Capítulo 10

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Niê passou quase quinze dias tentando se recuperar dos ferimentos que o chefe a causou, nesse tempo conseguiu ouvir várias conversas entre os Brutamontes e Valquíria, entre elas era que Val não sobreviveria aos ferimentos que o chefe tinha deixado nela quando a atacou na última semana.
Ela pôde ouvir claramente que Val resistiu quando ele tentou amarra-la e então apanhou muito, tinha quebrado algumas costelas e pelo que Valquíria falava no corredor a menina estava com uma hemorragia interna muito grave. Aquilo deixou Niê visivelmente abatida, fazia poucos dias que ela se sentia totalmente recuperada da surra que tinha levado, em suas costas com certeza ficariam cicatrizes das chicotadas que ela havia levado, mas a menina sabia que tinha que ser forte para poder fugir dali, iria encarar tudo de cabeça erguida e no final quando ela conseguisse fugir dali se vingaria de Harvey, aquele maldito que a tinha enganado, Valquíria seria a segunda por observar toda aquela barbárie e não fazer nada, e o Chefe... Bom esse seria um caso a parte que ela pensaria com carinho.
Naquele mesmo dia Valquíria entrou no pequeno quarto com um lingerie da Vitória Secrets branca, um laboutan preto, algumas maquiagens e perfume.
Sem entender nada Niêdja levantou-se da cama assustada e questionou.
- O que é tudo isso?
- Não está vendo sua vadia?! Roupas e sapatos, esteja pronta cedo, as dez em ponto o Eric vem te buscar, hoje é sua estreia e não ouse fazer nenhuma gracinha. Entendeu - Falou rispidamente.
A moça assentiu visivelmente abalada e para completar a bruxa ainda afirmou o que ela estava receosa em perguntar.
- Enterramos aquela moça que veio com você! De uma coisa tenho que lhe parabenizar... Foi muito forte e resistente com o chefe, foi uma das poucas que saiu viva de seu quarto.
Valquíria disse com um sorriso no canto da boca e se retirou do quarto.
Niê chorou muito lamentando a morte da colega. Saber que elas tinham sido enganadas massacrava ainda mais o coração da menina, Val tão linda, nova e cheia de sonhos, como se meteram numa encrenca daquele tamanho?!
Ela olhou para todas aquelas coisas em cima da cama de solteiro que havia no quarto e pensou que se fosse em outro momento estaria feliz com aquelas maquiagens, perfume importado, lingeries caras... Mas naquela situação só conseguia sentir nojo daquelas coisas ali.
Dez horas em ponto o Brutamonte de nome Eric abriu a porta e chamou ela, foi levada pelo mesmo corredor que tinha ido ao quarto do chefe, a moça sentiu um frio na espinha com medo de ser para ele que estava vestida daquela maneira, a calcinha era fio dental, por sorte um roby de seda branco havia sido deixado junto com as outras coisas, quando foi se aproximando da porta do quarto dele ela respirou fundo pensando que mal havia se recuperado e já ia apanhar novamente, passando pela porta ela deu de cara com ele e Valquíria.
O Chefe virou para ela e falou.
- Seu primeiro dia, resista e estará debaixo da terra como sua amiguinha. - Olhou para Eric e disse seco.
- Leve-a, passe com ela pelo meio da boate e a deixe no quarto branco com o filho do Senador Paul.
A menina arregalou os olhos... Boate? Filho do senador Paul? O que era aquilo tudo? Parou, pensou e concluiu que se ela quisesse sair viva dali teria que se ligar a nomes, decorar os rostos e se ligar em tudo ao seu redor... E tinha vários deles agora, guardava bem a imagem de qualquer pessoa, desde pequena era ótima fisionomista. Harvey, Eric, Valquíria, Senador Paul, faltava somente o nome do chefe e ela colocou na cabeça que descobriria. Saindo dos seus devaneios se viu sendo levada pelo Eric.
Por dentro do quarto do chefe tinha uma porta pela qual dava acesso a uma luxuosa boate, tudo pingava a riqueza e luxo naquele lugar, quem entrasse ali uma primeira vez jamais diria que era uma casa de prostituição, tudo ricamente decorado, o bar ao fundo do ambiente era perfeito, vários barmans atendiam os homens engravatados que estávamos encostados no balcão com garotas de todos os países agarradas em seus colarinhos. Niêdja sentiu uma imensa vontade de vomitar, segurou seu estômago forte como se isso a impedisse, Eric virou-se pra ela e disse.
