CAPÍTULO V A TENTATIVA DE ASSALTO

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Enquanto Dilce começava a lavar as panelas, seu Mário foi-se lentamente andando rumo à feira novamente. Outra vez consumido por seus pensamentos sobre a jóia. Ia procurando tatear as coisas na expectativa de não esbarrar em alguém, ou mesmo cair. Com algum sacrifício acabou chegando à porta lateral do Mercado Municipal. No caminho havia pisado o pé de uma mulher gorda que esbravejou com ele e chutado um cachorro. Encostou ali na parede onde sentia que o sol era ameno e ficou.

Caíque viu o avô e mansamente caminhou até a ele. Ficou ao seu lado em silêncio para ver se o velho dava conta de sua presença, mas seu Mário que neste momento ainda procurava organizar as idéias somente reparou no vulto que encostara ao seu lado, sem, contudo, distingui-lo. O intuito do menino era claro. Queria ver se arrancava de seu Mário mais um troco. Não pediria, pois sabia que se o fizesse seria negado. A idéia era pôr a mão no bolso do avô e conseguir alguma nota. Sabia que não usava carteira e tinha por habito deixar solto o dinheiro no bolso. Desta maneira já havia duas ou três vezes conseguido tirar dinheiro do homem. E quando ouvia seu Mário reclamar que havia sido roubado era o primeiro a dizer que ele estava esclerosado e que era possível que tivesse gastado e nem se lembrava. Esperou a hora certa e arremeteu contra o bolso, tinha que ser sutil e rápido. Quando sentiu um metal semelhante à forma de anel na calça do avô tentou tirar com pressa a mão, mas já era tarde. Desta vez, seu Mário teve os reflexos de um gato e agarrou a mão do pequeno larápio que deu um berro e saiu correndo.

Seu Mário, ainda assim, não conseguiu identificar de quem se tratava. Assustado, foi para casa. Achou Dilce preocupada com o sumiço do sogro.

- Onde se meteu, Seu Mário? Sumiu de repente.

- Dilce, tu sabia que tentaram me roubar, agorinha, aí na feira? Disse ele ainda com a voz trêmula.

-Arre! E é? Mas também não é bom que o senhor fique dando mole por aí... A molecada sabe que o senhor não enxerga bem e tenta se aproveitar...

-Já falei, enxergo tudo o que preciso...

Dilce balançou a cabeça desdenhando do sogro e foi se sentar na rede com Raimundo.

Outra vez seu Mário passou a mão no anel e pensou no que fazer. Quando lembrou que se tratava de uma jóia de muito valor que tinha em seu poder sentiu um calafrio ao ver o risco que correra há pouco. Precisava de um lugar seguro para depositar a jóia. Ali dentro de casa não era o ideal. Dilce, que vivia a arrumar a casa poderia encontrá-lo, e aí tudo estaria arruinado. Tinha que dar um jeito.

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