Acordei cedo, mamãe me deixou no portão da escola e foi trabalhar, ela negociou com sua patroa para voltar mais cedo, para que pudesse cuidar de mim até encontrar uma nova babá.
Chegando na escola me sentei na última carteira como sempre, e resolvi contar para Fred uma ideia que tive.- Fred, eu estava aqui pensando... Mamãe quer que eu vá ao psicólogo três vezes por semana, mas eu não quero voltar lá. Resolvi fugir!
- Claro que não! Você está louca, vadia!? Se você fugir vai estragar tudo!
- Tudo o quê? - eu pensei que Fred apoiaria totalmente a minha decisão, mas ele fez exatamente o contrário. Que garoto bipolar!
- Não interessa! Você tem que voltar lá e fazer as consultas conforme o que sua mãe mandou! - ele disse autoritário
- Desculpe, Fred. Mas dessa vez eu não vou te obedecer, e se você for realmente um anjo deve ir comigo para me proteger e me guiar. - respondi firmemente, mas com um certo medo de sua resposta.
Fred permaneceu em silêncio, isso significa que ele vai pensar na proposta.
Hoje a professora passou um trabalho em grupos, e adivinha quem ficou sem grupo? Sim, eu! Então ela me colocou em um dos grupos, e logo no grupo da Yoko.
- Por que você não ficou no grupo dos seus amiguinhos invisíveis?! - ela disse me provocando, eu permaneci calada, mas os outros integrantes riram de mim, eu estou cansada de rirem de mim, e Fred também está, ele fez uma cara muito brava quando começaram a caçoar de mim no grupo.
Bateu o sinal para o recreio e eu segui Yoko, que ia sozinha diretamente para o banheiro. Vi ela entrar no banheiro, mas eu não sabia o que fazer, estava com raiva. " Entre no banheiro e afogue a cabeça dela na privada, se você fizer isso eu fujo com você esta noite" . Fred fofocou em meu ouvido, eu sei que isso não está certo, mas estou com raiva, e além disso Fred fugirá comigo se eu o fizer.
Caminhei até a porta onde Yoko estava, ouvi ela terminar de fazer xixi e a esperei dar descarga, quando ela iria sair a peguei de surpresa.- Então quer dizer que você gosta de ver os outros rindo de mim?! Sua vadia suja! - eu disse a empurrando e fazendo com que ela se agachasse, não sei de onde tirei essas palavras, acho que foi pela raiva do momento.
- Para, Clara! - ela gritou já em estado de choque.
Mas eu não parei... Peguei-a pelos cabelos e enfiei sua cabeça na privada assim como Fred havia mandado. Bolhas de ar subiam pela água fazendo barulho (que nojo, garota, bebendo água da privada?! Haha.) , enquanto ela se debatia. Finalmente ela parou de se debater e eu fui escutar seu coração para ver se ainda estava viva, tudo certo, o coração batia muito fraco mas sei que vai ficar tudo bem. Me levantei como se nada tivesse acontecido e fui lavar as mãos, me senti tão bem, apenas um pouco culpada, Fred ria, muito feliz e orgulhoso.
Voltamos para a classe e rapidamente a falta da japinha idiota foi notada.
- Pessoal, alguém viu a Yoko? - perguntou a professora alguns minutos depois.
Todos responderam que não. Infelizmente chegou uma aluna de outra turma e disse que encontraram a Yoko afogada na privada e que ela foi levada para o hospital desmaiada. Que triste, não é mesmo?!
A classe não quis mais fazer lição e ficamos todos sem fazer nada, no maior clima pesado. Será que o que eu fiz foi tão errado ao ponto de fazê- la parar no hospital? Para com isso Clara, você está certa. A Yoko teve o que mereceu.
Bateu o sinal e todos fomos embora, mamãe já me esperava lá fora, ela parou e conversou com a professora, eu nem dei importância à conversa. Chegando em casa almocei, tomei banho e fui ver TV.
- Que horror o que aconteceu hoje com sua amiguinha, não é?! Só uma criança maldosa e cruel teria coragem de fazer isso. - mamãe disse, provavelmente a professora contou pra ela.
- Ela não era minha amiga. Qualquer um faria isso com ela, ela era muito chata! - eu disse voltando a atenção para o desenho que passava.
- Como assim "era", você chega a me assustar, sabia? O que está acontecendo, filha ? Você era tão doce, tão inocente e meiga, mas depois que nos mudamos pra cá você está diferente...
Permaneci calada enquanto mamãe falava, mas ela tem razão, eu realmente mudei, principalmente depois que conheci Fred, me sinto mais realista, não sei explicar.
A noite chegou e eu fingi que ia dormir, quando todas as luzes da casa foram apagadas, eu e Fred começamos à arrumar minha mochila para a fuga, coloquei minha escova de dentes, pente, pouquíssimas roupas e bastante comida do tipo frutas, biscoitos e doces. Fred nem parecia o mesmo Fred que se recusou a fugir comigo, eu poderia até dizer que ele, ESTÁ TRAMANDO ALGUMA COISA!
Bom, prefiro afastar esses pensamentos ruins da cabeça. Peguei minha mochila e segui com Fred, abrimos a porta silenciosamente e depois o portão. Seguimos pelas ruas frias e escuras, confesso que estava com medo, mas Fred me passava segurança e proteção, haviam vários mendigos e outras pessoas com cigarros do "cheiro estranho", passei o mais rápido possível.- A partir daqui eu guio o caminho. - Fred disse e eu concordei
- E pra onde você vai me levar? - perguntei desconfiada
- Calma, vai dar tudo certo. - Fred disse com um olhar angelical e ao mesmo tempo um sorriso maligno.
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Fred, o Amigo Imaginário
ParanormalApós um acidente de carro, o marido de Maria fica paralítico, para não passar necessidades os dois resolvem voltar à terra natal de Maria, onde sua filha arruma uma espécie de amigo imaginário, a partir daí, coisas estranhas passam a acontecer...