- Uma gracinha e o chefe não te deixará viva por menos de um minuto, Paul é um homem muito influente, se Marco perde-lo como cliente, é definitivamente o seu fim.
Olhando em volta procurando tentar voltar ao normal Niêdja se deparou com olhares famintos para seu corpo, aquilo era demais para uma menina que sonhou com o sucesso nas passarelas...
Pensando ela se questionou?!
"Quis tanto ser vista por minha beleza que aqui estou!"
Foi conduzida ao quarto branco, e ao entrar se deu conta do porque daquele nome, todo seu interior era branco, tão branco que chegava a doer os olhos, os móveis marrons escuro contrastavam com as paredes, até as colchas da cama eram brancas. Ao entrar a moça deu-se conta de que a porta havia sido fechada e virou em direção da mesma quando sentiu alguém atrás dela. Ao virar Niêdja se deparou com um dos homens mais lindos que já tinha visto, piscou várias vezes para ter certeza do que estava vendo.
Quando se sentiu avaliado pela moça o jovem tossiu para chamar sua atenção.
Niêdja se culpou por ter achado o homem bonito, se ele estava ali e pagando por um momento com ela, ele era também um monstro igual aos outro.
Quando seus olhos se encontraram com o dele o rapaz pôde sentir a tensão, raiva, medo e nojo espalhado pelo belo rosto da moça. Falou docemente.
- Eu não sou igual a eles! Jamais me compare com esses caras!
Num fio de voz a garota acusou.
- Se não é, então o que faz aqui, com certeza pagou para usar meu corpo.
- Sim, paguei! E, diga-se de passagem, uma fortuna, mas sente-se, vamos beber alguma coisa para que você possa se acalmar e eu lhe conto o porquê de eu estar aqui. OK?
Ele tentou pegar na sua mão e ela bruscamente se soltou. Olhou para ele tristemente, e totalmente vencida, Niêdja não teria chances, aquele homem falando a verdade ou não ela teria que se deitar com ele e fazer tudo o que quisesse ou prestaria contas com o Chefe que agora por um descuido do capanga dele sabia que se chamava Marco.
- Olha moço, eu sei que sou obrigada a transar com você, só peço uma coisa... Somente uma... Não me bata!
A menina baixou a cabeça e chorou sem reservas, estava esgotada com toda situação, nessa hora Max se comoveu e a abraçou. Deixou a menina chorar livremente, quando achou que ela não se a calmaria mais a viu subir seus olhos e encontrar os dele em mudo pedido de socorro.
Mesmo sem nenhuma palavra ele sabia o que se passava ali, a menina falava Inglês fluentemente, mas tinha um sotaque, pelas suas andanças no mundo deduziu que ela fosse brasileira.
- Eu vou te ajudar! Não sei como, nem sei o que está acontecendo, mas é uma promessa! Você não sabe nada ao meu respeito e nem eu ao seu, não sei por que se prostitui aqui nessa boate, mas primeiro você precisa ter certeza de uma coisa, eu Maxuall sempre cumpro com minhas promessas, e segundo não tem pra onde correr, você precisa confiar em mim!
Max olhou a garota ainda agarrada ao seu corpo, era uma mulher, e por sinal uma das mais lindas que ele já tinha visto, e olhe que tinha visto muitas. A garota piscou aturdida e disse.
- Eu não tenho mais nada a perder, e não sou prostituta!
Max teve que se esforçar para ouvir, sentou na cama e a acomodou ao seu lado.
-Seu nome é?
-Niêdja, e o seu Maxuall!
Ele sorriu e ela se encantou com aqueles dentes branquinhos, todos iguais, em outra situação ele seria uma ótima distração, pensou ela.
- Pode me chamar de Max, olha Niêdja, temos que ter muito cuidado aqui, pelo que escuto meu pai falar todos os quartos tem câmeras.
Niêdja arregalou os olhos pra ele e pensou, se todos os quartos eram vigiados, então alguém havia a visto chorar e ele oferecer ajuda, ela se remexeu nervosamente.
