XIV - Alaska?

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Daniel Natucci

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Daniel Natucci

Estava perambulando pela casa durante a madrugada, reconhecia cada canto sem esforço. Passei pelo andar o qual estava o quarto de Caissy, a pequena e bela Caissy.
Uma mulher extraordinária, nunca havia visto igual. Não digo por beleza física, que era maravilhosa, mas a personalidade incrível. O modo em que tentou ver o lado positivo e não sofrer, tentar ser a melhor possível e muito confiante de si mesma. Isso era tão atraente, além do fato de não me tratar com indiferença por minha aparência, o que me deixava ainda mais encantado.
Foram apenas três meses para me apaixonar por ela. Fazia anos que eu não sentia aquilo, aquele sentimento estranho e grandioso, que só crescia. Era sufocante não conseguir dizer tudo isto a ela.
Parei em frente a porta, iria acorda-la para vermos as estrelas, portanto ouvi barulhos de cascos no andar de baixo. Desci cautelosamente e me deparei com uma criatura mais horrenda que eu. Cabeça de cavalo, asas de morcego e cascos, uma mistura curiosa. A criatura logo me atacou, não tive tempo para pensar, fui para o quintal, onde espanquei a coisa. Contudo os amiguinhos dela me aguardavam. Cada vez que pegava um, ia mais fundo na floresta e mais longe da garota.

Finalmente parei, muito longe de casa, conseguia ver o mar e a lua refletida sobre as águas geladas. Suspirei derrotado, parte das criaturas fugiram e eu não havia entendido o porquê delas estarem em minha casa. Virei, Alfred e Srta. Joahnsson me olhavam, ofegantes e com alguns machucados. Meu coração acelerou junto de meu estômago se revirando.
— Vocês a deixaram? A deixaram sozinha depois de magicamente essas coisas...
— Diabos de Jersey. — Srta. Johansson disse. — As criaturas. — Deu de ombros.
— Que seja! Vocês a deixaram, droga! — Exclamei grosseiramente. — Além de que... — Pensei sobre o feitiço de distância, ela iria morrer se não voltassemos no tempo correto.
Alfred entendeu no que pensei e em segundos desapareceu. Sem pensar comecei a correr, meus pelos se bagunçavam e voavam com a velocidade. Sentia meus olhos se encherem de lágrimas a todo momento, tentava afastar os pensamentos negativos. Chegaria na mansão e ela estaria deitada sobre seu colchão enrolada em seus cobertores, radiante como sempre.
Cheguei na cidade enquanto amanhecia, não conseguia ver, tudo estava embaçado. Cansaço me dominava, junto da fome e preocupação. O caminho até minha casa fora tanto entediante, estava sendo consumido pela culpa.
A cidade estava em completo silêncio, dando a impressão que tudo estava em ordem. Ao me aproximar de casa, ouvia barulho de jatos de água e inúmeros murmúrios. Pedi para tudo que fosse mais sagrado que não fosse em minha casa, quando passei pelo corredor pude ver o caminhão dos bombeiros. Droga.
A casa da Srta. Johansson estava intacta, entrei pelos fundo e encontrei a própria debruçada sobre os braços soluçando. Meu coração se apertou, o pior estava por vir.
— E-ela...
— Oa bombeiros disseram que tentaram salva-la, mas o fogo engoliu tudo. — Ela engasgou em meio a tantas lágrimas.
Não disse nada, apenas me afastei. Eu não poderia ter perdido o meu amor, não para isso, não para descuidos. Eu era durão, mas ainda sim lágrimas escorreram, muitas delas. Fiquei em um canto da casa, ponderando sobre Caissy. Seu sorriso espontâneo não saía de minha mente, tornando tudo mais difícil.
— Oh, Daniel. — Srta. Johansson afagou meus pelos.

Horas mais tarde consegui falar com Alfred, ele disse que acalmou os policiais, dizendo que os Natucci estavam viajando, eliminando as hipóteses dela estar morta. Contudo ele parecia triste, o que mostrava que as coisas estavam realmente errado. Eu não poderia simplesmente perde-la e não havia sentido diabos de Jersey estarem em minha casa, tão longe de casa deles.
Alfred decretou que teríamos de fazer rondas pelo perímetro para checar que tudo estava bem. O primeiro turno seria dele, o segundo de Johansson e o último meu, de acordo com ele eu precisava de "uma noite bem dormida e um momento para o luto". Tolisse.

[...]

