoto na minha coxa direita. Eu sabia que ele baixaria a guarda mais cedo ou mais tarde, foi arriscado, eu sei, mas era preciso, eu só precisava que a marionete dele chegasse perto o bastante de mim para eu acerta-la. -estendo para minha mãe a última dose de antídoto. -Isso é tudo que sobrou, só temos essa dose. Toma, quero que fica com a senhora. -estendo a siringa para minha mãe mas seu braço esquerdo vacila e ela solta um gemido. -O que foi? A senhora está bem?

    -Meu braço... -ela faz uma careta.

    Com os dentes, retiro a luva da minha mão direita e com a esquerda, pego um pouco de sangue e passo na palma mão direita, colocando no local roxo no antebraço da minha mãe. O local começa a adquirir uma tonalidade vermelha. Olho de relance para Enzo, ele deve estar se perguntando como eu ainda consigo ficar de pé. Volto minha concentração para o hematoma de minha mãe. Depois de alguns minutos minha mãe diz:

    -Hayley, querida. -sua voz me tira de meus pensamentos. -Meu braço está ótimo, obrigada.

    -Ah, claro. -retiro minha mão e sinto uma tremedeira nas pernas, me sento no chão. Eu já cheguei ao meu limite, pego mais um pouco de sangue do meu corpo que já está quase seco, passo na palma da minha mão esquerda e depois encosto no corte em meu braço direito. O processo de cura arde e faço uma careta, doloroso porém suportável, meus outros arranhões não são graves então me concentrarei apenas nesse. A ferida se fecha e ponho novamente as luvas de impacto. 

    -Muito bem, Hayley. -minha mãe pega seu braço falso, tira as partículas de ferro que emperraram os movimentos e depois o coloca no lugar. -Vamos pega-lo.

    -Certo.

    -Devo admitir. -Enzo começa. -Nunca pensei que teria que usar a mim mesmo, realmente não esperava que essa luta chegaria a esse ponto, muito menos ver a marionete do meu pai sendo destruída. -meu tio começa desabotoar seu casaco e em seguida o pano preto cai sobre seus pés. Mas o que é aquilo?

    Seu corpo está coberto apenas por uma bota preta e uma calça preta, seus membros são iguais aos de uma marionete, seus braços e suas pernas são de madeira, ele possui duas mochilas em suas costas e ao lado dessas mochilas tem duas barras de ferros com lâminas nas pontas, onde deveria ser seu abdômen tem um grande rolo com um grosso cabo de aço e na ponta tem algo parecido com um ferrão de vespa, do cabo de aço e das lâminas pinga o liquido roxo formando uma pequena poça no chão, uma boa parte do seu corpo é feita com material usado em marionetes, isso quer dizer que todas as armas devem estar contaminadas com veneno.

    -Você levou sua obsessão por marionetes longe demais. -diz minha mãe com a voz triste.

    -O que foi? Vocês não vão acabar comigo? -ele pergunta como uma expressão falsa de que não está entendendo mais nada. -Muito bem, então eu darei o primeiro passo. 

    Ele estende os braços em nossa direção, as palmas da sua mãos se abrem e vejo um pequeno tubo colado ao seu braço que chega até as mochilas em suas costas. 

    -MORRAM! -ele berra e de dentro desses canos sai uma onda de chamas.

    Eu e minha mãe desviamos, ela se esconde atrás de uma pedra a minha esquerda a mais ou menos 3 metros de distância, as chamas que sai do braço direito do Enzo atinge a pedra em que minha mãe está entocada, e a do seu braço esquerdo, acerta na qual eu estou, a temperatura começa a subir.


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