CAPÍTULO 5 - UM INSETO EM ALAN

127 18 0
                                    

Na Damatio, Felipe, Sofia, Laura e Thomas corriam para o corredor dos armários, cuja movimentação estava intensa como sempre. O sinal de início da aula tocou e, em poucos segundos, tudo estava mais harmônico, os arredores da escola ficaram calmos num piscar de olhos e o espaço pareceu mais abrangente.

Ao abrir a porta da sala, uma voz rústica acabou com a felicidade.

– Atrasados? – um homem careca engravatado empinava o nariz – Por que será que eu não estou surpreso?

– Diretor, estávamos no pátio das Mangueiras... – Felipe se intrometeu.

– Cale a boca. O que é isso? – perguntou Evinco ao arrancar o convite das mãos de Laura. Olhava com um sentimento de repulsa, com altura nobre e peito estufado. O rosto era repleto de poros abertos e o remetia a uma aparência antiga e assustadora. Enquanto lia, Thomas cutucou Felipe e o alertou.

– Cuidado com o que está pensando em dizer. Não me engane, pois eu te conheço e não quero que ganhemos bronca – ele sussurrou.

– Por que acha que quero irritá-lo?

– Não sei, essa sua cara de pombo perdido na praça eu conheço há anos e me incomoda.

– Você é um idiota.

O grandalhão devolveu o convite à menina quando ambos sincronizaram uma fisionomia nauseante.

– Thomas, quero vê-lo em minha sala imediatamente. Sem ao menos um murmúrio importuno.

Antes de o garoto seguir seu caminho, sem ao menos saber o que fez de errado, Felipe lhe segurou pelo braço e lhe advertiu bem baixinho para ter cuidado. Era óbvio que não iria acontecer nada a ele, era como advertir a um tubarão que, no oceano, há ostras. Aquela escola, em tese, era um lugar estritamente seguro a quem a paga em dia ou tira as melhores notas. Thomas tinha bolsa integral.

Na sala, Evinco bateu a porta brutalmente. Aquilo não assustou o garoto e um profundo sentimento de obediência tomou seu corpo. O diretor o infligia medo.

– Sente-se – pediu o diretor, acomodando-se em sua poltrona – Você acha que a vida é fácil? Não, ela não é. Esta escola é uma das melhores do país – começou ele, tranquilo e com cumprimentos rigorosos vindos de seus gestos – você não é nada mais que um bolsista e isso não pode ser levado em vão, muito menos ser esquecido.

– Mas, diretor, eu me esforço...

– Eu não terminei de falar – manteve-se sem desvio, não permitindo nenhuma tergiversação – Mal posso extenuar minhas preocupações que você logo aparece, me dando dores de cabeça. Se isso se repercutir, medidas sérias serão tomadas, e eu não vou pensar duas vezes em puni-lo com minhas próprias mãos.

Enquanto falava, Thomas pensava em apenas uma coisa: o porquê dessa tamanha inspeção. Não havia um motivo tão agravante que levasse Evinco a ter essa atitude. Um pouco de desmazelo iria fazer bem à situação. O garoto, por muitas vezes, tentou se manifestar, pensou em dizer ao diretor que estava com os amigos e perguntar o motivo de ele o culpar por algo de que nem sabia o motivo, porém não houve chance.

Aquala e o Castelo da Província (vol. I)Onde histórias criam vida. Descubra agora