Acordei cedo, mamãe já estava acordada, voltamos pra casa, a polícia ainda estava lá, mas já estavam indo embora.
Tomei banho e mamãe me levou pra escola, chegando lá todos me olharam como no primeiro dia, mas dessa vez até a professora estava me olhando de cara feia. Me sentei na última carteira do fundo, sozinha como sempre, Fred sentou- se ao meu lado.- É claro que foi ela! Você não ouviu dizer que o vestido dela estava com sangue? - um menino chamado Felipe cochichava com o restante da sala e olhavam pra mim.
- Mostra o dedo do meio pra ele e diz assim " Filho da puta" - Fred disse sorrindo e foi o que eu fiz.
- Filho da puta! - gritei mostrando o dedo do meio, ao ouvir isso a professora me colocou imediatamente pra fora da classe.
Fiquei sentada no banco do pátio, a professora deixou a classe sobre vigia de um monitor e veio conversar comigo.
- Clara, o que está acontecendo com você? - ela disse séria
- Nada. - respondi friamente
- Me recuso a acreditar que essa resposta tenha saído da cabeça de uma menina tão bonita e doce como você. - ela disse e eu abaixei a cabeça. - E aliás, sinto muito pelo que aconteceu à sua babá, não foi você que fez aquilo, não é? - balancei a cabeça negativamente. - Claro que não foi você, mas você sabe quem foi? - fiz que não com a cabeça novamente.
Finalmente bateu o sinal para o recreio, aquela velha ia me deixar louca, onde já se viu fazer tantas perguntas?!
Voltando pra classe tínhamos que fazer um desenho do seu melhor amigo ou amiga, nada melhor que desenhar Fred, afinal, ele é meu único amigo. Ao terminar entreguei pra professora, que se assustou um pouco, não sei porque, ficou tão lindo.
Mamãe veio me buscar na saída, chegando em casa ela me deu banho e almoçamos juntas, até que não foi tão ruim o que aconteceu com Sandra, pois serviu para que eu e mamãe nos aproximássemos novamente.
- O que você e Sandra faziam durante a tarde?
- Eu ia lá pra fora brincar com o Fred enquanto ela ficava aqui. - respondi alegre
- De novo essa história de Fred filha?!
- Ele existe mamãe, se você quiser eu te levo no cemitério pra você ver! Ele foi enterrado lá! - ops, acho que falei demais.
- O QUÊ??! Clara, amanhã eu vou te levar em um psicólogo! - mas que droga é psicólogo?
Preferi ficar calada e ir diretamente pro meu quarto.
- Você falou demais! Eu te pedi segredo! Desgraçada! - Fred gritou com uma voz rouca e assustadora e me deu um tapa na cara, doeu muito mas eu sei que mereci.
- Filha, essa voz é sua? Ai meu Deus, o que foi isso no seu rosto?! - mamãe entrou em meu quarto gritando
- Não foi nada mamãe, e eu não ouvi voz nenhuma - respondi fazendo um enorme esforço para não chorar
Mamãe simplesmente saiu com a cara fechada.
- Me desculpe, Fred. - eu disse abaixando a cabeça e fui em sua direção abraçá- lo. E por um momento toda a raiva que ele estava sentindo desapareceu e ele retribuiu o abraço
A tarde passou rápido enquanto eu e Fred brincávamos de casinha( essa ideia partiu dele haha), após um jantar completamente silencioso fui dormir e novamente tive um pesadelo, como no dia em que papai morreu, mas dessa vez era Sandra, Fred batia nela com uma madeira e um prego na ponta. Acordei suada e ao me virar vi Fred na janela, ele disse que estava sem sono, como eu estava com muito sono, apenas me virei para o outro lado e voltei à dormir.
No dia seguinte acordei e fui pra escola, a manhã ocorreu horrivelmente chata e entediante. Na saída mamãe me buscou de carro e seguimos, mas não era o caminho de casa, era um caminho que eu não conhecia.
- Mamãe, nossa casa não é por aqui. - eu disse, acho que ela errou o caminho
- Eu sei, estou te levando ao psicólogo. - ela disse acelerando.
Fiquei quieta encarando Fred que estava ao meu lado.
Chegamos à um lugar parecido com um hospital, a atendente me chamou e entramos em uma sala com uma placa escrita Dr. Euclides, mamãe ficou do lado de fora.
- Olá, Clara. Eu sou o Dr. Euclides - ele disse querendo ser simpático
- Eu sei, eu li na placa. - respondi fazendo pouco caso
- Uau, você já sabe ler. Vi que é uma menina inteligente. Quero que sejamos amigos, sua mãe falou que você tem um amiguinho especial, pode me falar sobre ele? - olhei para Fred que estava parado ao meu lado, ele fez que sim com a cabeça, ou seja, devo contar sobre ele para o psicólogo.
- Ele é meu melhor amigo, está parado aqui do meu lado rindo. - eu disse ainda encarando Fred.
- E do que ele está rindo?
- Ele disse que é da sua cara de otário. - respondi o que Fred me disse.
- Quem te ensinou a falar essa palavra feia?
- Não foi eu que disse, foi o Fred.
- E como é a aparência do Fred?
- Ele tem o cabelo da mesma cor que o meu, olhos amarelos e é pálido, há, e ele é deste tamanho..- eu disse ficando em pé e mostrando a altura de Fred
- Interessante, e você pode fazer um desenho do Fred? - ele perguntou me dando uma folha.
Desenhei Fred com asas negras, que nem no dia que ele me mostrou.
- O Fred também tem asas? - fiz que sim com a cabeça - E por que são negras?
- Eu não sei. Ele me disse que é um anjo, eu acredito, mas é estranho um anjo ter asas dessa cor. A minha babá Sandra disse que em minha casa tem demônios, ela até queria chamar um padre quando Fred ligou a televisão sem tomada.
- Isso da televisão é verdade ou você está inventando?
- É verdade, eu até pediria pra você perguntar pra Sandra, mas ela está no hospital. - eu disse e o tal Euclides ficou me encarando atentamente com seus olhos castanhos
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Desculpem a demora para postar, acho que vou fazer uma narração do Fred, dele narrando um capítulo com os pensamentos dele, o que vocês acham? E mt Obg pelos 4k, sério gente, to mt feliz haha, e olhem que está na foto deste capítulo, sim, o Fred ★† <3
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Fred, o Amigo Imaginário
ParanormalApós um acidente de carro, o marido de Maria fica paralítico, para não passar necessidades os dois resolvem voltar à terra natal de Maria, onde sua filha arruma uma espécie de amigo imaginário, a partir daí, coisas estranhas passam a acontecer...