Surpresa

105 3 0
                                    

~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Passaram-se 6 meses e agora eu tenho 16 anos. Pedro tá namorando com a menina arco-íris que é super gente boa, ela se chama Gabriela; meus pais estão juntos ainda apesar das milhões de brigas; Laura está namorando com o Gabriel; Alex deve estar namorando com alguma portuguesa e Felipe não me procurou mais.

Depois que o Alex foi embora, eu entrei em depressão profunda e comecei a me cortar. Tomei vários remédios, fiz (e ainda faço) consultas semanais com psicólogos e psiquiatras.

Hoje é 15 de janeiro, estou em Porto Seguro, em frente à um mar maravilhoso. A maresia é fenomenal e o som das ondas é divino. Viajei sozinha depois de implorar que meus pais permitissem.

Estou de olhos fechados, de bruços, tomando sol pra ganhar uma corzinha.

Do nada sinto um monte de areia bater em mim.

-Ei, mais cuid...

Abri totalmente os olhos e me deparei com quem eu menos esperava. Ainda pisquei os olhos pra ver se não era só um delírio.

-Alex?

Era surpreendente, e mais chocante ainda era que ele estava acompanhado, pela Julia.

-Lavínia? O que cê tá fazendo aqui? Me desculpa por ter jogado areia em você, foi sem querer.

-Eu tô passando minhas férias aqui e você, quer dizer, vocês?

-Eu também estou. Voltei de Portugal semana passada porque meu pai descobriu uma coisa. E eu e a Julia queremos contar essa novidade pra você.

Não consegui imaginar nada além de: "Nós estamos namorando". (Mas o que o pai dele tinha com isso?)

Disse receiosa, desanimada e ao mesmo tempo ansiosa:

-Pode falar.

-Ela é minha irmã.

Eu levei um choque e me sentei na minha esteirinha e os encarei com dificuldade devido ao sol intenso contra meus olhos.

-Quê? Repete porque acho que entendi errado.

-Nós somos irmãos. Meu pai ficou com outra mulher por um tempo e um ano depois, se envolveu com minha mãe.

Julia interrompeu:

-E essa mulher é nada mais, nada menos que minha mãe. Ela sempre soube que eu não era filha do homem que eu sempre chamei de "pai", mas nunca fez questão de procurar por ele. Mas uns dias atrás, ela tava mexendo em umas coisas antigas e achou o telefone do pai do Alex e falou com ele.

-Gente, que lindo. Parabéns! Nossa, como esse mundo é pequeno.

-Obrigado Lavínia. Agora nós estamos aproveitando as férias juntos pra nos conhecermos melhor.

-Boa sorte.

Antes de irem embora, a Julia disse:

-Ah, Lavínia, eu sei que a gente não se dava muito bem e eu queria te pedir perdão por tudo que te fiz de mal.

-Tá tudo bem. Digo o mesmo.

Levantei e dei um abraço nela.

-E tem outra coisa, esse senhor aqui ó, quando me reencontrou, a primeira coisa que ele fez, foi me perguntar sobre você.

Fiquei super envergonhada e ele mais ainda.

-É sério isso Alex?

-É. Mudando um pouco de assunto, você tá namorando?

A Julia nos olhou e disse:

-Vish, tô atrapalhando. Tchau pombinhos. Te encontro no hotel maninho.

Eu sentei novamente, ele se sentou do meu lado e ficou olhando o mar. Eu disse pra quebrar o silêncio:

-Até hoje não acredito que cê teve a frieza de ir embora pra Portugal assim, sem mais nem menos.

-Saiba que antes de ir embora, fui até o seu quarto, te dei um selinho enquanto você dormia e você sorriu.

-Eu não me lembro disso.

-Eu disse que você tava dormindo, lógico que você não vai se lembrar né dã. Agora me responde se você tá namorando.

-Ah, depois que você foi embora não consegui me envolver com mais ninguém. E você, pegou quantas portuguesas?

-Se eu falar nenhuma, você acredita?

-Não.

-Pois pode acreditar, eu não te tirei da cabeça um segundo e tô muito feliz por você estar solteira.

-Confesso que eu também achei ótimo você não ter ficado com ninguém. E por que você não me procurou de novo?

-Eu mudei de número e perdi todos os meus contatos. E por causa de dois algarismos do seu telefone que eu esqueci, fudeu tudo. Mas, porque você não me procurou?

-Você acabou de falar o motivo. Eu, depois de um mês, criei coragem e te enviei milhares de mensagens que nunca chegavam e ligações que nunca eram recebidas.

Ele riu dele mesmo e disse:

-Eu sou muito lento né?! Mas é bom saber que cê me procurou. Como que estão as coisas lá em Minas?

-Ah, geral namorando, viajando, separando, morrendo, nascendo... Normal.

Ele não disse nada, foi uma pergunta retórica. Depois de alguns minutos encarando o mar e as pessoas, ele disse:

-Vamo pro mar?

-Ah, não.

Ele ignorou o que eu disse, me pegou no colo e foi correndo comigo que nem psicopata em direção ao mar. Eu estava gargalhando alto, até demais.

Chegamos no mar e ele só me soltou quando estávamos com água bem acima da cintura. Ele foi andando mais pro fundo e eu fui até quando a água alcançava meu pescoço.

-Vem logo Lavínia.

-Eu sou baixinha e só consigo nadar em piscina.

Ele riu e veio até mim. Eu entrelacei minhas pernas no seu corpo e a água minimizava quase que por completo, meu peso.

-Sabia que eu tava morrendo de saudade, minha?

-E eu também tava com saudade do seu perfume, do seu toque, da sua voz, do seu jeito, do seu corpo, do seu...

Ele me surpreendeu com um beijo e eu retribuí.

-Eu ia falar que tava com saudade do seu beijo, mas nem precisei.

-Eai, matou a vontade?

-Claro que não. Não é só um beijinho que me satisfaz.

Eu o beijei de novo e várias outras vezes. E quando percebemos, o sol já estava se pondo.

-Meu, nós temos que ir pros nossos hotéis, já está anoitecendo e é arriscado.

-Medrosa. Sabia que amei ter te reencontrado?

-É o destino, Alex.

Voltamos pra areia, peguei minhas coisas e fomos andando juntos pelas ruas. Perguntei depois de um tempo:

-Peraí, você tá indo comigo até meu hotel?

-Na realidade, esse é o caminho do meu.

-O meu é aquele ali na frente.

-Mentira?! É o meu também.

Eu ri das coincidências e fomos pros nossos quartos. E por incrível que pareça, o dele era do lado do meu. Ele foi pro dele e eu entrei no meu.

Já tinha arrumado tudo e estava me preparando pra dormir quando alguém bateu na porta.

Ensino Médio [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora