Chegando em casa pensei em rapidamente falar com Fred sobre tudo e fazer com que ele me contasse o que realmente é, mas é melhor eu não falar nada, ainda não tenho certeza se era ele naquela foto, na verdade eu estou com medo! Eu nem o conheço direito.
Entramos em casa e mamãe colocou meu jantar, ela já havia deixado a comida pronta.- Mamãe, quando as pessoas morrem elas vão pra onde? - perguntei me lembrando de Fred e de papai.
- As boas vão para o céu e as más vão para um lugar muito ruim.
- Tem como alguém depois de morrer ficar aqui vivendo como nós, sem que ninguém veja?
- Sim, essas pessoas são almas perdidas ou anjos da guarda. Mas por que você está me perguntando isso?
- Nada não mamãe. Só queria saber. - eu disse dando um sorriso forçado. - Eu vou pra escola amanhã?
- Não. Você só vai semana que vem.
Fui para o meu quarto após escovar os dentes. Antes de me deitar senti Fred agarrar o meu pé, mas depois do que vi hoje, não tenho coragem de falar com ele.
Acordei cedo e fiz minha higiene matinal, após tomar o café da manhã Fred me chamou para brincar, mas eu dei a desculpa de que estava muito triste pelo papai, então passei o dia vendo televisão. Quando chegou o fim de tarde, pedi para que mamãe me levasse no cemitério, e como eu imaginava, Fred não quis ir conosco.
Colhi algumas flores e entrei no carro, chegando lá mamãe entrou comigo. Passamos algum tempo chorando no túmulo de papai e eu coloquei algumas flores sobre ele.- Mamãe, posso ficar um tempo sozinha? Me espera lá fora por favor. - pedi limpando as lágrimas.
- Tudo bem, meu amor, mas você não vai por o resto das flores? - ela perguntou, vendo que eu ainda tinha flores em mãos.
- Vou. - eu disse e ela entendeu que eu queria ficar sozinha.
Quando mamãe saiu fiquei um tempo conversando com "papai".
- Como eu sinto sua falta, mesmo depois do que você fez com a mamãe. Eu ainda não entendo como você conseguiu subir no sótão, meu pai era mesmo muito esperto (risos).
Me lembrei de Fred e fui à procura de onde ele estava enterrado, achei o gramado em poucos minutos, era um pouco afastado. Me sentei na frente da lápide e a olhei com mais calma, ela era muito velha, e a data da morte era muito antiga, então isso quer dizer que ele viveu muito antes de todo mundo que eu conheço, isso explica as roupas que ele usa, sempre está com roupas diferentes e antigas.
Depois de analisar bem eu não tinha dúvidas, era Fred que estava enterrado ali. Escutei mamãe buzinar e deixei o resto das flores na lápide de Fred, me apressei antes que mamãe viesse me procurar.
Ao chegar em casa fui dormir cedo e nem quis jantar.
Durante a noite tive um sonho estranho.No sonho...
Entrei em um lugar estranho, uma casa linda e nova, reconheci quando olhei direito, era minha casa. Tinha uma velhinha ajoelhada aos pés da cama, ela dizia coisas estranhas e chorava muito, de repente tudo escureceu e a velhinha começou flutuar, corri na intenção de alcançá-la, mas ela entrou dentro da cabana e e a porta se trancou, a única coisa que eu ouvi foram vozes diferentes, gritos e barulhos que pareciam ossos se quebrando. Senti meu corpo flutuar e comecei a me debater, eu não queria ser levada para a cabana!
...Acordei suada, ainda era noite, provavelmente de madrugada. Levantei em silêncio para não acordar Fred e nem mamãe e fui na ponta do pé até a cozinha beber um copo d'água, ao abrir a geladeira caí no chão de susto. Fred estava lá, com o rosto mais pálido que o normal e os olhos totalmente avermelhados.
- O..oi Clarinha - ele disse voltando ao normal.
- Não chegue perto de mim, por favor! - eu disse me arrastando para trás.
- Obrigado pelas flores que você me deu hoje, eu estou muito feliz hahahahaha! -ele disse vindo em minha direção
Me levantei com minhas últimas forças e corri para o meu quarto fechando a porta. Mas quando me virei Fred estava sentado em minha cama com um enorme sorriso.
Minhas pernas foram ficando bambas e meus olhos se fecharam, provavelmente eu caí no chão desacordada.Acordei com o sol batendo no meu rosto, eu estava deitada em minha cama e enrolada no cobertor como se nada tivesse acontecido. Fred acordou no mesmo instante e saiu de debaixo da minha cama sonolento, corri em direção a porta me lembrando da noite anterior, minha cabeça doía, acho que foi da queda.
- O que é que você tem, hein? - ele perguntou com cara de desentendido, mas é claro que ele estava fingindo.
- Não chegue perto! Nós não podemos mais ser amigos! - eu gritei e corri para o quarto da mamãe, mas ela não estava lá (ai meu Deus!)
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Será que foi só um sonho? Ou Fred está se fingindo de inocente?
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Fred, o Amigo Imaginário
ParanormalApós um acidente de carro, o marido de Maria fica paralítico, para não passar necessidades os dois resolvem voltar à terra natal de Maria, onde sua filha arruma uma espécie de amigo imaginário, a partir daí, coisas estranhas passam a acontecer...