"Sua vez" Srta. Johansson me acordou com essas palavras, teria de fazer a ronda, porém não estava disposto. O luto e a culpa me consumiam, eu a queria aqui, do meu lado.
Levantei contragosto e sai mau humorado. Entrei em minha casa, tudo estava negro e cheirava a queimado, obviamente. Não ousei subir as escadas, era arriscado demais. Sai peood os fundos, minhas rosas haviam morrido junto do resto das minhas esperanças. Encarei as árvores com o sentimento de solidão, era como se uma parte, grande parte, de mim faltasse.
Durante o percurso na floresta, vi que adorava ainda mais a natureza, alguns traços lembravam-me Caissy, como a neve ou movimento ágeis e graciosos de árvores balançando ao vento. Até que fora relaxante fazer a ronda, me ajudou a pensar em uma proposta feita por Alfred noite passada.
Ele sugeriu que eu assumisse a empresa de meu pai e todas as obrigações e responsabilidades. Além de voltar ao castelo no Alaska, que era extravagante ao extremo.
A mídia sobrenatural iria estourar com isso, eu odiava essas coisas. Fazia dois anos que havia me afastado, dado um tempo a minha cabeça.
Parei de imediato ao ouvir uma respiração pesada, quase forçada. Comecei a seguir o som. Encontrei uma criatura pequena, caída no chão com inúmeros arranhões, parecia sentir dor. Peguei-a, o calor do meu corpo pareceu faze-la sentir-se bem. Ccorri até a casa, ao parar contemplei seu rosto delicado. Aquele pequeno e belo rosto. Era Caissy.
Entrei na casa desesperado, estava muito aliviado de te-la encontrado viva, mas ainda sim muito preocupado. Caissy estava machucada por minha causa.
Coloquei-a sobre o sofá e segurei seu braço, tentei passar o máximo de minhas energia a Caissy, seus olhos não se abriam, enrolei-a em um cobertor e a deixei perto da lareira. Não sai de seu lado nem por um instante.
— Isso que acontece quando certos segredos são revelados. — Murmurei irritado para Srta. Johansson.
— Foi a melhor decisão que você tomou, Daniel. Aprenda a lidar com as consequências. — Ela deu as costas. — A garota lhe faz bem e você sabe o que ela será na sua vida futuramente.
Pensei, o que ela estava querendo dizer com a última frase?

[...]

— Daniel? — Ouvi uma voz falha e feminina, abri os olhos imediatamente. Tudo estava embaçado, mas eu sabia que era ela. — Pensei que tinha me abandonado... Pensei que tinha morrido...
— Não, não. — Abracei-a. — Eu jamais faria isso contigo. Oh, querida... Estou tão feliz em te ver melhor.
Perguntei o que havia acontecido com ela, a mesma contou tudo nos mínimos detalhes, mesmo que a assustasse. Pensei em quem poderia ter invadido a mansão e feito aquilo conosco, quem fosse havia planejado tudo perfeitamente. E não só o ataque, como o casamento e com quem, tudo. Era incrivelmente assustador. Portanto eu era um Natucci, sempre tinha grandes problemas e vencia eles.
A deixei dormindo e fui ao térreo, Alfred se encontrava lá, conversando com Srta. Johansson sobre algo que envolvia meu nome. Ao chegar, o assunto cessou-se, olhei-os desconfiados. Consegui espiar o mapa que Alfred mostrava a ela e, no mesmo momento, entendi o que ele queria.
— É arriscado demais, Caissy estaria em um perigo maior.
— Poupe-me, Daniel. Você vem adiando isso por medo, só que no fundo sabe que é o melhor a se fazer. — Alfred bateu as mãos na mesa, fazendo Srta. Johansson pular. — Ela estaria mais protegida em sua mansão, uma fortaleza de mármore no meio do gelo e com seus grandes guardas.
— Até parece, os maiores ataques ocarrem por lá... — Johansson sibilou.
— Quando meu pai cuidava disso, tudo dava certo e ninguém nunca feriu eu ou minha família enquanto ele estava vivo.  Expirei contragosto. — Seria um grande feito e uma responsabilidade esmagadora. — Alfred concordou, mas eu sabia que era mais que capaz, deveria assumir. Só adiava por pura covardia.
Disse que iria pensar, só que já sabia minha resposta: Sim.

[...]

— Caissy? Querida? — Era duas da manhã quando entrei em seu quarto, ela escrevia algo em um post-it.
— Oh, Daniel. — A mesma sorriu sinceramente como se nada tivesse acontecido.
— Você ficaria mal se nos mudassemos para o Alaska? — Seus olhos se arregalaram, talvez eu tenha sido direto demais. — Se você não sentir-se confortável, peço para que Srta. Johansson fique com você aqui no Canadá, mas eu preciso ir. — Encolhi os ombros.
Caissy não disse nada por longos minutos, ela apenas olhava em volta, parecia pensativa. Eu também não fiz nenhuma observação, era claro que seria um choque, toda vida dela se encontrava no Canadá, amigos e família, até mesmo o amor da vida dela. Seria difícil abandonar tudo isso.
— Tudo bem, eu prefiro ficar ao seu lado. — Seus pequenos braços me envolveram em um abraço. Essa garota era um sonho. — Mas por que tão, tão longe?
— Eu preciso voltar aos meus negócios, faz dois anos que eu sumi. E outra, será mais seguro para nós vivermos lá, não teremos surpresas como as que aconteceram aqui.  Olhei-a apreensivo. — Não suportaria vê-la naquele estado novamente.

Fera (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora