Capitulo 21

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Walkiria estava quase irreconhecível, seus capangas não se intimidaram mesmo ela sendo uma mulher, ele precisava lhe dar uma lição, mas não a mataria, quem mandou ela ser tão idiota e se deixar reconhecer por uma daquelas vadias.
Agora ele observava as imagens que lhe foram enviadas de cada uma delas, não conseguiu obter informações em lugar nenhum sobre elas, mas ele tinha certeza absoluta de que eram da polícia.
Ele não acreditou quando Walkiria disse quem a reconheceu, mas agora olhando a foto daquela morena mignon no meio dessa bagunça toda ele parou para pensar, quanto tempo se passou? Seis anos mais ou menos, mas ele a reconheceria em qualquer lugar e agora ela precisava aprender uma lição também, uma vez que uma mulher lhe pertencia era ele quem decidia quando e se ela poderia ir embora e ele definitivamente não tinha deixado ela ir.
Um sorriso cruel brotou em seus lábios...
- Elas que se preparem...

****

May estava furiosa com seu amigo Ed, fazia uma semana que tinha saído de Salvador, deixado seu trabalho que estava em uma etapa importante, suas amigas e seu... bem, não tinha certeza ainda, mas um possível amor?
Tudo porque Ed tinha lhe garantido que tinha encontrado pistas sobre seus pais, mas descobriu na droga do encontro que teve com o advogado que era um grande idiota, diga-se de passagem, que ele não tinha nada além de um número que seu pai utilizava quando queria falar algo importante, mas, era um número bloqueado e que não podia ser rastreado segundo o advogado, apenas o pai da moça entrava em contato.
-Um número que não pode ser rastreado, grande ajuda, já que ele deixou de se comunicar a seis anos...
- Paixão... escute você trabalha com pessoas que podem rastrear esse número em um piscar de olhos ...
- Mesmo que consigam rastrear esse número, e consiga falar com seja lá quem for que atenda, já faz seis anos Ed, nem dá para ter esperança desse número existir ainda...
E quer saber amanhã mesmo volto para casa, tenho um trabalho que me espera e já tirei dias demais correndo atrás de pessoas que claramente não querem ser encontrados, e talvez nem lembram que eu existo.
-Paixão...
-Ed.... por favor. Já está resolvido para mim chega, obrigada por se preocupar comigo, por tentar encontrar essas pessoas, mas...
-Paixão me desculpa, eu achei que se achássemos esse advogado, estaríamos mais perto de achar seus pais, não levei em conta em como poderia ser decepcionante para você se desse errado.
May não queria demostrar o quanto estava decepcionada, e triste porque não tinha conseguido pista nenhuma, mais ela não iria deixar o amigo se sentir culpado, afinal ele fez porque pensou ser o melhor para ela. ..
-Ed? Primeiro para de me chamar de paixão deixa só sua noiva ouvir isso, ela vai querer arrancar meus olhos e dar para o primeiro cachorro que aparecer.
- Para ela gosta de você, só se senti ameaçada porque sabe que eu já te amei muito, mais no fundo ela gosta de você.
-Sei, senti isso no dia em que me convidou para jantar, me senti em casa até a hora em que levei a primeira garfada até a boca, meu jantar era sal puro.
- Não.... Ela não fez isso, fez? Eu mesmo preparei tudo com carinho, está explicado por você não quis mais, sempre come como se estivesse passando fome, e nesse dia só bebeu suco e água.
- Não quis arriscar sair de lá direto para um hospital, só não dei na cara dela porque sei que ela gosta de você, e vi que você também gosta muito dela, mais Ed ela precisa ter mais confiança em você, e você me chamando sempre de paixão não ajuda muito.
-Eu sei... eu sei... eu realmente gosto muito dela, ela é divertida, me faz muito bem, mas acredite, você sempre será minha paixão, e é por isso que sempre te chamo assim, mais sei que tenho que parar, e a partir de agora te chamar de paixão só se tivermos a sós.
May começou a rir, ela sabia que o amigo estava flertando com ela, mais não a sério, ele a respeitava muito, e sabia que com eles era só amizade, a muito tempo o relacionamento de homem e mulher deles tinham acabado, mais a amizade, o companheirismo, a dedicação sempre existiria e ela sabia que sempre podia contar com ele, e ele sempre poderia contar com ela.
********
Já passavam das 19h quando Ed foi embora, agora era arrumar as malas e partir no primeiro voo para Salvador, claro que levaria o número para que Andrew tentasse rastrear e ver se conseguia algo, afinal ele sabe tudo.
Mas o que mais a preocupava no momento era Rafael, o que iria acontecer quando o encontrasse? Será que ele entenderia?
May ligou para o aeroporto assim que teve as malas prontas e marcou o voo direto para Salvador no primeiro horário, em seguida discou para o número de Sil mais essa não atendeu ainda era cedo, talvez ela estivesse no banho tentou o número de Adri mais essa também não atendeu, o de Lê deu desligado, e o de Rafa também, ninguém atendeu.
-Mais o que está acontecendo, onde essas vacas se enfiaram preciso que alguém vá me buscar amanhã...
Novamente a moça tentou os números em vão, Niê estava sobre proteção e por esse motivo não tinha um celular, nunca pediu os números dos agentes, só lhe restou Rafael mais esse ela descartou esperaria para falar com ele pessoalmente, é claro que ela também queria evitar um confronto, mesmo que por telefone o quanto pudesse, sabia que Rafael estaria furioso, decepcionado e sabe-se Deus o que ele faria.
- Com isso só me resta o telefone da casa, se ninguém atender tento novamente amanhã antes de embarcar...
Um, dois, três toques...
-Alô... – uma voz grossa e rouca falou ao telefone.
Ela quase teve um mini ataque, suas pernas amoleceram e ela teve que sentar para não cair...
-Alô... – ele falou mais ríspido.
Ele parecia impaciente, mas ela não era medrosa, e além do mais estava a quilômetros de distância falando por telefone.
-Pelo amor de Deus... cadê a mulher corajosa? - May pensou.
-Alô... É... Sou eu May.
A linha ficou muda e ela imaginou que provavelmente ele tinha saído e deixado ela falando sozinha.
-Rafael? Ainda está aí?
-Sim... estou...
Ele nunca tinha sido frio com ela, mais essas palavras foram tão frias que ela jurava que poderiam gelar um vulcão.
- Desculpa, eu tentei ligar no celular das meninas, mas elas... enfim ninguém me atendeu então pensei em ligar para casa por que certamente alguém atenderia, não imaginava que seria você, mas... Droga... Rafael escuta... eu...
Mas ele não a deixou terminar de falar.
- Olha... a Sil está aqui, ela vai falar com você.
Foi só o que ela ouviu antes dele passar o telefone para Sil...
Seu coração apertou, e ela teve vontade de chorar, mas seria forte, precisava desse tempo e ele teria que entender, esperava poder explicar tudo assim que voltasse, sabia que o tinha deixado triste mas imaginou que ele também precisasse desse tempo longe dela, mais parece que estava errada e essa volta para casa seria mais difícil do que pensou, mas se ele quisesse iria tentar, não sabia como, mais iria tentar.
-May...
-Sil... oi, estou voltando, pode ir me buscar amanhã?  Chego aí as 11h podemos almoçar depois.
-Claro estarei lá, vou chamar as meninas e saímos mais cedo, temos muito o que conversar, botar o papo em dia, acho que a comandante não vai se importar.
-Que bom...
-May... vai ficar tudo bem, ele vai entender... só precisa ter paciência.
-Obrigada Sil, você sempre sabe o que dizer, nos vemos amanhã então, comprei presentinhos para vocês ...
-Ai meu Deus, já até imagino o que seja...
- Você vai gostar, aposto que o Chan vai amar quando você usar com ele.
-Maaaay... e quem disse...
-Te vejo amanhã, preciso dormir, beijos!!!
-Beijos!!!
*********
Sil desligou o telefone sorrindo, mas ao olhar para trás, viu Rafael sentado no último degrau da escada, estava machucado pela briga, mas parecia que a dor no coração era pior ainda.
Ela subiu e se sentou ao lado dele, ficaram em silêncio por um tempo até ele falar.
- Ela está voltando né?
- Está sim...
- O que eu vou fazer?
- Acho que primeiro precisa ouvir, depois você toma uma decisão.   Mas antes de tudo precisa descansar, você teve um longo dia!
- Obrigado... por tudo! – Deu um beijo no rosto de Sil e se levantou fazendo uma careta e indo em direção ao quarto.
Ela ainda ficou um tempo sentada ali, quando sentiu alguém se sentar atrás dela, envolvê-la em seus braços e beijar seus cabelos.
- Aconteceu alguma coisa?
- Além de tudo o que ocorreu com vocês?
- Ok, deixe eu reformular minha pergunta, o que aconteceu com o Rafael agora, ele pareceu mais abatido ainda...
- May... ela volta amanhã!
- Ah! Agora entendi!
- Não sei o que vai acontecer com esses dois, só espero que se entendam!
- E quanto a nós, o que me diz?
- Chan, não sou uma pessoa fácil.
- Não gosto de mulheres fáceis.
Ela sorriu.
- Posso ser muito teimosa.
- Prometo ser flexível – e beijou sua bochecha.
- Sou temperamental e explosiva.
- Sabe que não é verdade, se fosse assim não poderia ser atiradora, mas... quando estiver a ponto de explodir, vou adorar te abraçar e te fazer um cafuné – disse beijando o pescoço dela.
- Sou insuportável na TPM – as carícias dele já estavam desarmando ela.
- Te compro um monte de chocolate – ele falou virando o rosto dela para ele e se apoderando de sua boca num beijo apaixonado.
Quando se separaram ela lhe sorriu, e ele a puxou para cima colocando-a em seu colo de frente para ele, e encostando a testa na dela disse.
- Te quero muito morena teimosa...
Ela olhou bem no fundo daqueles lindos olhos verdes e sorrindo respondeu.
- Também te quero rapaz insistente...
O beijo começou calmo, mas foi ficando urgente e necessitado, as mãos dele em sua cintura a puxavam cada vez mais perto e ela pode sentir o volume de seu membro através do jeans, roçando seu sexo fazendo com que ambos ficassem mais e mais necessitados e a paixão entre eles se acendesse...
Mas o som estridente do telefone tocando na sala quebrou o momento, eles se afastaram ofegantes e Sil desceu as escadas para atendê-lo.
- Alô... sim comandante... eu avisarei a todos... estaremos aí o mais rápido possível...
Chan estava terminando de descer as escadas e parecia não conseguir andar muito bem.
Sil sorriu sabendo o porquê de sua dificuldade, ele olhou para ela indignado e apontando para sua ereção disse.
- Você tem noção do quanto é ruim descer uma escada, com uma calça justa nessa situação?
- Sinto muito grandão, mas não vou poder te ajudar com isso agora!
- E posso saber quem foi o mala... ou melhor o baú antigo de madeira sem alças e sem rodinhas que ligou justo naquele momento, quando eu tinha você nos meus braços – e a puxou afundando o rosto no pescoço dela causando-lhe arrepios.
- Acho que a comandante não vai gostar desse título...
- O que? Era a comandante? A essa hora coisa boa não deve ser – disse se afastando dela.
- Ela convocou toda a equipe, temos que ir para a central agora, parece que temos mais uma vítima que conseguiu escapar, e ela está para chegar a qualquer momento...
- É melhor irmos chamar os outros então, depois "conversaremos" mais – e lhe deu um beijo, mas quando se afastou percebeu o semblante preocupado dela – O que foi, está sentindo alguma coisa?
- Não sei, uma sensação ruim, mas acho que é só cansaço mesmo!

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