Ensino Médio [Concluído]

Perdão

-Por que?

-Porque, querendo ou não, você ainda está namorando com o Felipe.

-Como assim?

-Você terminou com ele?

-Sim. Só ele que não sabe disso ainda.

-Tá vendo.

-Tá Pedro, beleza.

-Eu te amo demais, mas quero você só pra mim. Não quero ficar te dividindo com outro cara.

-Cê tem razão, mas vamo dormir.

Ele me deu um beijo na testa e dormimos.

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No dia seguinte, acordei um pouco confusa então lembrei (traição, chorei, consolada, Pedro).

Ele não estava mais do meu lado, então eu levantei e fui até a cozinha. Ele estava lavando sua caneca e eu fui andando na ponta do pé e dei um abraço nele, por trás. Fiz alguns arranhões de leve na sua barriga, dei um beijo nas costas dele e me sentei na mesa.

-Bom dia, primo.

-Boa tarde, prima.

-Tanto faz. Novidades?

-O Felipe te mandou mais 900 mensagens e te ligou umas 200. Isso, até quando eu deixei o celular ligado.

Eu suspirei alto e falei desanimada:

-Não vou mentir pra você. Eu ainda amo o Felipe. Mas sobre ele...

-Lav, ele ainda te ama, mas você tem que entender que ele errou e podia ter evitado esse erro. Ninguém o obrigou a te trair, ele simplesmente se deixou levar.

-E o quê que eu faço?

-Conversa com ele primeiro, ouve TUDO o que ele tem a dizer. Manda ele embora e aí depois você pensa se deve perdoá-lo.

-Mas traição não tem perdão, primo.

-Eu sei. Eu tô dizendo isso tudo, mas cê sabe muito bem que não torço pela união de vocês dois.

-Bobão. Obrigada pelos conselhos Pedro.

Dei um beijo na bochecha dele e subi pro meu quarto. Fiquei ouvindo minha playlist favorita (ModéstiaParte, 3030, HungriaHipHop, Felipe Ret, Flora Matos, Tribo da periferia, Complexo radical, Cacife clandestino, Oriente, Haikaiss...). Depois de uns 40 minutos viajando com as letras, pude ouvir o interfone tocar.

Levantei da cama e olhei pela sacada quem era. Vi Felipe em frente ao portão. Passei no quarto do Pedro antes de descer:

-Primo, é o Felipe. Vou conversar com ele lá em baixo tá.

-Beleza. Qualquer coisa me chama.

-Tá.

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Abri a porta.

-Oi anjo.

Apenas dei espaço para que ele entrasse, fechei a porta e permaneci com cara de "fala logo que eu tenho mais o que fazer". Eu sentei no sofá e ele numa poltrona. Ele disse de cabeça baixa:

-Então, você já sabe o que aconteceu, se eu não te amasse, eu te trairia e nem te avisaria nada.

Depois que ele falou isso, eu refleti rapidamente e vi que ele tinha razão. Olhei pra ele, e continuou:

-Eu já te pedi perdão, tentei te ligar um milhão de vezes, te enviei milhares de mensagens. Eu tô muito arrependido, eu te amo anjo. Me perdoa?

Fechei os olhos e comecei a raciocinar se valia a pena voltar com ele. Aí do nada ele se levanta da cadeira e pega algo no tapete.

-Não acredito que cê jogou nosso anel de compromisso no chão, Lavínia!

-Felipe, se coloca no meu lugar. Imagina: eu falo pra você que vou viajar, você fica em casa confiando em mim enquanto eu fico te traindo com outro cara em outra cidade.

Ele suspirou como se quisesse dizer que entendia como eu me sentia.

Felipe:

Saí de casa de madrugada e depois de uma hora, chegamos na casa da minha avó. Ela estava muito doente e praticamente sem forças. Aquilo me doeu muito e eu fui pro quarto que tinha lá, arrumei minha cama e me deitei. Depois, uma menina da minha idade, mais ou menos, entrou no quarto e pediu que eu a ajudasse a pegar uns travesseiros que estavam com ela.

Levantei e fui ajudá-la, mas quando me aproximei dela, ela jogou os travesseiros de lado e me beijou. Eu não impedi o beijo e retribui. Não sei como tive essa capacidade e quando me dei conta daquilo, empurrei ela bem longe:

-Cê é louca garota? Piranha. Eu tenho namorada.

-Eu sei que cê gostou lindo e não tô vendo sua namorada por aqui. Quem disse que ela vai ficar sabendo?

Ela deu uma risadinha de puta e eu empurrei ela pra fora do quarto. Tava muito arrependido e então, enviei uma mensagem pra Lavínia.

Provavelmente, ela viu depois que saiu da escola e me ligou. Eu contei tudo pra ela, pedi perdão e ela me ignorou. Fiquei completamente sem chão. O que seria da minha vida sem ela? Foi ela que me transformou (eu era rude e hoje sou mais amável), ela foi a única que me deu amor verdadeiro. E agora eu perdi ela. E, provavelmente, o Pedro tava lá consolando a Lavínia e roubando ela de mim.

Ainda bem que saí daquele lugar. A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa, foi jogar minhas coisas no meu quarto e ir voando pra casa da Lavínia.

Ela abriu a porta e me olhou com frieza. Naquele momento vi o quanto fui otário. Pedi perdão à ela, dessa vez, pessoalmente e vi o anel de compromisso caído no tapete, aquilo me doeu TANTO. Foi como uma facada no coração. Peguei o anel e coloquei na mesa de centro.

Lavínia:

Ele continuou:

-Me perdoa anjo. Por favor.

-Felipe, você me traiu. Traição não tem perdão.

-Mas eu ainda te amo.

-Vamos dar um tempo, então. Pode ser?

-Não quero dar um tempo. Volta comigo?

-Felipe, se você não quer dar um tempo, então acabou.

-Lavínia, não faz isso.

Caminhei até a porta e pedi que ele se retirasse.

-É assim então? Acabou tudo entre a gente?

Nem olhei pra cara dele e ele saiu arrasado. Aquilo me deu certo arrependimento, afinal, eu ainda o amava.

Subi as escadas e contei, sobre o que havia ocorrido, pro Pedro. Voltei pro meu quarto e fiquei ouvindo minhas músicas.

Aliás, música é a ÚNICA coisa que me acalma e me faz esquecer dos problemas.