Capítulo 14

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Estava frio e escuro, eu não conseguia distinguir onde estava, mas podia sentir que minhas mãos passeavam por paredes de pedra, iguais as do castelo, isso deveria significar que eu estava de volta à casa da princesa, mas como? E por que estava tão frio? A última coisa que eu me recordava eram os meus pés presos dentro do lago, de minha consciência se esvaindo aos poucos... E da escuridão, a mesma escuridão em que eu me encontrava agora. Mas se eu estava de volta ao castelo deveria estar tudo claro, já que ainda era dia quando Cedric e eu saímos... E eu estava usando roupas diferentes, eu estava com um longo vestido marrom e não de... Calça jeans e minha camiseta favorita! E estava tão frio que eu podia sentir os pelos do meu braço ficarem arrepiados, embora nenhum fio de vento passasse pelo lugar. Aquilo mais parecia um limbo do que um castelo. 

Isso só podia significar uma coisa.

Eu estava morta!

Mas eu não podia morrer! Eu tinha que salvar o futuro da princesa, e o meu futuro! Eu tinha que fazer Cedric se apaixonar pela princesa e se casar com Marie... E eu não tinha feito nada disso. Sentia falta do meu quarto, do meu celular, do professor gato de fotografia... E acima de tudo, de Elise. E agora eu não poderia voltar para o meu tempo por que eu tinha morrido afogada em um estúpido lago!

─ Olha aqui, se tiver alguém aqui... Eu preciso voltar, isso foi um erro... Eu morri por engano! Eu preciso... Eu preciso... ─ Não tinha notado, mas grandes e exagerados soluços já se formavam na base da minha garganta, implorando para sair, lágrimas estavam molhando meu rosto e chegavam até a minha camisa. Eu estava chorando de desespero, aquele choro bem dramático e nada bonitinho. ─ Por favor! Eu preciso voltar! Eu... Eu tenho que ajudar a princesa! Eu... Eu... Elise... Elise não sabe o que aconteceu comigo! Ela nunca vai saber! Por favor... Não... Eu não posso ficar aqui!

─ Catarina... ─ No início, por causa do meu choro, eu não consegui ouvir a voz que me chamava, os meus soluços eram altos demais. Mas definitivamente alguém estava me chamando e depois que eu consegui acalmar minha respiração, eu pude ouvir.

─ Quem está ai? ─ Minha voz saiu trêmula, mas trêmula do que eu esperava.

─ Criança... Sou eu, se acalme! ─ Eu pensei que era finalmente um anjo da morte que tinha ido me buscar naquela escuridão, foi realmente difícil de enxergar alguma coisa, já que a pessoa estava envolta em uma grande bola de luz arroxeada.

O que eles diziam mesmo? Ah é! "Não vá para a luz".

─ Quem é você? ─ Perguntei.

─ Catarina, você me ofende... Não me reconhece? ─ A cigana Rosa falou, ficando bem na minha frente, a luz arroxeada tinha diminuído e só por isso eu consegui reconhece-la.

─ Cigana Rosa... O que eu estou fazendo aqui? Eu estou mo...morta? ─ Perguntei, minha voz rouca e falhando. A cigana começou a gargalhar. Um riso rouco, daquele riso de quem fuma um maço de cigarros a cada seis horas. Ela ria tanto que lágrimas escapavam pelos seus olhos, eu realmente não conseguia entender a graça da situação, já que eu estava desesperada e com frio e ensopada.

─ Morta? Claro que não! De onde você tirou isso, menina? ─ Mais risos. ─ Você é valiosa demais para morrer, querida. Eu apenas precisava conversar com você, e supondo que você não poderia mais sair do castelo... Essa foi a única forma que eu encontrei.

Eu a encarei, atônita.

─ Espera um segundo... Eu não estou morta? ─ A cigana confirmou. ─ Eu na verdade estou bem viva? ─ A cigana confirmou mais uma vez. ─ E você fez tudo isso porque precisava falar comigo? ─ Outra confirmação. ─ Ah, pelo amor de Deus! A senhora quer realmente me matar de susto? Existe uma coisa chamada "bilhete", sabia? Por que não deu um jeito de me enviar um?

Sina - A viagemOnde histórias criam vida. Descubra agora