Capítulo 54 - Parte 4/5 (Lorrayne)

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- NÃO ME DEIXEM AQUI! - gritei. Estava escuro e úmido aqui dentro do poço.

- Vamos tirar ela... - ouvi a voz de Lucy ao longe.

- Ela tem que aprender. Ela não reina aqui. - ouvi Lavínia responder e depois não ouvi mais nenhuma voz.

Encostei a mão em algo mole. Gritei. Eu morria de medo desses insetos nojentos. Tomara que seja só lodo mesmo.

As horas foram avançando e nenhuma voltou para me tirar daqui. Eu estava perdendo as esperanças. Cochilei.


DIA 1

Acabei dormindo encolhida no fundo do poço. A luz do sol entrava bem fraca pela fresta da tampa.

Eu estava morrendo de fome.

Não era possível que elas não fossem me trazer nada pra comer, pensei.

A tampa do poço abriu. Lavínia apontou a cabeça no buraco.

- Já mudou de opinião querida? - ela falou em um tom irônico.

- Ainda não.

- Que bom pra você. Então continuaras aí.

Lavínia jogou um pedaço de pão.

- Não sou tão má assim. - ela falou. - Até mais irmãzinha.

E fechou a tampa novamente.


DIA 2

- Como você está Lo? - Lucy falava pela fresta na tampa. O sol já estava baixo.

- Estou com as costas doendo e um pouco de fome. - respondi com a voz cansada.

- Estou insistindo e estou quase convencendo a Lavínia a soltar você. - Lucy falou esperançosa.

- Obrigado minha flor. - agradeci.

- Lucy saia daí. - Lavínia gritou ao longe.

- Depois eu volto. - Lucy falou rapidamente.

- Tchau. - respondi, mas acho que ela não me ouviu.


DIA 3

- Como papai está? - perguntei a Lana que veio trazer comida.

- Ele continua com as ideias dele, e passa o maior tempo no quarto. Ele perguntou de você, mas dissemos que você tinha ido à cidade.

- Vocês estão sendo muito cruéis comigo. - eu não queria chorar.

- Você pediu isso também.

- Eu pedi? Eu apenas fui contra a opinião de vocês.

- O que já fui o suficiente para a Lavínia te colocar aí. - disse Lana e empurrou a tampa fechando o poço.


DIA 4

Eu já estava no limite aqui dentro. Pensei bem e eu aceitaria o plano delas.

Eu amava meu pai, mais as ideias deles poderiam ter consequências maiores do que ele pensava. Desafiar a Morte não era lá uma boa coisa.

Lavínia como todos os outros dias veio me perguntar se eu havia mudado de opinião. Dessa vez eu disse que "Sim", que concordaria com o plano.

Ela jogou uma corda e com a ajuda de Lana me puxou para fora do poço.

Cerrei os olhos com o brilho intenso do sol. Olhei para as minhas roupas, elas estavam imundas.

Lavínia veio me ajudar a levantar do chão e falei:

- Tire suas mãos de mim. Eu não preciso da sua ajuda. E outra, eu não concordei com seu plano? Deixem-me em paz.

Levantei-me e fui tomar um banho e trocar de roupa, passei marchando por Lya e Lucy.


DIA 5

Hoje era o grande dia, segundo o meu pai.

Lavínia havia nos passado as instruções, quando o portal estivesse aberto teríamos que dizer uma frase três vezes e gritar o nome do meu pai.

Eu ainda não havia perdoado o que Lavínia tinha feito. Mas eu não gostava de guardar rancor, qualquer um que seja.

A noite foi se aproximando e papai estava eufórico.

Afinal eu também ficaria feliz caso minha mãe voltasse, eu a amava, mais as consequências poderiam ser pesadas, segundo Lavínia, poderia ser que no corpo da nossa mãe não voltasse ela mesma, e sim alguma outra alma perdida.

Encontrávamos em frente ao tumulo de minha mãe.

- Vocês devem invocar os seus poderes. Usem sua força.

- Pode deixar que usaremos, papai. - Lavínia falou.

- Deem as mãos. - ele ordenou.

E assim foi feito. Meu pai ficou no centro do circulo.

Olhei para o rosto de cada uma e em nenhum transpassava medo, acho que só eu me sentia assim.

Ele abriu o livro. E começou a dizer umas palavras. Desta vez elas tinham uma sonoridade diferente.

O poder passava, transpassava e transbordava pela gente.

Um portal em forma circular se abriu em cima das nossas cabeças. Era como olhar para um céu estrelado.

- Deu certo! - meu pai se regozijava. - LEKASTIA! LEKASTIA! - meu pai começou a chamar.

- AGORA! - Lavínia gritou.

Começamos o mantra:

"SERÁS LEVADO, OH FILHO DAS TREVAS, 

SERÁS BANIDO, PARA O OUTRO LADO.


SERÁS LEVADO, OH FILHO DAS TREVAS,

SERÁS BANIDO, PARA O OUTRO LADO.


SERÁS LEVADO, OH FILHO DAS TREVAS,

SERÁS BANIDO, PARA O OUTRO LADO."


Dissemos a frase três vezes e gritamos o seu nome:

"ZAMARIAN!"

Um redemoinho o sugou para dentro do portal. E se fechou logo em seguida.

Lavínia falou:

- Adeus papai. - nós havíamos conseguido afinal.

CINCO: o despertar (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora