Ele ficou me encarando por um tempo...
- Vamos brincar? - Ele perguntou estendendo a mão.
- Sim. - Respondi alegre e com um certo medo.
- Eu esperei você por muito tempo, Clara. - Ele disse com um sorriso de orelha a orelha.
- Como você sabe meu nome? Eu não me lembro de ter dito. - Falei um pouco assustada
- Clara, querida... Onde você está? - Minha mãe me gritava da varanda.
- Estou aqui!! - Gritei levantando a mão.
- Eu falei para não vir aqui! Será que não entende? - Ela gritava e a raiva era visível em seus olhos.
- Mas mãe... Eu vim falar com meu am... - Falei tentando me explicar mas papai me interrompeu.
- Que gritaria é essa? - Meu pai chegou empurrando a cadeira de rodas para nos alcançar .
- Eu disse para ela não vir aqui. - Ela gritava novamente.
- Mas eu só estou aqui na frente da cabana, eu não entrei mamãe, eu juro, o Fred sabe que não entrei.
- Quem é Fred? - Meu pai diz preocupado.
- Ele está aqui, bem do seu lado, não está vendo? - Falei apontando.
Meus pais se entre olhavam, sem entender nada. Fred estava com um grande sorriso estampado no rosto.
- Venha, você irá ficar de castigo. - Minha mãe disse, me arrastando para dentro.
Quando chegamos, Fred estava sentado na escada, mas eu ainda não entendia o porquê de eu estar de castigo.
- Mamãe, eu não fiz nada.
- Cale a boca,essa brincadeira não tem graça! -disse a mamãe alterada, eu nunca a vi daquele jeito.
- Calma querida, crianças solitárias como nossa filha costumam inventar amigos imaginários. - Disse meu pai entrando. Não gostei da parte do "solitárias", mas pelo menos isso fez com que minha mãe me largasse.
- Me desculpe, filha, nem sei por que fiquei tão nervosa - Disse ela disfarçando.
Apenas lhe dei um abraço, mas eu não sou tão ingênua, desde quando ela me disse para não entrar na cabana eu sabia que mamãe escondia algo de mim e de papai também.
Ficamos nos olhando, depois ela me mandou ir pro meu quarto brincar lá dentro, fui correndo e Fred me seguiu. Por que só eu conseguia vê-lo? Bom, acho que é coisa da minha imaginação, como disse meu pai.-Clara, você não quer brincar comigo?-disse Fred atrapalhando meus pensamentos
- Como vou brincar com alguém que nem conheço, mamãe me disse para não falar com estranhos. - eu disse, afinal era verdade, eu só sei o nome dele, se é que ele se chama assim.
- Hahahahaha - ele soltou uma risada alta e assustadora. - Você tem razão pequena. - Como se ele fosse muito grande. - Eu me chamo Frederico, mas não gosto desse nome, prefiro ser chamado de Fred, moro aqui há séculos... quer dizer, anos, e só você pode me ver, porque você é hmm...especial.
- Tá, agora sim podemos brincar - falei, já que ele se apresentou
- Eu quero brincar de pique-esconde, você se esconde primeiro. - disse ele animado.
Fred se virou pra parede e começou contar, eu corri e me escondi atrás da porta do meu quarto, que estava aberta, quando ele terminou se virou pra trás e foi me procurar, me encontrou sem nenhuma dificuldade.
- Achei!! - disse ele ao me empurrar com uma certa força que eu até caí no chão.
- Aaiii, Fred!!! - falei chorando
- Me desculpe. - ele falou rindo.
- O que aconteceu, querida? - perguntou meu pai, tentando controlar a cadeira de rodas, que vinha com velocidade até o meu quarto.
- Fred me derrubou - falei limpando as lágrimas que escorriam sobre meu rosto.
- Esse Fred me parece ser um pouco chato, não é? - disse papai rindo e saindo do quarto- Sua mãe está te chamando pra jantar.
- Eu não sou chato! -disse Fred mostrando a língua ao papai.
- Então não me empurre de novo! - falei fazendo beicinho.
Após tomar um banho rápido na minha banheirinha fui jantar, puxei uma cadeira para Fred ao meu lado e ele disse que não comia comida(estranho), mesmo assim se sentou.
Fui dormir cedo, mamãe iria me matricular amanhã, e eu queria ir junto. Fred disse que ia morar comigo e eu aceitei, já que ninguém veria ele mesmo, ele dormiu no chão.************************************
Os capítulos serão postados a cada três dias.
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Fred, o Amigo Imaginário
FantastiqueApós um acidente de carro, o marido de Maria fica paralítico, para não passar necessidades os dois resolvem voltar à terra natal de Maria, onde sua filha arruma uma espécie de amigo imaginário, a partir daí, coisas estranhas passam a acontecer...