- Acalme-se, esse não tem! É uma exigência minha para que eu frequente esse lugar. Preste atenção... Meu pai é um homem muito antiquado, e para não decepcioná-lo eu frequento essa boate, preciso que você confie em mim e me conte por que você está tão nervosa, tão tensa. Se você não é garota de programa o que faz aqui nessa boate?
Niêdja respirou fundo seguidas vezes e pensou que teria que dar um tiro no escuro, muitas vezes já tinha se enganado com rostos bonitos, Miguel preconceituoso, Harvey traficante de mulheres, Valquíria sua comparça, Marco era o próprio demônio. Mas ela tinha que tentar, ou não teria chances no mundo de sair viva daqui.
Piscou várias vezes e por fim falou sem pausa.
- Bem, eu sou de Fortaleza no nordeste do Brasil, conheci um cara em uma festa que me ofereceu emprego e alavancar minha carreira de modelo aqui no exterior, mas era tudo uma grande mentira, eles junto de seus comparsas me trouxeram para cá, por trás dessa boate de luxo tem várias garotas sendo traficadas de seus países para serem prostitutas aqui, e eu fui uma delas, comigo vieram mais duas, e uma delas foi morta, não resistiu aos ferimentos ao ser estuprada pelo chefe que se chama Marco. Eu fui brutalmente violentada, passei quinze dias para me recuperar... Entenda Max, eu preciso fugir daqui, eu não vou aguentar.
Max estava extasiado com as coisas que a menina falava. Ela chorava copiosamente com a cabeça apoiada em suas próprias mãos.
O rapaz levantou seu rosto e disse.
- Confie em mim, eu vou te tirar daqui. Mas precisamos ser discretos. Só confie em mim!
Ela assentiu, sentiu firmeza nas palavras dele, e respirou aliviada, talvez aquele inferno tivesse um fim.
Max deixou Niêdja no quarto com a promessa de que a tiraria dali, assim que o viu, Marco veio até ele e foi bem direto.
- E aí meu rapaz, espero que tenha ficado satisfeito, caso contrário posso lhe arrumar outra companhia por conta da casa e do apreço que tenho por seu pai.
- Não se preocupe, ela superou minhas expectativas e a propósito, gostaria de lhe falar em particular pode ser?
- Claro, venha comigo filho.
Eles seguiram rumo ao elegante escritório de Marco.
- Marco, vou ser bem direto, quanto quer por ela, sabe que dinheiro não é o problema não é?
Marco ficou surpreso, não esperava isso do rapaz, inclusive achava que ele era gay, pelo que o senador sempre falava, mas pelo visto a vadiazinha tinha conquistado o rapaz de primeira e é claro que ele iria lucrar com isso.
- Bem Max, eu entendo seu interesse, afinal eu mesmo testei a mercadoria, mas eu fiz um alto investimento e não sei se quero abrir mão dela assim tão rápido, já que pelo visto ela vai me dar muito lucro.
Max fechou os punhos, "mercadoria" essa palavra nunca lhe causou tanta repulsa, mais que droga, tinha cometido um erro estúpido quando se mostrou afoito em tirá-la de lá e é claro que Marco percebeu o seu interesse e ele não iria facilitar, a ganância de Marco não tinha limites, precisava pensar rápido.
- Certo, compreendo, então faremos o seguinte, eu quero exclusividade até o próximo sábado, terei um evento importante e a quero como minha acompanhante, portanto fale seu preço.
Marco sorriu satisfeito, ele sabia que lucraria.
- Quero $500.000,00 dólares.
- Fechado, te trago em espécie amanhã.
Novamente Marco se surpreendeu se soubesse que seria assim teria pedido mais.
Naquela mesma semana tudo foi devidamente planejado por Max, toda a fuga estava sendo repassada em sua mente, não poderia haver erros, pois um passo em falso seria fatal. Em alguns momentos ele se perguntava por que estava se arriscando tanto, mas a história de Niê era comum naquele país, mulheres lindas que acreditavam que o futuro ali era promissor e quando se viam obrigadas a vender seus corpos não reagiam, mas ela não seria uma estatística, ele iria até o fim, ela tinha lhe dado um voto de confiança, e seu sofrimento tinha tocado o coração dele, ainda não podia definir se havia sentido alguma atração pela garota, os pensamentos de Max ainda eram confusos, nunca tinha saído com um homem, porém tinha desejo por eles, teve algumas noites com mulheres, mas não se sentia pleno e realizado, mas aquela morena tinha mexido com algo dentro dele.
