II - preciso seguir em frente

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Caissy Lee Blak
Dias atuais

Entrei correndo no cemitério e caí diante a lápide dela. Acabei-me em chorar, tudo estava tão ruim desde que ela se fora. Meu pai se tornara um completo idiota por uma mulher gananciosa, minhas irmãs perderam qualquer vestígio de bondade que poderia haver e eu estava me apaixonando pelo meu melhor amigo, porém o sentimento não era recíproco, o que me matava aos poucos.

— Você faz falta, mãe — enxuguei as lágrimas e me levantei rapidamente, fazendo tudo girar.

Comecei a andar em direção à saída. Lembrei-me que teria que comparecer a uma festa, a festa de Christian Digori, o cara mais ridículo da cidade. E como se enturmar faz parte da coisa que meu pai chama de "superação" eu estava sendo obrigada a ir. Perdida nesses pensamentos, sem prestar atenção ao redor, esbarrei em um homem.

— Me perdoe, eu estava distraída — o ajudei a pegar algumas sacolas que caíram no chão.

— Tudo bem, minha jovem — ele sorriu e saiu andando. — Espero que consiga superar tudo isso que está passando.

Eu nunca havia visto aquele homem na cidade. E sendo uma cidade pequena todos conhecem a todos, era estranho haver forasteiros entre nós e ainda mais estranho ele saber sobre algo. Tive de me apressar, já havia perdido muito tempo, ainda teria de pegar meu vestido e passar na casa de Jen.

Passei quase que correndo em frente à loja da Helen, a pessoa mais incrível que eu já conheci.

— Bom dia, Helen! — sorri sem fôlego.

— Bom dia, minha menina — ela ajeitou seu cabelo. — Ficou sabendo quem voltou? — neguei. — Zac — parei de imediato, todos meus pensamentos foram para o além.

Ele estava de volta. A pessoa que eu pensava que amava voltou para cidade. Eu não acreditava que isso havia acontecido. Vi Helen  gargalhando, não disse mais uma palavra e continuei andando, sem me preocupar mais com as horas. Parecia que tudo estava diferente com a simples notícia que ele estava lá.

Ao chegar à loja de roupas, me deparei com o próprio Christian Digori. Uma mulher arrumava seu smoking, enquanto ele tentava arrumar seu cabelo loiro, que eu minha opinião já estava impecável.

— Oi.

— Olá Chris — tentei não ser grossa, possuía certa aversão a ele.

— Hum, você vai à festa hoje? — ele tirou o smoking, a mulher fez uma expressão desgostosa.

— Creio que sim, por quê? — continuei andando até o balcão e ele veio atrás.

— Suas irmãs irão?

Ele havia acabado de fazer a pergunta mais estúpida do mundo: se minhas irmãs iriam a uma festa dada por ele. Era óbvio que sim!

— Você está de brincadeira? — revirei os olhos. — Não há motivos para elas não irem.

— Verdade. Elas me ajudam tanto...

— Defina ajudar — paguei pelo meu vestido vermelho que estava reservado no balcão.

— Elas fazem tudo que eu preciso, sempre estão lá.

— São quase submissas a você? — revirei os olhos caminhando para a saída.

— Exato. E é assim que deve ser não é? — ri de escárnio.

— Não é bem assim... — ele arqueou as sobrancelhas. — Você é um homem primitivo, Christian.

— Primitivo? — ele indagou, incrédulo pelo fato de eu ter o chamado assim. Apenas sorri e sai da loja.

[...]

Fera (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora