IX - Carpe Diem

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Caissy Natucci
Dia sete de fevereiro
Lumsden, Saskatchewan, Canadá.

Sentei-me na cama com o coração acelerado, tudo acabara de desabar. A parte inteira de meu coração havia se partido em mais um milhão de pedaços. Minha respiração estava descontrolada, como era possível? Eu nem mesmo havia assinado algo.

Fui até meu banheiro, abri a gaveta do gabinete e peguei meus calmantes. Sem me importar com nada e ninguém, tomei parte das pílulas que lá estavam. Em segundos me sento tonta, cambaleei até a cama, cai sobre ela com lágrimas no rosto e o coração lutando para continuar batendo rapidamente.

[...]

Acordei sobre uma cama diferente, olhei em volta, minha visão continuava um pouco tremida. Sentei-me lentamente, tentando decifrar onde estava.

As paredes eram brancas, havia uma cômoda em frente à cama, era de uma madeira maciça assim como as portas, em cima da cômoda estava uma televisão. Levantei-me confusa, abri a cortina e logo fui cegada pelo céu nublado, abri a porta francesa e fui para a sacada, à neve tinha sido tirada há pouco tempo. Olhei para o quintal, um senhor acabara de sair da estufa com duas rosas nas mãos. Não o reconhecia, mas logo ele me viu e se apressou.

Voltei para o quarto, fechando tudo novamente. Fui ao banheiro, não sabia como, mas meus pertences estavam lá. E organizados. Escovei os dentes e lavei o rosto, não me recordava do que havia acontecido exatamente. Sabia sobre um casamento, tinha flashes de estar em um carro e chegar a uma mansão, talvez fosse do meu marido.

Voltei à cama, o edredom branco me passava calma. Observei mais e achei outra porta, logo entrei e era um closet. Minhas roupas estavam penduradas e em todas as gavetas. O que estava acontecendo? Troquei a minha roupa, colocando uma meia calça, um vestido bege totalmente colado no corpo, saltos beges e um overcoat camurça rosa claro. O espelho mostrava que estava bonita por mais que me sentisse mal.

— Srta. Natucci? — Ao ouvir isso inúmeros flashes atingiram minha mente. Os calmantes que tomei. O casamento. Ross me deixando.

Sai do closet, o Senhor Castellan estava diante a porta, cauteloso. Ele sentou-se na poltrona ao lado da cômoda, não dei um passo sequer.

— Como se sente? Bem? — Concordei. — O café da tarde está sendo servido, pode se juntar a nós, se sentir confortável.

Ele saiu, eu pensei por uns instantes. Eu precisava conhecer a casa e com quem iria morar. Sai do quarto me deparando com uma cerca de ferro, caminhei até lá, havia um enorme lustre de cristal em espiral. Havia duas escadas, uma de cada lado da cerca, fui pela direita e desci lentamente. A escada, que assim como chão, era de mármore branco, havia vários quadros antigos e os restos dos detalhes eram em dourado e cristal. A casa era simplesmente esplêndida.

Na sala de estar, havia um enorme sofá em L e uma poltrona, a lareira estava acesa, havia duas portas ao lado da mesma, fui pela direita, segui reto no corredor e no final havia uma abertura em U dando na cozinha e, novamente, ao lado direto havia uma abertura em U muito maior, dando na sala de jantar. Senhor Castellan estava lá junto de uma moça negra extremamente bonita.

— Nossa. Você é muito bela. — Ela se levantou ao eu entrar no ambiente, sorri timidamente, o coração acelerado.

— Você também e muito mais. — Sentei-me, ainda sorrindo. — Boa... Tarde? — Ela concordou. Senhor Castellan lia seu jornal tranquilamente. — Desculpe-me, mas o que aconteceu?

— Sua dosagem de calmantes foi extremamente forte e você ficou apagada por uns dois dias, mas nada grave. O médico da família te visitou durante todos eles, aliás, ele virá hoje mais tarde. — Ela disse gentilmente. — Coma, eu preparei tudo, não sabia o que gostava.

Fera (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora