I - o dia que eu preferia ter morrido

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O sol surgiu entre as montanhas, fazendo-me levantar e ir direto ao banheiro. Tomei um banho lento, aquela dia não seria um dos melhores dias.

A manhã estava mais gélida e mórbida que o normal, na sala de jantar minha irmã tomava um café em silêncio ao lado de seu "querido" marido. Minha mãe não havia descido para se juntar a nós naquele café da manhã nada animado. Comi apenas uma torrada e tomei uma xícara de café, não estava com muita fome naquela manhã.

— Daniel, você precisa ir — minha irmã disse cuidadosa. — Mamãe pediu para você arrumar as malas pois vocês irão partir hoje, pela manhã ainda.

Meu coração foi para o chão. Hoje. Vou ter que deixar tudo para trás. Corri para o quarto de meu pai e comecei a revirar seu closet, pegando coisas que tinham algum significado para mim. Como o smoking que ele usou em seu casamento, um relógio de bolso, o seu livro de romance predileto, Orgulho & Preconceito, e, por último, procurava alguma foto para mantê-lo em minha mente. Acabei caindo nessa tentativa e, embaixo de todos os smokings e calças, havia uma rosa em um recipiente de vidro, era como se ela brilhasse. Atraído por isso, peguei-a e corri de volta ao meu quarto.

Foi difícil, mas felizmente consegui pegar a maior mala que eu tinha. No fundo falso coloquei os pertences de meu pai, logo após arrumei com minhas melhores roupas, dois pijamas e roupas íntimas, peguei todos os pertences que precisaria em uma viagem e claro, todo o dinheiro que havia guardado durante dois anos. Caso fugisse teria como me manter por um tempo, eu esperava.

Deixei o dinheiro no fundo falso. Ouvi um barulho estranho vindo da entrada de casa, espiei pela minha janela e vi um carro diferente, minha mãe desceu logo após o homem gorducho, a mesma esbanjava um largo sorriso.

Que tipo de mulher fica tão feliz com a morte do seu marido? pensei irritado. Não havia nem um mês que ele havia partido.

Assim como a mesma queria, desci rapidamente com a mala e a aguardei na sala de estar. Minutos depois ela entrou, seus olhos pousaram sobre mim e seu humor mudou.

— A onde está Sophie? — perguntou com desdém.

— Provavelmente a caminho da casa de seu marido — coloquei-me de pé e ela se aproximou. — Você sabe que está tomando decisões erradas, não é? — de imediato senti um forte tapa no rosto. Calei-me.

Recebi ordens para ir até o carro, de acordo com ela eu partiria primeiro junto com meu novo tutor. Com os olhos cheios de lágrimas sai de casa, passei pelo barão sem dizer nada e entrei no carro, me deparando com um senhor de idade, o mesmo sorriu a me ver.

— Bom dia! Sou Alfred, prazer — ele estendeu a mão, contragosto eu apertei.

— Daniel, prazer.

Após estas palavras virei meu rosto para a janela e observei a estrada, o caminho foi longo e entediante. Não troquei uma palavra sequer com o tal Alfred, que não parecia nenhum pouco incomodado. Paramos em frente ao um porto, o cheiro me causava náuseas. Não entendi o porque de ter que usarmos navios, já que não iríamos para nenhum continente diferente.

Ao descer do carro peguei minha mala e segui Alfred, teríamos de viajar em um daqueles navios nojentos. Aquilo não me encorajava muito, meu pai sempre me proporcionou o melhor. Ao entrar no navio quase desmaiei, as condições de vida naquele lugar era horrível. Torci ao nariz ao passar por alguns tripulantes.

Fera (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora