Somente Minha

Já faz três anos

Acordo com o sol batendo em meu rosto, viro para o lado e percebo que Dylan não está na cama, ouço o barulho do chuveiro e estranho ele estar no banho a essa hora. Levanto-me e caminho até o banheiro, o box está aberto e o vejo lá dentro com a cabeça encostada na parede e fico preocupada ao vê-lo tão parado enquanto a água escorre em seu corpo nu.

- Dylan? - O chamo e ele nem se move. Aproximo-me mais e o chamo novamente. - Amor, você está bem?

Entro no box e o toco gentilmente no ombro. Ele se contrai e solta um suspiro quase inaudível.

- Volte a dormir Amber. - Sua voz sai estranha.

- O que houve?

- Volte a dormir. - Seus músculos incham quando seu braço se eleva acima de sua cabeça e não consigo evitar olhar.

- Não irei voltar para cama sem você. - Tento vira-lo, mas ele acaba se virando sozinho e em questão de segundos sou presa na parede pelos seus braços.

- Não foi uma ordem, meu anjo. - Seu olhar está vazio e me assusto com o tom frio de sua voz.

- Dylan. - Tento tocar seu rosto, mas ele segura meu pulso.

- Não.

- Por quê? - Sussurro o encarando.

Seus ombros murcham e seus olhos desviam dos meus.

- Por que eu não mereço. - Me solta e sai do chuveiro, pega uma toalha e sai.

Desligo o chuveiro e me enrolo em um robe. Volto para o quarto, mas não o encontro. Desço as escadas e o chamo, e não recebo nada em troca. Vou para a sala, para a cozinha e o encontro em seu escritório em frente a janela.

- Dylan você está me assustando. - Cruzo os braços e me aproximo cautelosamente.

- Por que você não passa a tarde com suas amigas hoje? Avisarei aos seguranças.

- São seis horas da manhã.

- Então volte a dormir. - Ouvi-lo dizer isso me machuca e não sei o que aconteceu com o amante carinhoso da noite passada.

- Está tentando me magoar? - Mordo os lábios nervosamente e temo suas próximas palavras.

- Não. - Passa a mão no cabelo molhado e se vira para mim. - Sinto muito.

Está óbvio que algo o está incomodando, me aproximo mais e paro em sua frente.

- Amor, pode se abrir comigo. Eu estou aqui. - Toco seu rosto gentilmente e dessa vez ele não recua.

- Hoje faz três anos, Amber. - Seus braços me rodeiam e não me importo com a força de seu abraço.

Entendo suas palavras perfeitamente e sua dor se torna a minha dor. Hoje faz exatamente três anos do acidente que deixou Dylan limpo da heroína, e faz três anos que ele atropelou aqueles dois garotos.

- Querido. - Pego em seu queixo e o beijo levemente. - Não foi sua culpa.

- Então por que eu sinto que é? - Se afasta de mim e grita. Encolho-me com essa explosão e ele pragueja. - Sinto muito, anjo.

- Está tudo bem. - Acaricio seus cabelos e não suporto vê-lo desse jeito.

Preciso ajuda-lo e dar o conforto que ele merece, não posso vê-lo inconsolável. Abro meu robe e o deixo cair no chão, ficando completamente nua.

- O que está fazendo? - Seus olhos posam em meus seios. Coloco um dedo em sua boca, sinalizando para ficar quieto.

- Eu te amo e você é a melhor pessoa que eu já conheci. Foi horrível o que aconteceu, mas isso não significa que é um assassino. Foi um acidente e você estava fora de si.