Capítulo 2

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Silvia Palazzi - Investigadora e Atiradora de Elite (Sniper)

Sete anos atrás...

Sil já estava se arrependendo de ter iniciado aquela conversa com sua mãe enquanto ela olhava para o dedo indicador que estava apontado para seu rosto.

- Eu não acredito nisso - gritava a sua mãe de forma histérica - eu não criei você para ir trabalhar em um lugar igual aquele.

- Mas mãe...

- Não me venha com, mas mãe, eu não aceito isso, Rômulo diga alguma coisa!

- O que quer que eu diga Helena, ela já está bem crescida para saber o que quer da vida!

- Vocês dois estão loucos? Use a sua autoridade de pai e a proíba de jogar a vida dela fora.

- Helena ela não está jogando a vida dela fora.

- Eu não aceito.

- Agora chega!!! - Sil falou de forma firme - eu estou avisando que vou ingressar na polícia federal e não que estou usando drogas ou me prostituindo para que a senhora fique assim!

Ela sabia que não seria fácil, sua mãe nunca concordou que ela fosse advogada, imagine agente federal, mas não esperava uma reação tão negativa, caramba ela tinha 23 anos e acabou de se formar em direito e pretendia se especializar na área criminal, tentar ingressar na PF era um sonho que ela acalentava a um bom tempo, então quando soube do concurso no ano anterior, ela não pensou duas vezes e se inscreveu, fez a prova e passou, agora foi chamada para fazer os cursos preparatórios e finalmente começar a trabalhar com aquilo que realmente queria. Mas sua mãe não concordava com sua decisão e ainda tentou convencê-la a desistir.

- Minha filha, diga-me a verdade, você é lésbica?

- O que? Mãe, de onde a senhora tirou isso?

- Oras você nunca namorou e do nada resolveu se meter numa profissão tão masculina.

Sil não acreditou no que ouviu, aquilo era demais até para sua mãe.

- Então a senhora preferiria que eu tivesse uma lista de ex-namorados, ao invés de me dedicar aos estudos? Juro que não acredito nisso, mas só para constar, não, eu não sou lésbica, mas e se eu fosse acho que não faria a menor diferença para a senhora, já que continuaria a me criticar do mesmo jeito, mas talvez por outros motivos.

Esse era um terreno que Sil não queria pisar, sua vida sexual não precisava ser exposta na frente de seu pai certo?

- A verdade é que estamos desviando do assunto que é meu ingresso na PF, tudo isso que foi dito aqui não muda nada e isso não é motivo para implicar com a minha futura profissão, não vou deixar de ser feminina por ser agente federal e acho que essa conversa, já deu o que tinha de dar, eu sinto muito, mas não posso deixar de lado algo que realmente quero por causa dos seus preconceitos. - Disse isso, se levantou, abraçou e deu um beijo em seu pai, que retribuiu o carinho cochichando em seu ouvido: "Tenho muito orgulho de você, eu te amo".

Seus olhos lacrimejaram com a declaração, mas ao contrário de seu pai, sua mãe continuava impassível e quando Sil a abraçou ela não retribuiu apenas disse.

- Eu não aceito isso.

- Sinto muito, mas já tomei minha decisão.

Ela soltou sua mãe do abraço, pegou suas malas e quando estava saindo sua mãe falou. - Se sair por essa porta, não precisa mais voltar.

Ela parou, mas não se virou, balançou a cabeça negativamente, fechou a porta atrás de si e seguiu seu caminho.

Tá, dizer que foi fácil, não mesmo, mas era preciso.

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