A volta de Sandra

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Capítulo sem revisão

- Clara?! - era a voz de mamãe, ufa! - Clara, o que faz no meio da estrada?! Você está louca? - mamãe disse severamente

- Eu... - eu disse tirando as mãos do rosto, pensei em contar o que aconteceu, mas mamãe não acreditaria. - Eu estava indo atrás da senhora, mas aí tropecei e caí...

- Nós vamos para o hospital, sua babá acordou, e o mínimo que devemos fazer é ir vê-la. - Mamãe disse e me pegou pelo braço, me levando para dentro de casa.

Mamãe tomou banho junto comigo para não demorármos muito.

Quando chegamos no hospital os pais e o avô de Sandra já estavam lá, seu avô ficou me olhando de uma forma muito estranha, parecia saber de algo, deve ter sido só impressão minha. Quando eles voltaram do quarto de visitas mamãe e eu entramos, a enfermeira disse que Sandra ainda estava um pouco mal, e só falava de um menino, ela garante que o menino lhe bateu com um pedaço de madeira, pobre Sandra...
Entrei com mamãe, Sandra estava horrível! Terrivelmente magra e pálida.

- Sandra! Que bom que acordou! - mamãe disse alegremente

- Oi, Sandra. - eu disse olhando sua cabeça, que estava enfaixada até as sobrancelhas.

- Oi. - Sandra disse entristecida. - Você via ele, não é, Clara? Era ele, seu amigo. - Sandra disse segurando fortemente minhas mãos, confesso que fiquei aterrorizada

- Solte ela Sandra! - mamãe disse vindo até nós e tentando separar nossas mãos, mas a força de Sandra era maior.

- Me solta, Sandra! - eu disse com medo, Sandra parecia obcecada, é claro que eu percebi que ela falava de Fred, mas eu estava tão assustava que não raciocinei no momento.

Mamãe foi chamar a enfermeira...

- Eu devia ter acreditado em você, ele era real, ele está aqui agora? Por que ele quer me matar?! Me diga! EU VOU MORRER! EU VOU MORRER NÃO É?! - Sandra me sacudia pelos ombros e gritava, ela estava passando por uma crise, eu estava tão assustada quanto.

Mamãe chegou acompanhada da enfermeira, que rapidamente deu um calmante à Sandra, que adormeceu na mesma hora.
Fomos pra casa, toda essa história me deixou intrigada, fiquei pensando no caminho... será que foi Fred que fez aquilo com a babá? Não, ele não teria coragem...ou teria? Mas ele sumiu, por quê? Será que ele sabia que Sandra acordaria?

- CLARA! CLARA! - mamãe gritou, despertando-me de meus pensamentos.

- Sim, mamãe...

- Estou te chamando há horas, nós já chegamos, desça do carro!

Desci rapidamente, realmente viajei muito em meus pensamentos. Mamãe disse que queria ter uma conversa séria, tentei evitar, mas não tive saída, não haviam mais desculpas, tive que enfrentá-la.
Ela me deu tanta bronca, tive que aguentar calada, mas ela tem razão, eu mudei depois que nos mudamos para essa cidadezinha, que saudades de New York, ou quando eu era mais nova, pronunciava "nova inhoque" e papai me corrigia, " Nova Iorque, bebê haha" e caíamos na risada. Que boa menina eu era, claro que ainda sou, mas me sinto diferente, mais rebelde talvez? Até mamãe que nunca está presente notou. Tem algo errado.

Oito dias depois

Amanhã é o último dia de aula, pois já estamos em dezembro, finalmente o natal está chegando!
Acabei de chegar da escola, fizemos um grande cartaz em grupo sobre o natal e cada aluno ganhou um sininho, quando balançamos ele toca uma bela melodia, doce e calma.

Após o almoço passou um filme de desenho muito divertido e eu assisti deitada no sofá enquanto mamãe ligava em alguns contatos procurando emprego. Acabei adormecendo, dessa vez não sonhei com Fred, aliás, desde que Sandra acordou não tenho mais sonhado com ele.
Acordei à noite, apenas jantei e fui dormir, parece que todo o tempo que dormi durante a tarde só me deu mais sono, que irônico.

Hoje é o último dia de aula, a professora pediu ontem para levármos nosso sino, a escola estava toda enfeitada e todos estavam alegres, bem que Fred podia estar aqui... para com isso Clara! Ele é um assassino!
No fim da aula todos tocamos sinos e desejamos um Feliz Natal e Feliz Ano Novo, com boas vibrações para os próximos dias.
Mamãe me buscou, havia alguém no carro, para minha surpresa era Sandra! Mamãe não parecia muito contente por ter a babá de novo, parecia um pouco assustada, deve ser porque não preciso mais de babá, já que mamãe não tem emprego.
Entrei no carro, e Sandra esticou-se do banco de passageiro para me abraçar, reparei bem na cicatriz em sua cabeça, parecia ter levado vários golpes no mesmo lugar.

- Oi, Sandra! Que bom te ver! - eu disse entusiasmada

- Oi. Sinto que devo ficar sempre perto de você, pequena, o menino é mal, ele está aqui? - iiii acho que já entendi porque mamãe estava com aquela cara! A babá está maluquinha! Acho que os golpea fizeram mal ao seus cérebro!

- Ann, vamos, mamãe??! - eu disse antes que Sandra falasse qualquer outra coisa sem sentido

Mamãe dirigiu rápido, acho que ela queria se livrar logo de Sandra, que não parou de tagarelar um minuto, ela falava o tempo todo de um menino, mas estava agitada demais para explicar direito.
Chegando em casa descemos do carro e eu fui trocar de roupa.

Sandra almoçou em casa, depois eu chamei ela para brincar perto da cabana comigo, é claro que eu vou descobrir sobre o que ela está falando! Mamãe nos observava de longe, nunca se sabe o que uma pessoa louca pode fazer.

- Sandra... explique com calma o que você viu, senão todos vão achar que você está louca, se é que já não acham isso. Mas você só pode contar pra mim, okay? - falei calmamente com Sandra, como se a criança ali fosse ela e não eu.

- Mas todos devem saber sobre ele, eles devem saber! - Sandra disse um pouco alterada. Estou começando a achar que Sandra precisa ser internada em um hospital psiquiátrico. Quem teve a ideia de deixar essa maluca livre por aí?!

- Você não entendeu?! Conte para mim primeiro, porra! O que você viu?! - gritei nervosa, enquanto mamãe continuava a observar.

- Ta... Eram umas quatro ou cinco da tarde, sua mãe chegaria em uma hora, fui até seu quarto e você estava dormindo, e, nesse momento... - Sandra parou de falar, e respirou fundo - começaram batidas altas e infernais, vinham do sótão. Fui ver o que era, e ao subir lá me deparei com um garoto loiro, ele batia dois pedaços de madeira um no outro, e um dos pedaços tinha um prego na ponta... eu só queria ajudá- lo, nada demais.... - ela parou novamente, respirou fundo, mas dessa vez a respiração veio seguida de um choro abafado.

Fred, o Amigo ImaginárioOnde histórias criam vida. Descubra agora