XVIII - Eu falhei.

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Daniel

A luz do luar iluminava sua pele e ressaltava seus olhos brilhantes. Era lindo observa-la.

— Eu prometo nunca lhe abandonar — sussurrei contra seu pescoço.

— Sempre e para sempre, certo? — o brilho de seu sorriso era de causar inveja para lua. Concordei.

— Eu vou te proteger. Sério. Não deixarei nada de ruim lhe acontecer.

— Talvez seja mais fácil eu fazer isso, não acha? — ela zombou e abraçou-me.



Acordei assustado, olhei em volta a procura dela. Não havia ninguém. O sol já se escondia ao horizonte enquanto eu voltava para casa. O motorista não falava muito e meu segurança quase dormia encostado no próprio ombro. Nas últimas semanas houve inúmeras reuniões sobre diversos assuntos urgentes que foram esquecidos enquanto eu não estava na administração da empresa, quase que não tive tempo para pensar sobre minha vida pessoal naqueles dias, eu estava realmente entretido com os negócios. Portanto todas as vezes que voltava para casa, o longo e branco caminho me lembrava dela. Aquela que estava tão longe, mas tão perto ao mesmo tempo. Não conseguia encara-la ou dirigir alguma frase decente a ela.

Stan sempre dizia que eu compreendi as coisas da forma errada, que eu deveria ir falar com a mesma, todavia por que ela não falava comigo? Eu sabia que aquela mulher evitava todos os cômodos que eu estava ou até mesmo passar ao meu lado. Porém eu não estava mais conseguindo controlar/esconder tudo que sentia, a dor em meu peito por não tê-la e o amor. Por mais que alguns acontecimentos havia nos afastado eu jamais deixaria de ama-la. Droga, eu realmente deixei me apaixonar de novo, me permiti amar com este pensamento fechei meus olhos, tentando lembrar-me de cada detalhe do pequeno e perfeito rosto.

— Senhor — levantei meu olhar, o guarda apunhalava sua arma com rigidez. Estávamos parados no portão de minha casa. — Há algo errado. Não saía do...

No mesmo instante, sem bem mesmo hesitar ou deixa-lo terminar a sentença, sai do carro. Subi as escadas da entrada principal com pressa e me deparei com a porta entreaberta, entrei sem fazer ruídos.

Silêncio e mais silêncio.

Corri para os outros andares, a fim de checar como as coisas estavam por lá. A porta de meu aposento estava trancada como eu havia deixado, suspirei aliviado. Lembrei-me de que a porta dela ficava ao final do corredor, fraquejei. E então ousei olhar para á porta que se encontrava aberta. Naquele momento minhas pernas tremeram, senti o ar indo embora dos meus pulmões aos poucos, sabia que não poderia mais correr. Cambaleei até o local tendo como apoio as paredes, ao chegar perto me segurei no batente e fechei meus olhos, não queria ver o pior. Minhas pálpebras se levantaram lentamente, foquei-me em sua cama: ainda se encontrava bagunçada, suas pantufas não estavam à vista. A porta do closet estava entreaberta significando que ela passou por lá. Adentrei no quarto encontrando um Stan esfaqueado e, infelizmente, eu sabia o que significava o guarda particular de uma pessoa estar quase morto na porta de seu quarto, a partir daquele momento foi como se eu não sentisse mais nada. Estava entorpecido. Cego.

Desci as escadas o carregando, o deixei junto de outros feridos os quais meu segurança havia socorrido. Várias ambulâncias chegavam junto de paparazzi's-um bando de enxeridos-. Ajudei os feridos sem questionar nada, apenas agi no automático. Não poderia fraquejar na frente de todos, tinha de ser a figura forte que eles esperavam.

— Isso foi algum tipo de atentado? Alguém morreu? Querem te ameaçar? — fora a pergunta de um paparazzo. Não olhei para o lado apenas segui até a ambulância o ignorando.

Eu simplesmente não sabia a resposta para as perguntas. Ninguém havia sido morto e o único que estava realmente machucado era Stan, o que deixava mais claro as intenções de seja lá quem for que havia invadido a mansão. Estavam la atrás exclusivamente dela.

Voltei para dentro, pois, finalmente, a última ambulância havia partido, tranquei a porta e encarei todos os presentes.

— Podem voltar aos seus serviços normais. Asseguro-lhes de que isso não voltará a acontecer — passei a mão na minha nuca. — Tudo ficará bem.

O hall de entrada foi se esvaziando aos poucos, dispensei meu segurança -o qual pareceu muito zangado- e eu sobrei no aposento. Levei uns minutos até absorver cada detalhe, eu não protegi todos como sempre aparecia nas manchetes, eu havia perdido uma pessoa muito importante, eu não havia conseguido nem mesmo demonstrar remorso ou dor. Eu me desliguei para poupar-me do sentimento esmagador de culpa e dor. O sentimento de perder alguém e não saber o que fazer para recuperar esse alguém. Eu fui covarde.

— Ele também sumiu, Daniel, Alfred também sumiu — Srta. Johansson estava no cômodo também.

— Eu perdi os dois de uma vez só.

— E-eu acho que ele possui certo envolvimento nisso — ouvi um soluço. Era óbvio que ela choraria, o amava. — Lembro-me de ouvi-la gritar desesperada pedindo por socorro, ela chamou-me, te chamou também e nós não estávamos lá. E-e então foi seguida pela risada dele, uma risada sem vida e amarga logo após o silêncio predominou. Os gritos dela ainda ecoavam pela casa, era agonizante...

— Basta! — berrei. De longe era a pior coisa que ouvira aquela mulher dizer.

Um nó se formou em minha garganta, minhas lágrimas rolavam sem medo, meus pelos estavam totalmente úmidos. Não aguentava mais segurar.
Eu havia fracassado.

Seu rosto sorridente iluminava minha mente, ela era a rosa mais bonita do jardim, por mais que lhe faltasse algumas pétalas por conta de seu passado árduo, mas continuava sendo a mais bonita e, obviamente, a mais doce e delicada. Eu lutaria até o fim para tê-la ao meu lado e faze-la feliz. Nem que isso fosse a minha ruína. Porém, por hora, eu havia falhado. Eu falhei com o meu amor. Falhei com a Caissy.



É o fim pessoal, mas não se preocupem terá outro livro. Espero que tenham gostado, sério. Este é o meu maior projeto e o que eu mais amo <3 então é isso, até o próximo livro. amo vocês e obrigada pelo suporte.

Fera (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora