Capítulo 04 - Recomeços

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Sem Correção...


"Para recomeçar muitas vezes precisamos voltar onde nos perdemos."


Valentina

Receber uma notícia desta não está nos planos de ninguém. Mas eu não queria deixar meus pais mais tristes do que aparentavam. Por isso tentei ser o mais forte que o que realmente estava me sentindo por dentro.

--- Claro que vamos vencer. – Sorri ao médico quando ele disse que no Brasil havia excelentes profissionais e que eu me sairia bem desta situação. E que em breve gostaria que eu lhe fizesse uma visita.

Meu pai segurava minha mão e minha mãe estava atenta a todas as orientações e instruções que o médico dava.

Câncer. Recentemente uma amiga havia perdido a mãe desta forma. Muita gente da nossa idade não ousava a dizer o nome da doença. Era estranho. Quando eu começava a tentar traçar novos planos para minha vida, isso acontece.

Tudo bem. A única certeza que eu tinha é que eu não estava sozinha. Havia meus pais, meus padrinhos e o Benjamin. Todos eles estariam comigo até o fim. Mesmo que agora ele não estivesse muito distante.

Depois que nos deu alta... Fomos até o instituto e começamos a arrumar as malas para voltarmos para casa. Eu na verdade já começava a acostumar com minha casa ali naquele lugar. Meus pais estavam em um apartamento alugado ali de frente. E em poucas horas nós já embarcávamos para o Brasil novamente.

Fechei os olhos e coloquei o fone para ouvir um pouco de música. Não estava prestando atenção ao que a música dizia. Simplesmente pensava em tantas pessoas que em minha pouca idade eu já tinha notícia de já ter morrido acometido com esse tipo de doença. Que droga... Quanto mais se quer tirar isso da cabeça mais se prensa.

--- Oi Valentina. Seja bem vinda! – Meu irmão me abraçou por um longo tempo sem dizer nada, além das cinco poucas palavras. Aceitei o abraço. E quando me soltou estava com os olhos cheios de lágrimas. E olha que ele não é de se emocionar com qualquer coisa. Provavelmente já me via dentro de um caixão.

--- Obrigada Benjamin.

A Viagem havia sido bem mais cansativa do que tinha me lembrado da ida há um ano.

Fui para meu quarto porque não suportava ver meu irmão e meu padrinho com aquelas caras de choro sem querer chorar também. Meus pais estavam se mostrando bem controlados desde o momento em que saímos do hospital embora eu soubesse que os pais sofrem por qualquer dor que os filhos venham a sentir.

--- Posso entrar?

--- Entra pai.

--- Amanhã irei até o colégio e farei sua matrícula e conversarei com a diretora sobre como ficará sua situação para que não perca o ano letivo. – Olhei para ele... Será que seria o melhor? E se não houvesse tempo?

--- Pai... Acha mesmo que me fará bem, com tantos exames a fazer e a tal cirurgia...

--- Valentina... Eu estava indeciso quanto ao seu nome e quando nasceu eu tive certeza de que havia nascido para vencer. Eu não vou permitir que agora você desista de lutar porque você sempre foi guerreira. Quero ver essa menina agora. Disposta a lutar. E mais que lutar... Ganhar a batalha.

Olhei para ele envergonhada. --- Tudo bem pai! Não sei se conseguirei ir à escola todos os dias, mas também não gostaria de perder um ano. Isso poderia influenciar em minha carreira de juíza não é?

--- Com certeza. Tome um banho e descanse um pouco. Quando o jantar estiver pronto sua mãe vem chamar você.

--- Pai... Vocês não iam viajar? – Ele me deu um olhar de cumplicidade.

Leva-me com você. - A história de George e Valentina.Onde histórias criam vida. Descubra agora