Quebrada

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Abro os olhos devagar e sinto uma pequena pontada na cabeça. Minha visão fica um pouco embaçada, mas em segundos volta ao normal e vejo Holly ao meu lado. Quando me vê abre um pequeno sorriso e percebo que seu rosto está inchado e seus olhos vermelhos.

- Oi. - Minha garganta arranha um pouco quando falo.

- Como você esta? - Se aproxima mais e aperta minha mão.

- Exausta. Fisicamente e emocionalmente

- Ele ainda está aqui. - Sussurra me fitando.

Meu coração se acelera e fecho os olhos por breves segundos.

Sei que Dylan está arrependido pelo o que fez, mas isso não é o bastante. Ele me quebrou quando disse aquelas coisas horríveis e não está sendo nada fácil de lidar com as lembranças que elas me trazem.

Meus pensamentos são interrompidos quando Sam entra no quarto.

- Que bom que você não está mais pálida. - Diz aliviada. Se senta ao meu lado na cama e evita contato comigo. Abaixa os olhos e sei que algo a está incomodando. Fica um silêncio desconfortável.

- O que está acontecendo? - Pergunto olhando entre Holly e Sam.

- O médico disse que a cirurgia que você fez não é 100% confiável e que a doença pode voltar com tudo e... - Sam olha para Holly que está começa a chorar baixinho. - Pode mata-la. - Sua voz falha e algumas lágrimas escorrem de seu rosto.

Pego na mão das minhas duas amigas e tento parecer confiante mesmo que por dentro não esteja.

- Vai ficar tudo bem. - Fui irresponsável por não ter notado os sintomas antes.

Quando tinha doze anos meu nariz começou a sangrar e sempre tive dores de cabeça, mas nunca dei muita importância. Afinal com as coisas que eu vivia ao meu redor não era possível ficar saudável e completamente imune por muito tempo.

- Tudo ficará bem Amber. - Sam diz confiante.

Holly concorda e limpa o rosto com as costas da mão.

Batem na porta e Declan aparece com um buque de flores na mão.

- Oi. - Murmura.

- Oi. - O cumprimento e sorrio quando o vejo. As meninas me contaram que foi ele que me trouxe correndo para o hospital e que cuidou de tudo por mim quando estava inconsciente. - Obrigada por tudo. - Agradeço.

- Trouxe para você. - Coloca o buquê ao meu lado da cama e fica parado me olhando preocupado.

- Isso é gentil. - Holly diz quando se levanta para coloca-las na água.

- Tudo que seu primo não é. - Samantha diz com amargura na voz.

- Samantha. - Holly a repreende. Declan encara Sam e abre um sorriso discreto. - Apenas falando a verdade. Aquele cretino filho da puta não chegará nem perto de você.

Meu coração se aperta ao pensar em Dylan. Sinto falta de estar nos seus braços e de ouvir sua voz sussurrando em meu ouvido.

- Eu o amo. - Minhas palavras saem sem meu consentimento. Os três me encaram e de repente me sinto cansada. - Eu quero ficar sozinha.

- Me desculpe. - Sam diz beijando minha testa. Apenas balanço a cabeça e não a olho.

Holly a acompanha para fora e Declan ainda continua de pé ao meu lado. Ao invés de sair ele senta na cadeira na onde Holly estava e pega na minha mão.

- Ele está sofrendo também Amber. - Diz me fitando.

Sei que ele está. Pude notar a dor em seus olhos quando disse aquelas coisas para mim. Mentiria se dissesse que não tive vontade de agarra-lo e esquecer tudo. Mas isso não é possível. O que Dylan fez me quebrou e desencadeou lembranças de um passado feio e sujo. Ele conseguiu abrir a porta que a tanto tempo tranquei e libertou os monstros que tentei manter longe.

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