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Eu virei pra ele e o encarei com cara de nojo. Ele me olhou, abaixou a cabeça e disse:

-Desculpa, eu sei que não deveria ter feito isso, eu pensei que seria uma boa ideia, mas eu confundi as coisas. Eu errei em pensar que isso é o suficiente pra...

Eu me sentei ao seu lado, levantei seu rosto puxando o queixo dele para cima, coloquei o dedo no lábio dele pedindo que ele se calasse.

-É ÓBVIO que eu aceito Lipe. Eu tava só brincando. Bobo, eu te AMO.

-Você também hein?! Gosta de me ver sofrer.

Eu dei outro beijo nele, um beijo que nunca tínhamos dado antes. Foi um beijo confiante, no qual poderíamos nos entregar um ao outro sem insegurança, sem medo do que o outro sentiria e pensaria.

-Amor, tô feliz pra caralho, mas infelizmente, eu preciso ir embora, amanhã tem aula e eu preciso me focar nos estudos.

-Anjo, espera um pouco. É que a gente tá namorando agora... mas você quer que todos saibam?

-Vamos com calma, sem pressa. Eu queria poder gritar que tenho o namorado mais perfeito, mas, por enquanto, vamos manter em segredo entre a gente. Vamos contando aos pouquinhos.

-Beleza. Quer que eu te acompanhe até sua casa?

-Não precisa. Se eu precisar de ajuda, eu grito. Hahahaha.

-Olha lá hein, se alguma coisa acontecer, nunca vou me perdoar.

-Relaxa, Lipe. Até amanhã namorado.

Dei um selinho nele, e ele sussurrou um "eu te amo". Eu sorri, virei as costas e fui, apesar de não querer. A rua estava vazia e um ventinho frio me fazia tremer. Fui andando em direção à minha casa e quando eu estava distraída, uma voz grave invadiu meus pensamentos:

-Já são 22 horas, é perigoso uma garota tão indefesa ficar andando por aí desacompanhada.

Conhecia aquela voz e nem era necessário me virar.

-Que susto pai! Meu coração até parou aqui.

-Hahaha. Onde você estava?

-Na casa de um garoto da escola, ele chama Felipe.

-Fazendo o que?

-Nada de mais, nós somos amigos e geralmente amigos se encontram pra conversar.

-Entendi. Eu tive que ir até a farmácia comprar um remédio pro Pedro. Nem acredito que fiz isso.

-Também não. Hahahaha. Mas diz aí, novidades sobre o Carlos, pai?

-É. Eu estava na sacada e ele saiu pra colocar o lixo para fora. Eu pude o observar e constatei que era quem eu imaginava.

-Hm, nem vou perguntar se isso é bom ou ruim porque eu quero esquecer da existência deles.

Chegamos em casa e soube que o Pedro estava com dor de cabeça e que meu pai foi obrigado a ir comprar o remédio. Eu ri da cara dele porque meu pai odiava meu primo. Subi pra tomar um banho e já preparei meu uniforme e minha mochila. Nem queria saber do Pedro, dormi com um sorriso bobo pensando no Felipe.

Acordei super bem, de bom humor e isso é quase impossível de acordo com minhas leis naturais. Fui tomar um café e minha mãe, antes de sair pra trabalhar, me avisou que o Pedro não iria porque estava de ressaca. Fodas!

Quando meu pai estava tirando o carro da garagem, os "vizinhos" também estavam saindo e eu aproveitei pra mostrar pra ele quem era Alex e Aline. Não tem muito o que dizer sobre ela, é só a versão feminina do Alex. Não conheço a sua personalidade, mas odeio essa garota.

Eles saíram um pouco antes de nós e estávamos fazendo o mesmo percurso. Quando o carro deles parou na porta do meu colégio eu só queria que eu acordasse e percebesse que era só um pesadelo.

Eles foram em direção à secretaria, provavelmente pra fazer a matrícula deles. Eu ignorei e preferi não me irritar com coisas inevitáveis (como por exemplo, ser obrigada a suportar meus vizinhos estudando na mesma escola que eu) fui pro banheiro espairecer e pude ver o reflexo de um certo alguém pelo espelho. Alguém que eu odeio mais que tudo e nem é a Aline.

Ensino Médio [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora