Capitulo 15

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Homens sábios dizem

Que só os tolos se apaixonam

Mas eu não consigo evitar

Me apaixonar por você

• Elvis - Can't Help Falling In Love

DORIAN

    — ESSA MULHER! — Berrei, batendo a porta da casa de Will com força. — Ela não é normal. Ela é um demônio!

   Jane e Jhonny estavam sentados no sofá, observando minha perambulação.

— Qual é a droga do problema dela? Hum? Me diz? Qual é a porra do problema dela?

Jane me olhou com os olhos esbugalhados. Então riu.

— Pode nos dizer de quem estamos falando aqui?

Joguei meu traseiro na poltrona mais próxima e puxei meus cabelos com tanta força que àquela altura eu devia parecer um espantalho.

— Angel. Quem mais? — Apontei para Alex dormindo pesadamente no chão. — O que houve com ele?

— Brigou com o pai outra vez. — Jhonny veio da cozinha, trazendo uma garrafa de cerveja. — Mas conta aí o que aconteceu.

— Parece que a Angelzinha está fritando a cabeça do Leduc. Gosto dela. — Will sorriu.

— Cala a boca, Will.

Jhonny ergueu uma sobrancelha.

— O que ela fez?

— Iniciou um jogo cruel de pura provocação... Eu disse provocação? Não, aquilo é punição! Vocês não fazem ideia do que ela é capaz! Ela... Ela... Ficou me olhando e me cercando com aqueles gestos extremamente provocantes e...

Gesticulei com as mãos, procurando por palavras. O grupo riu.

— Qual é a porra da graça?

— Desculpa, irmão. Mas é cômico, não? — Leo sorriu. — Pela primeira vez uma garota te deixou sem controle. Você até correu.

— Eu não corri!

Sim, eu corri.

— Uma garota fazendo Dorian Leduc tremer? Eu mal conheço essa Angel, mas ela já é minha heroína. — Jane sorriu e gargalhou quando levantei o dedo do meio.

— Alguém pode culpá-lo? Ela é quente como o inferno. — Will suspirou.

— Uma garota gostosa está dizendo explicitamente que quer transar com você. E você aí agindo como se isso fosse um grande problema. — Jhonny riu seco. — No meu mundo isso não é problema, é solução! Apenas jogue o jogo dela.

— Eu deveria, não é? — Arfei, pensando nas coisas que poderia fazer com ela. — Mas eu não posso. Não dessa vez.

— Por quê?

Tinha a promessa de Denise, claro. Mas Angeldisse algo que me incomodou até o amago.

— Ela disse que eu sou fácil. Eu não sou fácil. Absurdo... — Roí a unha do meu indicador. — Vocês acham que eu sou fácil?

   Eles me encararam por dois segundos antes de caírem na risada. Leo foi o único que conteve o riso e se limitou em erguer as mãos num gesto solidário.

— Você é um pouco... dado?

Enruguei o nariz, verdadeiramente ofendido.

— Insultado pelo meu próprio rebanho.

— Aposto que você vai implorar antes que ela possa provocar de novo. — Jane zombou com seu narizinho sardento empinado.

— Aposto que será ela que vai implorar. — Jhonny apontou a ponta da garrafinha na direção dela como uma arma.

— Por que você ainda não aprendeu que são as mulheres que ditam o jogo?

— Está dizendo que são as mulheres que mandam, Jane? Até parece...

— Tudo bem, querido. Agora vá buscar outra cerveja para mim porque a minha acabou.

E Jhonny foi, sem perceber que estava fazendo exatamente o que ela mandou. Quando ele voltou, abriu um largo sorriso malicioso.

— Quer fazer uma aposta, ruiva?

— Quem perder paga a cerveja para todo mundo no clube.

Os dois selaram um acordo com um aperto de mão. Arfei indignado.

— Vocês vão mesmo usar a minha vida sexual para apostar por cerveja grátis? Não sentem vergonha?

Eles me olharam culpados.

— Ele tem razão. — Jhonny assentiu.

— Desculpa, Dorian.

— Bom. — Empinei o queixo, satisfeito por obedecerem.

Caminhei até a cozinha, mas dei uma espiadinha e vi todos eles se juntando para terminarem de combinar. Revirei os olhos com tanta força que achei que fossem pular para fora do meu rosto.

Peguei uma cerveja, decidindo ir embora.

— Estou caindo fora!

— Mas você acabou de chegar, irmão! — Jhonny ergueu os dois braços.

— Vocês estão me irritando. Em vez de focarem na minha vida amorosa, deveriam cuidar das suas. Quando vão assumir o namoro?

Os dois eram melhores amigos e se pegavam sempre que podiam, mas nunca assumiam nada. Jhonny riu da minha fala, porém Jane silenciou. Todo mundo do grupo sabia do amor desmedido dela, exceto ele.

— Espera, aquele é meu diário? — Apontei para o material de couro preto embaixo do braço do Alex.

— Você esqueceu aqui. Não vai acordar o cara para pegar, né? — Avancei na direção dele. Leo bufou. — Pelo menos acorda com delicadeza.

— Claro.

Me aproximei do meu querido primo, que ressonava tranquilamente.

— Acorda, desgraça! — Balancei seu ombro com força.

Ele tomou susto e caiu de bunda no chão, olhando para os lados. Ao me ver, contorceu o rosto em uma careta.

— Eu te acordei? Oh, desculpe. Não foi a minha intenção... — Recuperei o meu caderno de composição.

— São que horas? — Alex coçou os olhos com as costas da mão.

— É bem tarde. — Jane sorriu para ele.

— Droga, preciso ir. — Ele pegou seu casaco na cadeira e seguiu meus passos até a porta.

Do lado de fora da casa, nos encaramos por um instante. Alex abriu a boca como se fosse me dizer algo, mas acabou desistindo. Com muito desdém, nós viramos as costas um para o outro e seguimos para caminhos opostos.

1994 - A canção Memória oculta LIVRO 1 (Privilegiados)Where stories live. Discover now