Ele ligou para Marco combinando o horário para entregar o dinheiro, não foi difícil convencer o pai a dar-lhe aquela quantia pela companhia da moça, o Senador Paul sentiu-se orgulhoso pelo filho garanhão e garantiu que compraria a moça para ele custasse o que custar, disse que ele mesmo faria a proposta a Marco. Max pensou que envolver seu pai naquela confusão seria arriscado, mas estava sem jeito, quando Niêdja conseguisse fugir ele tinha certeza que o bandido iria procurar por ele, e sozinho seria mais difícil de enrolar o homem. Usaria sim o nome e o dinheiro do seu pai ao seu favor, só restava saber como o pai dele reagiria no final disso tudo.
No dia da fuga Niêdja estava nervosa, porém tentou não demonstrar, Max tinha vindo todo o dia naquela semana, sempre a tranquilizando, dizendo que tudo daria certo, quando Niê perguntava como seria ele só sorria e falava carinhoso.
- Não se preocupe sereia, eu vou te tirar daqui e você vai ser feliz longe desse inferno que se meteu! Agora sorria e vá para o seu quarto que eu cuido do resto.
Ela vestiu um lindo vestido branco vazado nas laterais, lindas joias combinando, Max também não se esqueceu de lhe mandar um lindo conjunto de lingeries, uma belíssima sandália prateada e uma bolsa carteira para finalizar o look, tinham até se preocupado em mandar um cabeleleiro e um maquiador para dar mais veracidade sobre ela ser sua acompanhante, até o evento que de antemão era de fachada, agora realmente existia.
Dez da noite Marco entrou em seu quarto e comunicou.
- Max espera você lá na frente da boate, não me decepcione, quem sabe eu não resolva te vender aquele veadinho de merda que vive as custas do pai.
Ele sorriu e Niê pensou que não poderia haver um sorriso mais nojento e odioso como o dele. Acenou afirmando que tinha entendido tudo e então seguiu para a boate, nessa semana ela tinha ganhado um pouco de "liberdade", pela manhã limpava a boate com outras garotas e a noite se encontrava com Max.
Ela saiu a passos largos pelo salão, o pensamento era que aquela seria sua última vez naquele inferno. Ao chegar na imensa porta viu um Audi preto na frente do local e seguiu em direção a ele no mesmo momento em que Max saía impecavelmente vestido em um smoking preto, uma gravata levemente prateada. O sorriso dele ela lindo embora nervoso, muitos dias dessa semana eles passaram conversando e o rapaz demonstrou o quanto estava confuso nessa fase da vida.
Saindo do estupor de vê-lo tão lindo Niêdja caminhou lentamente até o carro, quando Max pegou em sua mão, beijou e a puxou num abraço. A moça ficou meio desconcertada, mas retribuiu, Max sentiu a tensão e a confusão dela e falou no seu ouvido.
- Estamos sendo observados, aja naturalmente.
Ela piscou aturdida para ele, então entendeu o que ele havia lhe dito e sorriu, ele achou que aquele era o sorriso mais sincero que ela já havia lhe dado e o rapaz decidiu.
- Sereia, eu vou te beijar para que eles vejam que estamos realmente muito envolvidos.
O coração dela batia descompassada mente nesses dias todo ele não tinham se beijado, ela se sentia totalmente a vontade com ele, mas não como mulher e sim como amiga.
Quando os lábios de Max encostaram-se aos de Niêdja ele sentiu um formigamento, seu membro endureceu, e ela sentiu e gostou da sensação da boca macia dele na dela, do cheiro forte e gostoso dele, sentiu-se desejada era muito bom, mas ali o coração dela estava fechado, retribui para convencer Marco e Valquíria que estavam observando pelas câmeras do escritório.
- Vamos ganhar muito dinheiro com essa vadiazinha, o veadinho está apaixonado por ela, vai me dar tudo o que quiser. - Marco disse com um sorriso no rosto.
Niê e Max entraram no carro e seguiram para o hotel onde seria a festa.
Era um local grande e luxuoso, o evento era grande, um lançamento de uma marca de perfumes, logo na entrada vários flashs foram soltos em direção ao casal.
Passaram por muitas mesas cumprimentandos os conhecidos de Max, e então sentaram em uma onde o Senador estava com a esposa, Max logo tratou de apresentar Niê como sua namorada, o que fez a menina arregalar os olhos em surpresa.
Passaram horas na festa, jantaram, dançaram e conversaram bastante tentando disfarçar o nervosismo e estresse da fuga, na última dança ele olhou-a nos olhos e disse sorrindo.
- Vamos sair agora e um carro vai nos interceptar, vamos ser sequestrados, amanhã eu vou estar em casa e você...
Vai estar dentro da sede da polícia Federal em Salvador, um agente estará com você no carro e no jatinho que está lhe esperando no aeroporto. Não pense, não hesite, o que David mandar você fazer... Faça. Ele é de confiança, foi enviado para lhe levar para casa.
Cuidado e... Sereia, não confie em todo mundo!
Niêdja olhou com olhos marejados para ele que tratou de enxugar uma lágrima fugitiva com um beijo na bochecha da moça, de mãos dadas se despediram do pai dele e seguiram para o carro.
No carro Niêdja olhou bem nos olhos de Max e agradeceu.
- Max... Eu... Er... Devo minha vida a você! Obrigada por tudo!
- Nos ainda vamos nos encontrar sereia, acredite. - Ele disse segurando em sua mão.
- Eu acredito. - Ela sorriu entre lágrimas.
Max estava tenso, mas tentava passar calma para Niê que roia as unhas de nervoso. Numa avenida bastante movimentada um carro ultrapassou o Audi de Max, era uma Mercedes prata com vidros fumê, outro carro idêntico colou na traseira quando o da frente freou fazendo Max parar automaticamente, cinco caras encapuzados desceram dos carros com armas em punho mandando Max colocar as mãos na cabeça e descer do veículo, o rapaz tentou não ficar triste, mas sentiria falta da sua sereia. Pelas brechas do capuz ele viu que os olhos de David encarando Niêdja, ninguém sabia, mas ele tinha entrado em contato com a PF no Brasil que lhe garantiu que enviaria um agente para resgatar a moça, e que adiantaria toda papelada da extradição dela o mais rápido possível para que nada atrasasse o resgate.
Quando Max viu David se perder nos olhos de Niê que estava totalmente alheia, o rapaz sentiu que não seria páreo para o agente.
Minutos depois Max estava sendo levado a um loft afastado do local onde aconteceu a festa e Niêdja estava sendo colocada dentro do jatinho que a PF tinha disponibilizado para o resgate.
Quando ela sentou no acento do jato começou a tremer e chorar descontroladamente, toda tensão se esvaiu, mas ela não conseguia controlar suas lágrimas, sentiu braços fortes lhe envolver com um lençol grosso e abraçar ela lhe dando conforto, aos poucos foi controlando os soluços e viu o rapaz se afastar um pouco para tirar a máscara que lhe cobria o rosto.
Foi um choque! Olhos claros, cabelos cor de mel, boca carnuda, aquele cara era perfeito. Deus tinha sido bastante generoso ao lhe proporcionar aquela visão em um momento tão conturbado.
- Niêdja, eu sou o David, agente da polícia Federal em Brasília, estou aqui para lhe levar para o Brasil, somente sinto em dizer que não vamos direto para Fortaleza, estamos em um voo direto para a Bahia, em Salvador você ficará sob a proteção da Comandante Emi Meyer, e estará segura! - Ela confirmou que havia entendido.
- Está com fome? Posso arrumar algo para você comer! -
Ele disse solícito.
- Obrigada David, só tenho que agradecer por ter ajudado ao Max a me livrar daqueles monstros. - Ela disse mais controlada.
David não conseguiu resistir e soltou sem querer.
- Max... É seu namorado?
Ela olhou feio para ele e respondeu ríspida.
- Na situação em que eu estava doutor e-eu não tinha como pensar em namorar, apenas em me manter viva.
David sorriu quase que imperceptível Niê não notou, apenas encostou a cabeça no acento e tentou amenizar aquela angústia, porque ela conseguiu sair viva dali, ela estava ali voltando para casa, mas quantas mulheres foram e não voltaram mais...

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