Capítulo 20- Tudo que disser poderá ser usado contra você...

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Esperávamos sentados em uma pequena sala, após termos sido vistos por uma das vitimas do assalto no intuito de reconhecimento, que não ocorreu é claro.

___Que vocês fizeram! Exclamou nossa professora ao adentrar na sala, eu pondo me  de pé.

____Ótimo, agora podemos ir. Disse rumando à porta, mas fui impedido por ela que segurou meu braço.

____Devagar ai mocinho, seus pais já foram avisados e vocês vão com eles. Afirmou

___Porque já descobriram que não temos nada haver com isso... Comecei, mas fui interrompido.

____Em primeiro lugar vocês não deviam estar na rua há essa hora ainda mais sem minha permissão, não sei se perceberam, mas isso é uma viagem escolar. Repreendeu hipócrita, mesmo por que de escolar ou educativa essa viagem não teve nada.

____Nossa professora sua pele esta com um tom bonito... Comecei mudando de assunto.

___Hã?... Obrigada fazia tempo que queria pegar um bronze, mas... Respondeu interrompendo se ao reparar minha sátira em alusão à suposta viagem "escolar". ____Vai sentar Pither você me irrita. Mandou, tentando esconder a vergonha.

Lancei-me novamente sobre a cadeira conformado, porém Patrícia parecia estranha ,  não conseguia identificar sua expressão, mas não era promissora.

___Então quem você matou? Perguntei irônico quebrando o silêncio, mas a loira não ergueu os olhos para me encarrar, permaneceu parada, com as mãos sobre o colo apertando as mangas do meu casaco muito grande para ela.

Desisti de tentar puxar conversa mesmo que uma ponta de mim ainda estivesse curiosa para saber o que afinal ela tinha feito para ser presa. Ficamos mais alguns minutos esperando em silencio completo quando finalmente um policial adentrou a sala sendo acompanhado por meus pais e por mais um senhor que deduzi como sendo o pai de Patrícia.

____Independente do que tenha feito, não diga nada tudo que dizer poderá e será usado contra você no tribunal, mas não se preocupe seu pai tem um amigo advogado. Afirmou minha mão, vindo apressada até mim, demonstrando toda sua "confiança" em minha inocência além também de que andava assistindo muita televisão.

____Anita já explicaram que foi um mal entendido. Disse meu pai revirando levemente os olhos em resposta ao exagero da minha mãe. Enquanto conversavam votei meus olhos para cena ao lado, Patrícia permanecia sentada com a cabeça baixa enquanto seu pai, que sinceramente me parecia um homem bem assustador agora visto de perto, conversava com um dos policiais.

Depois de algum tempo fomos liberados, e tanto meus pais quanto o de Patrícia decidiram nos levar para casa um dia antes do retorno programado para nossa viagem escolar, fomos até o hotel pegar nossas coisas minha mão olhando impressionada o luxo do lugar,  julgando que valeu a pena o dinheiro que pagou para que eu estivesse ali. 

Subi apressado até meu quarto e em parte estava satisfeito afinal não teria que retornar em um ônibus quente com meus irritantes colegas que adoram cantar, mas Patrícia não parecia nenhum pouco feliz e sim o estremo contrario disso, ela e seu pai que não vi lhe dizer uma palavra desde que chegou, entraram em um luxuoso carro preto que partiu sendo guiado pelo chofer.

(...)

Assim que adentramos subi direto para meu quarto e me joguei sobre a cama, pensei que nunca diria isso, mas como é bom estar em casa, dormi quase que imediatamente mesmo que algumas interrogações sem resposta ainda dessem voltas em minha mente.

Acordei cedo e assim que adentrei a cozinha senti minhas pernas serem agarradas.

____Pither! Exclamou Julia que havia dormido na casa de uma vizinha para que meus pais pudessem me buscar.

____Olá baixinha. Cumprimentei pegando a no colo retornando a caminhar 

____Estava com saudade. Disse cutucando meu cabelo com uma das mãos a outra estando apoiada em meu ombro.

____Sentiu mesmo saudade? Perguntei retorico colocando à sobre uma cadeira a mesa onde meu pai já estava, minha mão nos observando da cozinha.

____Não sei mamão me mandou dizer isso. Contou inocente antes de virar se para pegar uma bolacha sobre a mesa, me fazendo  rir. Com certeza senti falta dessa pirralha.

Era domingo e por sorte meus parentes não apareceram em casa, acho que minha mão não queria que soubessem que fui preso, passei toda manhã no quarto tentando ler, mas Julia me impedia decidida  a me contar como havia sido sua semana sem mim.

Tentei me distrair, mas por algum motivo ficava pensando em Patrícia, uma preocupação infundada me deixava inquieto, afinal minha mão que é realmente exagerada não deu muita importância para o ocorrido então porque os pais de Patrícia dariam, mesmo que ela já tivesse passagem pela policia dessa vez não foi culpa dela então para que se preocupar? 

 Voltei meus olhos para o relógio e o mesmo marcava duas e meia da tarde, decidi então ir à casa da loira para ver se estava tudo bem, não que eu me importe, mas só porque não tenho nada melhor para fazer.

(...)

Após caminhar por cerca de seis quilometro, sendo essa a distancia do ultimo ponto de ônibus, pois ninguém que mora-se naquele bairro precisaria de um, finalmente cheguei à casa de Patrícia parando em frente ao grande portão onde toquei a campainha. 

Não costumo ser curioso, mas toda essa situação estava realmente me deixavam intrigado, e agora havia decidido tirar essa historia a limpo...



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