Quando chegamos ao castelo já havia um grupo de excursão formado. À frente do grupo estava uma guia bizarramente simpática que vestia roupas de época também, mas o cabelo era loiro platinado, o que totalmente não combinava com aquele cenário, nem existia naquela época.
─ Então me sigam, pessoal! Vamos começar nosso tour pelo castelo Passamani! ─ Com isso o grupo começou a segui-la, assim como nós. Começamos o passeio pelo hall de entrada, onde ficava aquela enorme escadaria por onde tínhamos subido para os quartos, depois do hall de entrada foi a vez de conhecer o grande salão principal, onde na extremidade norte estavam postas duas cadeiras enormes banhadas a ouro, a guia disse alegremente que era ali que aconteciam as reuniões formais da corte, os bailes. Era ali também onde o rei fazia seus julgamentos perante a corte e anunciava suas decisões de governo para o seu povo.
Depois do salão principal a guia nos levou para a sala de esculturas, era lá onde ficavam as pinturas e esculturas (obras de arte em geral) pertencentes à realeza, havia uma variedade de bustos de mulheres e homens dos mais variados estilos, o busto de um homem barbudo e de maxilar forte se encontrava ao lado de um busto de uma mulher de rosto e nariz finos, os glóbulos oculares dela pareciam mais assustadores do que os do homem, os pelos no meu braço ficaram arrepiados. Abaixo desses dois bustos havia uma placa de bronze onde se lia "Re Marcellus e Regina Sienna", oh! Então aqueles eram os chefões! O Rei Marcellus deveria ter sido muito bonito, mas agora era só pó a sete palmos do chão em algum lugar daquele castelo.
─ E agora, se me fizerem o favor, gostaria de mostrar a vocês uma das obras mais belas desse salão, o retrato de Marie Passamani. ─ Elise estava admirando a obra enquanto eu brincava com meu novo pingente e esperava aquela excursão acabar, ela parou, soltou um assobio e agarrou meu braço.
─ Ai! O que foi agora? ─ Perguntei e ela apontou para o quadro da princesa.
Deus me ajude.
Um suspiro de surpresa escapou pelos meus lábios.
─ Eu sei! Minha nossa senhora... Catarina, ela é o seu clone! ─ Eu assenti, ainda encarando o quadro.
A menina na tela era realmente parecida comigo, mas analisando direito, não era igual. O nariz dela era um pouco mais fino que o meu, as maçãs do rosto um pouco mais cheias, os cabelos eram negros e lisos, e os meus eram negros e levemente ondulados, e os olhos... Os olhos eram de um castanho claro, como âmbar escuro e eles eram brilhantes e calorosos.
─ Não é tão parecida assim, olha direito, o rosto dela é mais redondo, o nariz é mais fino e os olhos são mais claros que os meus... ─ Elise olhou para o quadro fechando os olhos em fendas.
─ Verdade, mas, Catarina... Essa diferença é quase imperceptível, quer dizer, se você engordar um pouco mais seu rosto fica igualzinho, o cabelo é muito parecido, o nariz não é tão fino e os olhos... Só olhando muito fundo neles para reparar que os seus são de um castanho mais escuro. ─ Eu olhei novamente para o quadro, a garota era realmente parecida comigo, tinha os lábios exatamente iguais aos meus, o tom de pele... Okay, eu parecia com uma pessoa que estava morta a mais de 500 anos, se isso poderia ficar mais esquisito eu não queria estar acordada para ver.
A guia, que estava alheia ao grande samba do dia, continuava falando sobre o quadro. Aparentemente minha doppelganger italiana era a Princesa de Baltícia, a Princesa Marie Passamani, a guia falava que Marie tinha sido conhecida por sua doçura e simpatia, ao que parece ela era uma grande defensora da paz de seu povo, mas quando seu reino mais precisou ela falhou, um grande acordo de paz deveria ter sido consumado e não o foi, fazendo com que a discórdia caísse sobre Baltícia e o seu povo. Foram cinco anos de sofrimentos e perdas para a cidade, que só depois de seis anos conseguiu se reerguer, mas a cidade já havia perdido seu posto de grande comercializadora da região e logo depois foi esquecida pela nobreza, Marie passou o resto da vida em um convento, e passou os seus últimos anos afogada na loucura criada pela culpa de ter falhado com seu povo.
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Sina - A viagem
Fantasi"Eu soube que minhas malas não iam aparecer... Que eu não teria mais tomadas ou abajures no quarto, eu soube que Elise, minha melhor amiga, estava desaparecida... E eu sabia o porquê. Por que todas aquelas coisas e pessoas não existiam ali...