ANGEL
Abri a porta do quarto do Ed e coloquei a cabeça lá dentro, encontrando o garoto deitado na cama enquanto roncava baixinho.
— Ed? — Como não respondeu, apertei seu ombro. — Você não tem aula de poesia? Vai se atrasar!
Ele grunhiu e puxou o cobertor de volta.
— Me deixe em paz!
Puxei o cobertor de novo e bati o travesseiro na cabeça dele. Edward se sentou, a cara amassada e o cabelo como um ninho de passarinho.
— Que saco! Resolveu pegar no meu pé?
— É muito irritante a maneira rude que tem falado com os outros, sabia?
— Então agora você entende como as pessoas se sentem quando elas falam você.
Eu me virei para encará-lo e coloquei a mão no quadril, verdadeiramente intrigada.
— Acha que essa postura revoltada me assusta? Você tem cinco minutos para ficar pronto.
— Não quero ir para aula hoje.
— Por quê?
Ed deu ombros e ficou me encarando com aquela cara de paisagem.
— Você ainda está chateado? É sobre Dorian?
— Não! — Bufou, ignorando o gosto inverossímil da própria voz. — Não me importo com ele.
— Claro.
— Por que eu tenho que me importar com quem não se importa comigo?
— Dorian se importa. Ele só precisa de tempo.
— Todo mundo só fica repetindo isso, mas ninguém diz o motivo. Tenho a sensação de que todos nessa casa estão me escondendo alguma coisa. — Não respondi. — Está vendo?
Sentei na beirada da cama, tentando achar as palavras certas. No fundo, eu me enxergava nele: a garotinha de dez anos vendo mudanças agrupadas, a ausência e o respetivo questionamento se a culpa de tudo tinha sido minha.
— Eu sei que dói quando uma pessoa que a gente gosta muito vai embora... — Descasquei o esmalte escuro da minha unha. — Mas sabe de uma coisa? Agir como você tem agido é um erro. Eu estive por muito tempo presa na raiva e isso só me fez mal.
— Só não entendo. A casa ficou sombria depois que Dorian sumiu. Ele é como um fantasma assombrando tudo, presente até mesmo na ausência... E não é só isso. A mamãe anda esquisita. Esquisita de verdade, Angel! Eu a vi chorando no banheiro até perder o ar e sei que alguma coisa está acontecendo. Parece até que ela se esqueceu como ser... a minha mãe.
— Não diga isso. Ela daria a vida por você. Você vai saber tudo na hora certa. Denise está passando por um período muito difícil e precisa de toda a compreensão. Principalmente da sua.
— Eu sei.
— Então eu espero que você mude de postura. Sei que o clima está pesado, porém você sempre pode me chamar se quiser conversar. — Ed ficou me encarando por um tempo, meio chocado. — O que foi?
— Você está falando sério?
— É claro que sim.
Quando eu estava prestes a sair pela porta, ele me chamou:
— Posso te perguntar uma coisa?
— Força.
— Você vai encontrar Dorian hoje?
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1994 - A canção Memória oculta LIVRO 1 (Privilegiados)
Romance☆ Livro 1 da série Privilegiados: Memórias Ocultas Enviada para passar as férias de verão na casa do pai, Angel Levi não está disposta a conviver com a nova família do homem que desapareceu quando ela tinha nove anos. A garota impetu...