Be amazing

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Ele aregalou os olhos, bateu palmas pra mim ironicamente, se virou e fechou a porta do seu quarto.

Não me arrependi, mas aquilo me tocou profundamente. Já era noite e eu fui verificar se o Alex ainda estava no telhado.

Abri uma fresta (ou greta) na cortina e olhei. Ele ainda estava lá, do mesmo jeito que a última vez que olhei. Peguei minha toalha e fui tomar banho. Não consegui tirá-lo da cabeça.

Saí do banho, me vesti e deitei. Não consegui pegar no sono e levantei. Bateu um vento e a cortina se abriu um pouco, pude ver o Alex ainda lá no telhado.

Já era mais de meia noite e estava fazendo frio. Peguei meu cobertor e fui até ele, tomando cuidado pra não fazer barulho com as telhas.

Cheguei lá e parei na frente dele. Esperei que ele me encarasse, mas isso não aconteceu. Ele tremia um pouco devido ao frio. Agachei e levantei seu rosto, que estava gelado.

Ele estava com os olhos fechados e eu dei um selinho demorado nele. Meus lábios estavam quentes e acho que ele percebeu o quanto ele estava frio, porque estremeceu.

Ele abriu os olhos e não mudou sua expressão facial de sofrimento.

Eu sentei ao seu lado, mas ele não me olhou; então coloquei o cobertor sobre nós dois. O cobertor era curto, então tive que ficar bem colada com ele. Peguei na sua mão e ele apertou, suavemente, seus dedos contra a minha mão.

Ficamos assim até que seu corpo se aquecesse, o que demorou um pouco. Não falamos simplesmente NADA durante esse tempo todo. O céu estava estrelado da forma que ele gostava, mas aquilo não era suficiente para fazê-lo ficar bem.

Olhei pra ele e quando nossos olhares se encontram foi como se eu tivesse levado uma descarga elétrica intensa.

Seu olhar tinha um peso surpreendente e uma lágrima escorreu pelo meu rosto. A causa dela era vê-lo sofrer. Ele a retirou da minha bochecha com o seu dedão e eu levantei bruscamente do telhado provocando barulho e causando loucura nos cachorros que haviam pelas ruas mais próximas.

Ele se assustou um pouco e eu estendi minha mão para ele. Ele a segurou e eu o levei até meu quarto.

Eu tranquei a porta e deitei na minha cama de baixo. Ele ficou de pé e eu olhei pra ele até que percebesse que eu estava o convidando pra se deitar.

Ele deitou ao meu lado e eu me virei de frente pra ele. Tirei seu cabelo que encobria uma parte de seu rosto.

Ele sorriu e me deu um selinho rápido. Aquilo foi a melhor coisa que aconteceu.

-Alex, não faz mais isso comigo.

Eu falei e minha voz soou mais alta que eu esperava. Aquilo foi estranho, porque, após passarmos um longo tempo sem falar nada, minha voz foi como uma explosão.

-Você tem certeza que eu estou errado?

Fiquei sem o que dizer, não esperava que ele fosse falar algo tão chocante. Mas ele, ainda, continuou:

-Eu disse que te amava, eu insisti pra tentar fazer você me amar. Mas você não correspondeu e quem sofreu fui eu.

-Não sabia que você tinha ficado tão mal. Desculpa, de verdade.

-Você me desprezou e disse sem meias palavras que não me queria. Foi foda, machucou, eu sofri. Já ouviu que amor incorrespondido é uma das piores dores?

-Já. Na realidade eu já passei por isso na minha antiga escola. Foi foda mesmo.

-Então. Eu fiquei ali, a porra do dia inteiro pensando e sofrendo por você. Só que quando você chegou, eu não acreditei, achei que você nunca voltaria, e agora você tá aqui.

-Você acha que foi fácil te ver ali, largado? Eu não consegui tirar você da cabeça. Eu te desprezei, mas eu descobri que...

-Que...

-Que eu tô te amando. Por isso eu fui até você, por isso eu te aqueci com meu cobertor, por isso eu te beijei, por isso eu segurei a sua mão. E foi por isso, também, que eu te trouxe pra cá.

Ele me olhou bobo e me beijou. Foi maravilhoso.

-Pequena, que lindo. Eu te quero do meu lado.

-Até quando?

-Pra sempre.

-Mas o "pra sempre", sempre acaba.

-Só se nós permitirmos. E se depender de mim, nunca vai acabar meu amor por você.

-Ainda é cedo pra dizer, mas também te amo. E saiba que se depender de mim, nunca acabará também.

Eu o beijei e ele me colocou de costas pra ele num encaixe perfeito entre nossos corpos, nós adormecemos agarrados.

~~~~~~~~~~~~~~

No dia seguinte acordei e ele já estava acordado. Ele, com cara de sono ficava mais bonito.

Ele levantou, e eu também. Ele me deu um selinho e disse ainda segurando meu rosto:

-Tenho que ir antes que minha mãe perceba que eu não dormi em casa. Beijo minha.

-Tem certeza que você é só meu?

-Só seu.

Ensino Médio [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora