Ensino Médio [Concluído]

Chega

Acordei no dia seguinte, passei corretivo e base nos machucados e fui pra escola sozinha. Cheguei lá, fui até o banheiro e quando fui voltar pra sala, alguém me puxa por trás e inspira forte perfume do meu pescoço.

-Oi vizinha.

-Porra Alex, que susto seu puto.

-Agressiva.

-Só às vezes.

-Eu sei.... Muito bem.

Ele deu uma risada com cara de malícia e mordeu o lábio (Óbvio que ele lembrou do beijo que eu dei nele, que não foi nem um pouco agressivo). Não sei porque beijei ele e, agora, me arrependo por isso. Eu não amo o Alex, e não quero que ele saiba disso para não machucá-lo. Eu queria fugir dali, então só sorri, dei um beijo na sua bochecha e fui, finalmente, pra sala.

Felipe:

Cheguei na escola e fui pra sala, como tinha chegado muito cedo, decidi ir até o bebedouro. Quando tava saindo da sala, vi aquele branquelo conversando com meu anjo. O pior é que eles tavam rindo e pra completar meu desgosto por aquela ceninha nojenta, ela deu um beijo nele.

Ok, foi na bochecha, mas foi um beijo. Não entendi porra nenhuma, porque até onde sei, ela ODEIA aquele Alex.

Aquilo me fez um mal tão grande, que eu senti um aperto no coração (nem sabia que isso existia, pra mim era só uma viadagem qualquer).

Eu fiquei olhando boquiaberto, voltei à Terra depois de longos segundos, me virei desolado e voltei pra sala antes que um deles me visse naquela situação. Peguei meu moletom e fiquei de cabeça baixa o dia inteiro, pensando.

Pra quê eu fui me apaixonar? Burro! Foda-se também. Cansei de ser trouxa. Trai, me arrependi, pedi perdão, ela não aceitou. Foda-se ela também e tudo que a envolva. Por mim ela pode morrer que eu ainda vou rir no velório dela. Eu não desisti, eu apenas cansei.

Lavínia:

O Felipe ficou todas as aulas de cabeça baixa. Na saída, ele foi o último a sair da sala, então eu aproveitei que só tinha nós dois lá e fui até ele.

-Lipe, tá tudo bem?

Ele nem olhou pra minha cara, pegou sua mochila, colocou seus fones de ouvido (que estavam tocando rock alto pra caralho) e vestiu o capuz. Antes de ir embora, ele me empurrou de leve pela barriga para que pudesse levantar da sua cadeira.

Não entendi porra nenhuma, não sei o que aconteceu. Não sei se fui eu que errei ou se foi outra coisa que o deixou mal.

Ele me deixou lá e já estava saindo da sala, mas corri um pouco e o puxei pelo braço. Ele parou de andar, eu o virei de frente, mas não olhou pra mim. Eu, com delicadeza, levantei o seu rosto até que nossos olhos ficassem frente à frente.

Uma lágrima escorreu pelo seu rosto, mas ele enxugou com a manga da blusa antes que percorresse por toda a bochecha. Fiquei observando com certo arrependimento, abaixei seu capuz e tirei seu fone.

-Felipe, o que aconteceu?

-O que aconteceu Lavínia?

-É, fala. Eu quero te ajudar.

-Nunca mais aparece na minha frente. Vai ajudar MUITO.

Ele disse com bastante ódio no olhar e na voz. Aquele era o Felipe que eu conheci no primeiro dia de aula. O Felipe revoltado, irônico, com desgosto no coração. E é culpa minha ele estar naquela situação.

Pra que eu fui me apaixonar?