CAPÍTULO 10 - AS AVES CINTILANTES

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Naquele mesmo dia, Thomas tinha a certeza de que seu pai não voltaria para casa. Não havia receio ao permanecer sozinho em casa, mas o que realmente o comovia era não ter uma companhia para conversar, contudo a melhor saída foi dormir na casa do melhor amigo.

De madrugada, Felipe não tinha sono algum, ele olhava para o teto de seu quarto tentando imaginar um mundo inteiro diante de seus olhos, mas somente encontrava o teto. Luka dormia na gaveta de cuecas do garoto, havia uma luz verde em volta dele, assim iluminava o quarto. Volta e meia, Thomas, no colchão abaixo, puxava algum assunto que logo era rompido com êxito pelo garoto.

– Deveríamos ter passado o dia com as meninas.

– Não houve nada melhor para fazer que ficar horas arrumando minhas malas – colocou-se Felipe – Você deveria ter feito as suas.

– Tenho poucas roupas para dobrar e sapatos para pôr na mala, somente.

– Então completamos tudo com êxito – ele riu. Um momento de silêncio instalou-se no cômodo. Qualquer graça tornou-se nada mais que bobeira. A língua de Thomas coçava e não se prendia tão facilmente em seus dentes.

– O que pretende dar à Sofia?

Mais alguns segundos de silêncio pairaram no ar e, logo em seguida, veio a resposta.

– Como assim?

– Li, no livro que me emprestou, que, ao encostar em terra aqualaeste, um representante do sexo masculino deve presentear uma representante do sexo feminino. Isso é cultura Neo Malisiana – ele apoiou a cabeça em seus braços.

– Isso vai ser engraçado – Felipe falou em tom eufórico ainda se ajeitando na cama – Mas eu só vou fazer isso por que quero pregá-la uma peça.

– Vá com calma. Lembre-se de que seu humor é um tanto pesado – alertou Thomas.

– Sofia é durona, ela aguenta.

– Não tenho certeza quanto a isso. Talvez ela fique chateada, essas suas brincadeirinhas são, algumas vezes, ofensivas.

– Ofensivas como? – Felipe olhou para o colchão embaixo, onde o amigo estava.

– Não sei como explicar, deixe-me dar um exemplo. Quem é a única garota com quem você faz piadas? – não houve ruído algum durante uns segundos – Sofia, certo?

– Talvez sim – Felipe concordou.

– Quem é a única pessoa que você faz questão de caçoar todos os dias em que a vê?

– Eu deveria dizer Sofia?

– Claro! Só quero alertar que nem sempre ela deverá aceitar suas piadas de mau gosto.

Aquala e o Castelo da Província (vol. I)Onde histórias criam vida. Descubra agora