Homens sábios dizem
Que só os tolos se apaixonam
Mas eu não consigo evitar
Me apaixonar por você
• Elvis - Can't Help Falling In Love
DORIAN
— ESSA MULHER! — Berrei, batendo a porta da casa de Will com força. — Ela não é normal. Ela é um demônio!
Jane e Jhonny estavam sentados no sofá, observando minha perambulação.
— Qual é a droga do problema dela? Hum? Me diz? Qual é a porra do problema dela?
Jane me olhou com os olhos esbugalhados. Então riu.
— Pode nos dizer de quem estamos falando aqui?
Joguei meu traseiro na poltrona mais próxima e puxei meus cabelos com tanta força que àquela altura eu devia parecer um espantalho.
— Angel. Quem mais? — Apontei para Alex dormindo pesadamente no chão. — O que houve com ele?
— Brigou com o pai outra vez. — Jhonny veio da cozinha, trazendo uma garrafa de cerveja. — Mas conta aí o que aconteceu.
— Parece que a Angelzinha está fritando a cabeça do Leduc. Gosto dela. — Will sorriu.
— Cala a boca, Will.
Jhonny ergueu uma sobrancelha.
— O que ela fez?
— Iniciou um jogo cruel de pura provocação... Eu disse provocação? Não, aquilo é punição! Vocês não fazem ideia do que ela é capaz! Ela... Ela... Ficou me olhando e me cercando com aqueles gestos extremamente provocantes e...
Gesticulei com as mãos, procurando por palavras. O grupo riu.
— Qual é a porra da graça?
— Desculpa, irmão. Mas é cômico, não? — Leo sorriu. — Pela primeira vez uma garota te deixou sem controle. Você até correu.
— Eu não corri!
Sim, eu corri.
— Uma garota fazendo Dorian Leduc tremer? Eu mal conheço essa Angel, mas ela já é minha heroína. — Jane sorriu e gargalhou quando levantei o dedo do meio.
— Alguém pode culpá-lo? Ela é quente como o inferno. — Will suspirou.
— Uma garota gostosa está dizendo explicitamente que quer transar com você. E você aí agindo como se isso fosse um grande problema. — Jhonny riu seco. — No meu mundo isso não é problema, é solução! Apenas jogue o jogo dela.
— Eu deveria, não é? — Arfei, pensando nas coisas que poderia fazer com ela. — Mas eu não posso. Não dessa vez.
— Por quê?
Tinha a promessa de Denise, claro. Mas Angeldisse algo que me incomodou até o amago.
— Ela disse que eu sou fácil. Eu não sou fácil. Absurdo... — Roí a unha do meu indicador. — Vocês acham que eu sou fácil?
Eles me encararam por dois segundos antes de caírem na risada. Leo foi o único que conteve o riso e se limitou em erguer as mãos num gesto solidário.
— Você é um pouco... dado?
Enruguei o nariz, verdadeiramente ofendido.
— Insultado pelo meu próprio rebanho.
— Aposto que você vai implorar antes que ela possa provocar de novo. — Jane zombou com seu narizinho sardento empinado.
— Aposto que será ela que vai implorar. — Jhonny apontou a ponta da garrafinha na direção dela como uma arma.
— Por que você ainda não aprendeu que são as mulheres que ditam o jogo?
— Está dizendo que são as mulheres que mandam, Jane? Até parece...
— Tudo bem, querido. Agora vá buscar outra cerveja para mim porque a minha acabou.
E Jhonny foi, sem perceber que estava fazendo exatamente o que ela mandou. Quando ele voltou, abriu um largo sorriso malicioso.
— Quer fazer uma aposta, ruiva?
— Quem perder paga a cerveja para todo mundo no clube.
Os dois selaram um acordo com um aperto de mão. Arfei indignado.
— Vocês vão mesmo usar a minha vida sexual para apostar por cerveja grátis? Não sentem vergonha?
Eles me olharam culpados.
— Ele tem razão. — Jhonny assentiu.
— Desculpa, Dorian.
— Bom. — Empinei o queixo, satisfeito por obedecerem.
Caminhei até a cozinha, mas dei uma espiadinha e vi todos eles se juntando para terminarem de combinar. Revirei os olhos com tanta força que achei que fossem pular para fora do meu rosto.
Peguei uma cerveja, decidindo ir embora.
— Estou caindo fora!
— Mas você acabou de chegar, irmão! — Jhonny ergueu os dois braços.
— Vocês estão me irritando. Em vez de focarem na minha vida amorosa, deveriam cuidar das suas. Quando vão assumir o namoro?
Os dois eram melhores amigos e se pegavam sempre que podiam, mas nunca assumiam nada. Jhonny riu da minha fala, porém Jane silenciou. Todo mundo do grupo sabia do amor desmedido dela, exceto ele.
— Espera, aquele é meu diário? — Apontei para o material de couro preto embaixo do braço do Alex.
— Você esqueceu aqui. Não vai acordar o cara para pegar, né? — Avancei na direção dele. Leo bufou. — Pelo menos acorda com delicadeza.
— Claro.
Me aproximei do meu querido primo, que ressonava tranquilamente.
— Acorda, desgraça! — Balancei seu ombro com força.
Ele tomou susto e caiu de bunda no chão, olhando para os lados. Ao me ver, contorceu o rosto em uma careta.
— Eu te acordei? Oh, desculpe. Não foi a minha intenção... — Recuperei o meu caderno de composição.
— São que horas? — Alex coçou os olhos com as costas da mão.
— É bem tarde. — Jane sorriu para ele.
— Droga, preciso ir. — Ele pegou seu casaco na cadeira e seguiu meus passos até a porta.
Do lado de fora da casa, nos encaramos por um instante. Alex abriu a boca como se fosse me dizer algo, mas acabou desistindo. Com muito desdém, nós viramos as costas um para o outro e seguimos para caminhos opostos.
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1994 - A canção Memória oculta LIVRO 1 (Privilegiados)
Romance☆ Livro 1 da série Privilegiados: Memórias Ocultas Enviada para passar as férias de verão na casa do pai, Angel Levi não está disposta a conviver com a nova família do homem que desapareceu quando ela tinha nove anos. A garota impetu...