Capítulo 10

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Primeiro capítulo do ano! Yaaaaaaaaaay! 

Estão preparados? 

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Naquela mesma noite, após o terrível jantar onde, eu quero salientar, tive que aguentar o tal príncipe galantear outras damas (o homem que teoricamente era meu noivo estava praticamente com as mãos nos corpetes de outras mulheres, na minha frente) e de comer com aqueles talheres que eram uma versão primitiva dos garfos e facas, eu e Magdalena fomos para os aposentos da Princesa... Meus aposentos. Ela, como minha criada pessoal, iria me preparar um banho antes do sono. Durante o trágico jantar, enquanto o príncipe alisava outras donzelas, eu tive o tempo para arquitetar um plano maluco, mas que poderia dar certo.

Só precisaria sondar algumas coisas com Magdalena.

─ Magdalena... Aqui é comum ter ciganos? – Perguntei enquanto ela enchia a banheira com água quente.

─ Sim, senhorita, eles ficam nas mediações do castelo, um pouco ao leste, nos limites da floresta... Por quê? ─ Ela virou, fitando-me em busca de alguma expressão que me entregasse.

─ Nada demais... É que na minha terra é bastante comum, queria saber se também é entre seu povo.

─ Sim, mas não é adequado que pessoas da realeza fiquem se encontrando com esse tipo. Os ciganos são pessoas indignas de confiança, sempre prejudicam a quem os procura... ─ Eu que o diga, Magdalena...

Levantei da cama e me despi, com toda a vergonha do mundo, em frente à criada. Ela me olhou de cima a baixo e balançou a cabeça em reprovação sussurrando "muito magra" enquanto pegava o vestido que estava no chão. Entrei na banheira de água morna, Magdalena tinha jogado algumas pétalas de lavanda e o cheiro era incrivelmente maravilhoso.

─ Magda?

─ Sim, senhorita?

─ Aqui perto do castelo é comum ter carroças nas proximidades? Porque na minha terra o castelo vive rodeado por elas...

─ Senhorita, sim, alguns comerciantes ficam nos arredores do castelo, vêm trazer alimentos frescos antes de o sol nascer, eles vêm em carroças. Também possuímos alguns senhores que alugam carroças para curtas viagens durante a noite...

─ Claro... É muito comum na minha terra também – Essa história de "minha terra" já estava ficando repetitiva, mas era a única que eu tinha.

─ A senhora precisará de minha ajuda para se secar ou eu posso me retirar? ─ Olhei para Magdalena... Ela iria me secar? Mas que absurdo.

─ Sim, eu posso fazer isso sozinha... Obrigada pela ajuda...

─ Claro, senhorita. ─ Magdalena já estava a caminho da porta.

─ E... Obrigada por não me delatar para ninguém... ─ A jovem acenou e saiu silenciosa. Aproveitei aquele tempo solitário, dentro da banheira, para pensar na minha situação atual.

Eu estava não a milhas, mas a séculos de distância de casa, o que por si só era uma loucura, se não fosse piorado pelo fato de eu ter que me passar por uma princesa e mentir sobre o paradeiro dela. Minha única pessoa de "confiança" era uma criada, que achava que eu e a princesa tínhamos um acordo para trocar de lugar, era a história mais absurda do mundo, mas foi a única que eu consegui inventar.

A única pista que eu tinha de como eu havia ido parar ali era o pingente que a cigana havia me dado, aquela coisa, embora eu não quisesse aceitar, devia ser mágica... Era muito difícil acreditar em pedras mágicas, mas eu estava em outro século, vivendo com pessoas que deveriam estar mortas. Nada pode ser mais estranho que isso, uma pedra mágica é quase fichinha. Eu só tinha uma chance de obter respostas, e teria que ser nesse acampamento cigano a leste do castelo. Magdalena disse que homens alugavam carroças em frente ao castelo, eu não tinha dinheiro comigo, pelo menos não daquele século... Infelizmente teria que dar um jeito com alguma joia da princesa, o que não seria furto, seria? Já que temporariamente eu sou ela.

Sina - A viagemOnde histórias criam vida. Descubra agora