Capítulo 25

1.8K 190 48
                                    

As próximas semanas passaram como borrão na vida dos jovens. A dor e a culpa pareciam ainda impregnar a vida de ambos e os seus temores impediram de conversar.

Após receber alta do hospital, Miguel acabou não vendo ou falando com Gustavo novamente, ao menos próximos dias. Toda vez que ele selecionava o numero telefone do namorado, acabava desistindo e não ligava.

Sua mãe havia por diversas vezes oferecido para levá-lo ao hospital, até mesmo Daniel, mas Miguel sempre arrumava uma desculpa para não fazer.

Devido liberação médica, ele tinha mais uma semana longe da escola e aproveitou para ficar em casa. Ele havia até mesmo evitado ligar ou ver os seus amigos, raras as vezes que esses batiam na porta de sua casa.

Beatriz sentia a preocupação crescer dentro de seu peito. Ela não queria ver seu único filho mergulha profundamente em depressão. Sentia que devia fazer algo contra isso. Aquela manhã havia ligado para Narcisa, mãe de Gustavo, e indagou qual era horário da fisioterapia do moreno. Gustavo estaria recebendo alta do hospital aquele dia, mas antes teria mais uma sessão de fisioterapia.

Após deslizar o celular, Beatriz entrou na sala e analisou o seu filho que estava deitado no sofá e assistia algo que passava na televisão.

— Arrume que vamos sair. — Anunciou Beatriz.

Miguel olhou para cima e encarou a sua mãe com uma expressão confusa. — Oi?

— Eu disse para você se arrumar que vamos sair. Não estou pedido, estou ordenando. — Ela disse e deixou a sala antes que seu filho protestasse. Não queria agir autoritária com Miguel, porém, não pretendia ficar parada enquanto via seu filho afundar em profundo poço.

Miguel grunhiu, todavia levantou. Ele desligou a televisão e foi para seu quarto. Não queria sair de casa, contudo sabia que quando a sua mãe entrava em modo poderosa chefona, não era sábio contestar.

Sem ânimo, loirinho vestia uma bermuda jeans e uma blusa de manga com estampa de zebra. Passou os dedos nos cabelos e calçou sandália havaiana branca. Sinceramente, a sua mãe teria contentar com essa 'arrumação', por que ele não faria mais que isso.

Miguel deixou o quarto e encontrou-se com a sua mãe na varanda da casa. Beatriz deu olhar avaliador, mas não comentou nada. Os dois entraram no carro.

A viagem de carro foi feita em total silêncio. Miguel não parecia disposto a conversar, e Beatriz manteve a vontade do filho. Somente quando ela estacionou o veículo na frente do conhecido prédio, que Miguel abriu a boca.

Primeira sem pronuncia nenhum som, apenas o choque, porém alguns segundos depois vieram indignação.

— Mãe...

— Você vai visitar Gustavo. — Beatriz declarou.

Miguel estreitou os olhos perigosamente para sua mãe. — Eu deixei claro que não queria... Não pode...

— Ele é seu namorado, e mesmo que decida terminar, ainda são amigos. Não seja infantil e o veja. — Beatriz disse duramente. Ela não estava indo permitir seu filho desistir de quem amava por culpa ou medo. Mesmo que adquirisse a raiva de Miguel, ela estava indo força-lo a falar com Gustavo.

Miguel grunhiu, mas acabou guardado para si o palavrão que queria deixar sua boca e saiu do carro. Ele seguiu passos pesados ao lado de sua mãe para hospital.

Miguel tinha ciência que estava sendo infantil, entretanto não poderia evitar. Sua mente insegura tinha pregado dentro de subconsciente que ao ver Gustavo, esse o culparia pro tudo, então ao invés seguir conselho de seus amigos ou mãe em conversar com o namorado, ele simplesmente fugiu.

Amar pode dar certo (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora