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Paramos o beijo imediatamente e encaramos a tal pessoa.

-O que cê tá fazendo aqui a essa hora da manhã?

-Sabe Lavínia, decidi passar aqui antes de ir para a escola, mas foi uma péssima ideia. Queria te falar uma coisa.

-Desculpa Felipe, mas não vou poder te dar atenção porque precisamos terminar de nos arrumar.

Aí o Pedro disse:

-E, afinal, quem deixou você entrar, babaca?

-Eu passo pela sua rua para ir para o colégio e decidi parar aqui hoje.

-Você não respondeu minha pergunta.

-A porra da porta tava destrancada e eu já sei o caminho do quarto da Lavínia, otário.

Pedro me olhou com certa raiva pois ele falou sobre meu quarto com cara de safado.

-Felipe, já disse que não tenho tempo. Depois a gente conversa. Pode ser?

-Não, beleza. Fica aí com quem você diz amar. E saiba que o único capaz de te fazer feliz sou eu. Mas se você prefere o que não vale nada...

Ele se virou e aquela foi a discussão mais infantil que eu já tive.

Eu e o Pedro terminamos de fazer o que precisávamos e fomos praticamente correndo pra escola. Óbvio que chegamos atrasados, mas pelo menos chegamos.

Nem olhei pra cara do Felipe, mas não consegui tirar ele da cabeça um minuto. Afinal, o que ele tinha a me dizer?

Eu percebo que ele e o Pedro gostam de mim, mas e eu? Quem eu AMO?

Não vi o Pedro na saída e também não me preocupei muito com isso. Voltei pra casa e quando cheguei lá, minha mãe tinha saído e o Pedro me enviou uma mensagem:

"Lav, vou ficar até umas 14:30 fazendo trabalho aqui na escola. Bjs"

Adoro ficar sozinha em casa. Quando terminei de colocar minha mochila na cama, o interfone toca. Olhei da sacada, mas não deu pra ver ninguém. Desci e fui abrir a porta.

Quando abri, tinha um homem, uma mulher, um garoto e uma garota. Nunca tinha os visto antes:

-Em que posso ajudar?

A mulher disse:

-Boa tarde, tudo bem?! Nós compramos essa casa que estava a venda aqui ao lado e estamos nos apresentando aos novos vizinhos.

-Ah, prazer em conhecê-los. Vamos entrar um pouco, para nos conhecer melhor?!

-Tudo bem.

Eu pedi e eles se sentaram no sofá.

-Bom, meu nome é Bruna, esse é meu marido, Carlos e esses são meus filhos gêmeos de 15 anos. Ele se chama Alex e ela se chama Aline.

-Bom, meu nome é Lavínia. Eu moro com meus pais e com meu primo. Acredito que seremos bons vizinhos. Vocês querem conhecer a casa?

-Olha, Lavínia. Nós nos mudamos agora de manhã e estamos retirando as coisas da caixa. Eu infelizmente não vou poder ficar, mas agradeço o convite. Algum de vocês aceita?

Ela olhou pra sua família e o marido disse que a ajudaria com as caixas, a filha disse que estava doida pra arrumar seu quarto novo e o filho não tinha nada pra fazer, então aceitou conhecer a "minha" casa. Eles foram embora e ele me encarou.

-Então Alex, aqui é a sala, ali é a sala de jantar e lá no fundo tem a cozinha, a lavanderia e o terreiro. Vamos subir agora pra eu te mostrar o andar de cima.

Ele permaneceu calado, prestando atenção em cada palavra que eu dizia. Chegamos lá e eu continuei:

-Ali é a sacada, aqui é o quarto dos meus pais, ali é o banheiro, ali é o quarto do meu primo, aqui é o meu e lá no fundo tem outro inutilizado.

-Ok, eu posso ver seu quarto?

-Oi? Desculpa a pergunta, mas pra que você quer ver meu quarto?

-É que tem um cômodo na minha casa no qual a janela é em frente à uma janela da sua casa e eu queria saber se é a janela do seu quarto.

-Atá, foi mal. Pode entrar.

-Coincidências da vida, é o que eu pensei. Não sei se isso irá te agradar mas temos vista de camarote para nossos respectivos quartos.

-Pois é, acredito que será legal.

-Não se engane com esse meu comportamento. Sou o oposto do que você está conhecendo agora.

-Que bom, eu também não sou assim já estava cansada de fingir ser uma pessoa normal.

-Mudando de assunto, queria convidar você para ir numa festa em comemoração à nossa volta a cidade. Você aceita?

-Só eu, aqui de casa que estou convidada?

-É. Você disse que tem um primo, mas nem o conheci e já o odeio, e além disso, não quero muitos homens na festa.

-Mas peraí, você disse que é em comemoração a volta de vocês. Vocês moravam aqui antes?

-Sim, mas não nessa casa. Nós saímos daqui quando eu tinha dez anos e nos mudamos para Santa Catarina porque minha avó morava lá. Só que ela faleceu e decidimos voltar pra cá.

-Nossa, meus pêsames pela sua avó. E saiba que eu vou sim na sua festa.

-Mesmo que você recusasse, eu te sequestraria e levaria para lá. Depois eu te passo o endereço e o horário. E como não consigo guardar a língua dentro da boca, vou ter que falar que te achei gostosa pra caralho.

-Vamos com calma ok coleguinha?!

-Calma é uma coisa que eu nunca soube o significado. E não quero ser seu coleguinha.

-Tá. Acho que você já sabe o caminho da saída, mas percebi que você é meio doido então eu te levo até a porta.

-Doido, só se for por você e a sua companhia não se nega né pequena.

-Por favor, menos intimidade.

-Cê já deve ter percebido que uma coisa que eu quero é intimidade com você.

Ignorei e descemos a escada:

-Alex, nós já estamos na sala, a porta é logo ali e você já pode ir embora.

-Acho que não.

Ele segurou forte o meu braço, me puxou e beijou a força. Tentei me livrar dele, mas eu era muito mais fraca, então nada podia fazer, além de ficar desviando. Ele me jogou no sofá, me segurou forte e quando percebeu que eu ia gritar, tapou minha boca.

Ele ia me beijar de novo, eu aproveitei que ele tinha destampado minha boca e eu comecei a gritar.

-Cala a boca puta.

Ele ficou puto, me deu um tapa no rosto, mas ainda bem que uma pessoa abriu a porta.

Ensino Médio [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora