Como se fosse real

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Já anoiteceu e não recebi nada de Dylan, começo a me preocupar, pois só recebi apenas uma mensagem de Morais dizendo que ele estava bem. Ando de um lado para o outro, não conseguindo ficar quieta. Tento ligar para ele novamente, mas não consigo. Solto um suspiro frustrado e jogo o celular no sofá, me sento na poltrona e coloco a cabeça entre as mãos. É um momento difícil para Dylan e eu não estou com ele, me sinto impotente e não gosto desse sentimento.

Levanto-me bruscamente e subo até o quarto afim de tomar outro banho, para tentar me acalmar. Tiro minhas roupas e entro na água quente, passo a esponja em volta do meu corpo e a única coisa que consigo pensar é em Dylan e o que deveria estar fazendo. Sei que ele está com Morais, mas mesmo assim me sinto angustiada por ele estar na rua a essa hora. Saio debaixo do chuveiro e me seco, me enrolo no robe e me deito na cama. Olho para o teto e tento pensar em outras coisas, e o que vem em minha cabeça é a consulta com o médico na quarta e do meu quase atropelamento. Tento não ir por esse lado, mas é tarde demais e imagens de Arnold aparecem. Meu coração começa a acelerar, solto um grito sufocado e engulo as lágrimas que surgiram. As lembranças do passado voltam com tudo, me sufocando.

O vejo no vagão nos batendo. O vejo estuprando aquela mulher na minha frente e depois me espancando até a inconsciência. Logo em seguida o visualizo com Amélia e só de pensar nisso me sinto angustiada e com medo do que pode acontecer. Fungo e deixo as lágrimas saírem, quem sabe assim não consigo acalmar meu coração?

Pego o travesseiro de Dylan e o abraço, inalo seu cheiro e me concentro em seus traços e em seu toque.

Fico assim por algum tempo e sinto minhas pálpebras pesarem, fecho os olhos e quando estou mergulhando na inconsciência sou puxada para a realidade.

Ouço um barulho alto vindo das escadas e me levanto rapidamente.

- Dylan?

Outro barulho me faz pular e penso se Dylan está ferido. Me levanto apressadamente e corro para o corredor, me viro em direção as escadas e esbarro em alguém. Seu perfume é doce demais e me sinto enjoada por alguns segundos.

- Olá carinho. - Levanto os olhos e perco o ar quando olho em seus olhos opacos.

- Arnold. - Me afasto, me atrapalhando com meus pés, o que me faz cair de bunda no chão. Ele olha para mim e começa a rir.

- Está linda, Amber. Sempre a achei linda. - Seus olhos posam em meu corpo e aperto os braços em volta de mim.

- Como conseguiu? - Me levanto cambaleante e penso que meu coração sairá pela a boca.

- Como acha que consegui?

Vejo sangue em sua roupa e sinto vontade de vomitar. Ele repara minha reação e balança a cabeça sorridente.

- Sempre achei que violência resolve tudo. - Pega em eu braço o apertando. - Venha, quero te mostrar uma coisa.

- Não. - Finco os pés no chão, e recebo um tapa no rosto.

- Me obedeça. - Rosna e sinto seu hálito podre em minha face.

Minha bochecha arde e não consigo respirar normalmente. Seu aperto em meu braço é brutal e solto um grito.

- Veja, não é lindo? - Olha para mim com um sorriso nos lábios e um brilho insano nos olhos.

Olho para baixo e meu coração para. Ele me solta e caio no chão, grito com todas minhas forças e as lágrimas borram minha visão e sinto a vida em mim se esvair. Ali no chão, vejo o corpo de Dylan, jazido sem vida.

Levanto-me e corro até ele com as pernas bambas e desmorono ao seu lado. Seus olhos estão abertos me encarando sem vida, seu corpo está coberto de sangue. Tento reanima-lo, faço respiração boca a boca, e sinto o frio de seus lábios. Afasto-me um pouco e não acredito no que está acontecendo.

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