Ensino Médio [Concluído]

Volta ou fica?

Minha tia chega da porta da casa e olha pro portão. Faz cara de cú e pergunta:

-Algum incômodo por aí filho?

-Por aqui nenhum, mãe. É só a Lavínia e a sua irmã.

-Que? Isso não é incômodo não? Quê que elas querem?

-Mãe, se você puder me deixar conversar com elas, talvez eu consiga descobrir. Vamos entrar?

-Entrar é o caralho Pedro, isso aí não é visita pra gente ir convidando pra entrar não.

-Mãe, dá licença, POR FAVOR!

-Me respeita moleque. Se fode aí também.

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Decidimos ir à uma sorveteria para conversar. Lá nós fizemos nossas escolhas de sabor e sentamos numa mesa.

Eu e minha mãe, fizemos a proposta de ele voltar conosco para MG.

-E então Pedrinho, o que você acha?

-Por mim, tudo ótimo, mas nós temos obstáculos, lembra?!

-Nem tem como esquecer. Mas vamos fazer o possível para convencê-la a te autorizar.

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Voltamos pra casa dele.

-Tia, eu sei que você nunca gostou de mim e nunca irá gostar. Mas eu imagino que você goste muito do seu filho, certo?

-Gostar é pouco, eu amo esse menino.

-E quem ama, gosta de ver o outro feliz, mas não é assim que o Pedro tem sentido ultimamente.

-Como você ousa a falar isso pirralha? Claro que ele é feliz né Pedro.

Ele só abaixou a cabeça e "quem cala, consente". Ela ficou irada de raiva dele. E gritou, do nada:

-FODA-SE vocês todos. Vai embora logo Pedro, antes que eu mude de ideia. Faço isso porque te amo. Mas quando precisar de ajuda, já sabe que NÃO pode contar comigo. Some da minha frente.

Confesso que fiquei com certa dó por causa do draminha, mas nada demais.

Eu e minha mãe encaramos ele em espera de uma resposta. Ele sorriu meio indeciso e inseguro e finalmente abriu a boca:

-Quer saber, eu vou com vocês. Eu amo demais minha mãe, mas minha baixinha nem tem um sentimento pra definir de tão intenso que é.

Fiquei super envergonhada, principalmente porque minha mãe estava do meu lado. Fiquei meio tímida, então disse hiperativa:

-Vai logo arrumar essas malas porque eu não estou por sua conta. Vai, vai, vai.

Depois de cinco séculos, ele volta todo animado. Nós fomos novamente pegamos um táxi que nos levou até o aeroporto.

No avião, eu fiquei numa poltrona ao lado do Pedro e como estava super cansada com essa história toda, acabei adormecendo. Despertei meio zonza e percebi que estava fazendo o ombro do Pedro de travesseiro e que nós estávamos de mãos dadas que nem namorados. Confesso que é uma sensação muito boa, mas não consigo enxergá-lo assim. Engraçado que só consigo fantasiar coisas românticas, tipo essa, com uma certa pessoa que eu abandonei lá em Minas.

Levantei do ombro dele, soltei nossas mãos e disse sem olhar pra ele:

-Sabe a Julia?

-Nossa, você é tão imprevisível Lav. Mas o que é que tem ela?

-Depois que você foi embora eu fui conversar com o Felipe lá na escola.

-Só conversaram?

Fez-se um nó na minha garganta e eu respondi:

-Isso não importa. O assunto agora é a Julia. Ela ouviu seu nome na minha conversa com o Felipe e perguntou sobre você. Eu fui super grossa com ela e o Lipe ficou sem entender nada e defendeu a vagabunda!

-Ela se preocupando comigo? Você tem ciúme dela? E como assim "Lipe"?

-Quem fala agora sou eu. E continuando, eu fui embora super nervosa porque sabia que aquela garota ia contaminar o Lipe.

-Para de chamar ele de Lipe, cê tá com raiva dele e fica com esses apelidos nojentos.

-Depois eu que tô com ciúmes.

-Mas como é irritante, meu Deus. E nem sei porque cê tá me falando isso foda-se tudo que envolva aquele mané.

-Pedro, só queria te dizer pra afastar dessa garota porque ela não presta, não quero perder meus dois amigos por causa dela.

-Agora eu sou seu amigo? E o Felipe presta muito né?! Merece até o selo de qualidade Friboi.

-Hahahaha. Palhaço, mas é sério eu quero seu bem. E corrigindo, você é mais que amigo, é meu primo.

-Você sabe que a gente não é só primo e eu também quero seu bem e por isso eu quero que você se afaste do Felipe.

Amores, tudo beleza?
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