Mais uma semana havia se passado, dessa vez fora mais rápida e não tão entediante. Esbarrei com Daniel algumas vezes, porém nenhum de nós teve a grande coragem de dizer uma palavra ao menos.
— Eu não consigo achar uma boa razão para você ter não voltado ao quarto e batido na porta — acordei com a fala de Stan. Grunhi descontente, ele ainda insistia naquela porcaria assunto. — Sério. Vocês dois parecem estar vivendo uma novela mexicana. Por que é tão difícil admitir que há algo? Amor à primeira vista existe e... Você se dopou? Por que esse frasco de calmantes está vazio? — com os olhos ainda fechados joguei um travesseiro onde julgava ter alguém. Ele era tão irritante.
Minha porta foi aberta com um estrondo, assustei-me pulando da cama, ouvi Stan gemendo de dor.
— Você sempre age assim com seus amigos? — abri os olhos, Alfred estava parado lá, segurando meu travesseiro e na outra mão a blusa azul de Stan.
— N-não — puxei as cobertas para mais próximo de mim. Olhei ao redor e encontrei Stan caído ao lado da porta, havia vários cortes em seu corpo. — Alfred, o que você está fazendo?
— Ah, eu não posso lhe contar — crispei os lábios, preocupada. — Mas irei lhe mostrar. Se troque, se não pode morrer de hipotermia.
Cerrei meus punhos, calcei minhas pantufas e virei para o senhor em meu quarto, com um olhar convencido preparei-me para correr. Totalmente falho, corda invisíveis agarraram minhas pernas e enrolaram meu pescoço.
— Se não quiser morrer assim, é melhor se trocar — sentia o ar faltando em meus pulmões, meus olhos começaram a fechar.
As cordas soltaram-me. Inspirei o oxigênio profundamente. Como um cachorrinho com o rabo entre as pernas corri até o closet, olhei ao redor a procura de janelas, alarmes, mas não havia nada. Troquei de roupa assim como Alfred ordenou, coloquei no mínimo três blusas e depois um casaco. Alfred me esperava pacientemente ao lado de um Stan desacordado, caminhei até ele. "Você não fará nada, só irá me seguir em silêncio, caso contrário: eu não eu te mato" um arrepio subiu minha espinha, apenas concordei. Enquanto passávamos pelo batente da porta, peguei a adaga de Stan e enfiei nas costas de Alfred, o mesmo caiu no chão rindo.
Em segundos ele tirou a adaga sem possuir uma gota sequer de sangue. Eu já estava na porta do quarto de Daniel, comecei a descer as escadas e ouvi-o me chamando, não ousei olhar para trás. Estava com tanto medo que não conseguia falar. Cheguei ao térreo e não sabia para onde ir, não conseguia achar ninguém e ouvia os passos do homem que até dias atrás era um senhor simpático.
— Johansson? — foi o primeiro nome que conseguir lembrar. Sem nenhuma resposta. — Daniel? — corria desnorteada pela casa.
— Ninguém vai te ouvir ou até mesmo lembrar-se de você. Você não é nada agora que deixou de ser uma Natucci — Alfred estava em minha frente com um sorriso sem vida.
Suas mãos ossudas me agarraram puxando-me para a saída principal. Não acreditava que ninguém iria reparar ou até mesmo estar lá pra poder ajudar. Passamos pela grande porta, não havia uma alma viva sequer no estacionamento ou até mesmo de guardas nas torres/telhado. Um Impala preto com vidros negros nos aguardava, Alfred jogou-me nos bancos traseiros, sem nenhum remorso ou pena no olhar entrou empurrando-me. Eu olhava ao redor a procura de algum tipo de ajuda, porém não havia nada, nem mesmo algo pontudo. Também não iria fazer sentido atacar um grande bruxo com uma lâmina ou faquinha.
***
O caminho fora extenso, o silencio mórbido predominou o equivalente de cem por cento do tempo. Provavelmente estávamos extremamente longe de Daniel ou qualquer ou que pudesse me ajudar. Sem saída ou escolha desci do carro, logo cruzando meus braços numa tentativa falha de lhes transmitir calor. Alfred parou ao meu lado, lancei um olhar raivoso.
— Calme, lobinha — sussurrou com um sorriso estranho, suas mãos puxaram as minhas com violência, tentei soltar-me. Falhei. Alfred as amarrou. — Será um dia longo — meus olhos foram vendados. Correr, gritar ou qualquer coisa do tipo seria inútil.
Sentia um piso de madeira rangendo enquanto caminhava, havia mais alguém junto de Alfred, suas mãos me guiavam enquanto o velho murmurava ordens à outra pessoa. A que porta se abriu parecia que gritava pedindo por algum tipo de óleo lubrificante, fui jogada em uma cadeira e a porta se bateu. Engoli a seco.
— Esperei tanto por este dia, Senhora Natucci — a venda fora tirada dos meus olhos revelando um homem velho, extremamente velho, baixinho e gorducho. Seus olhos negros quase pulando das órbitas me fitando com intensidade, seus dentes eram tão amarelos quanto queijo. Parecia um defunto. — Pode chamar-me de Barão — minhas expressões mudaram, deixei a face grosseira e durona para trás, assumi algo mais parecido com terror.
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Fera (EM REVISÃO)
Fantasy"Ela era a rosa mais bonita do jardim, por mais que lhe faltasse algumas pétalas por conta de seu passado árduo, mas continuava sendo a mais bonita e, obviamente, a mais doce e delicada. Eu lutaria até o fim para te-la ao meu lado e faze-la feliz. N...