Miguel sentia o seu peito aperto em agonia profunda e desesperadora. Tinha completado uma semana desde acidente, uma semana que Gustavo estava em coma. Os médicos tinham dito que o inchado havia melhorado e que agora dependeria unicamente do moreno acordar.
Todos os dias ele convenceu a sua mãe permitir que o levasse para o quarto de Gustavo, e ele gastava pelo menos três horas sentado na cadeira e segurando a mão de seu namorado.
Era final da tarde, e Miguel havia cometido a travessura de sair de seu quarto sem ninguém ver. Mais recuperado, ele conseguiu deixar o quarto sem a carência de cadeira de rodas.
Loirinho entrou no quarto fechando a porta atrás de si e andou até a cama. Diferente das outras ocasiões que ele ficou sentado na cadeira, Miguel subiu na cama hospitalar e deitou ao lado do namorado. Apoiou sua cabeça contra ombro de Gustavo e tomou a mão fria entre as suas.
— Guto... Acorde! Eu preciso de você! — Miguel choramingou. Ele sentiu os olhos arderem anunciando lágrimas, mas manteve-se firme, recusando permitir que elas caíssem.
Ele fechou os olhos e ficou quieto apenas escutando o barulho das máquinas interligadas a Gustavo e seu peito que subia e descia lentamente. Perdido em sua própria agonia, ele não escutou quando a porta abriu.
O recém-chegado olhou cuidadoso para a cama e aproximou. Ela ergueu a mão e tocou os fios dourados.
Miguel assustou, e abriu os olhos, somente para encontrar a senhora Munhoz.
— Oi...
— Oi querido! Está tudo bem? — A mãe de Gustavo perguntou.
Miguel sentou na cama e esfregou os olhos. Apesar de saber que os pais de Gustavo estavam na cidade e com frequência no hospital, ele não havia dito oportunidade de encontrá-los.
Os conhecia unicamente de foto ou das historias que Guto contava, já que o casal morava nos EUA e raramente vinha ao país. Normalmente era Gustavo que ia passar as férias com seus pais.
— Sim! Desculpa entrar... Eu queria... Fica um pouco com ele. — Miguel disse sem jeito.
Narcisa sorriu. — Eu estava indo comer algo na lanchonete, quer me acompanhar? — Ela pediu.
O loirinho olhou para o namorado e depois para sua sogra. Não pode deixar sentir certo medo, imaginou se aquela mulher ficaria furiosa e diria palavras duras com ele pelo fato de estar namorando seu filho.
— Cl-claro! — Miguel disse. Ele saiu com cuidado da cama e seguiu a mulher para fora do quarto. Vestidos pijamas hospitalar e calçados pantufas, Miguel seguiu a elegante mulher pelos corredores do hospital.
Ao entrarem na lanchonete, eles tomaram uma mesa vazia e foram atendidos pela garçonete.
— Um chá de cidreira e um chocolate quente. — Ela disse.
Miguel olhou em volta. Sabia que não devia demorar muito ou sua mãe descobriria que fugiu e ficaria preocupada. Voltou seus olhos para a bela mulher. Poderia encontrar um monte de Guto nela.
— Eu sinto muito!
— Pelo quê querido? — Narcisa perguntou. Eles haviam acabado de receber suas bebidas, mas não chegaram a tocá-las.
— Por acidente. Ser não fosse...
— Na comentar a sandices. O único culpado é o motorista do caminhão que entrou a contramão. — Ela disse firme.
— Mas...
— Agora repita comigo. Não é minha culpa!
Miguel engoliu o caroço que formou em sua garganta. Sentiu pequenas lágrimas cair de seus olhos. — Não é minha culpa! Não é minha culpa!
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Amar pode dar certo (Romance Gay)
RomanceUm grupo de quatro amigos está vivenciando a melhor fase de suas vidas, e vão descobrir que amar pode ser a oitava maravilha do mundo. Eles terão se fortes para transpassar as barreiras do preconceito, das regras e serem felizes nos braços do amor. ...