Chovia demasiadamente e a água batia no basculante da cozinha, o que dava uma sensação de se estarem em um baluarte, bem seguros na casa de Felipe e longe de qualquer ameaça que estivesse lá fora.
Uma bancada de aço preenchia as paredes de ladrilhos brancos e dava um charme na cozinha, que Thomas não conseguia enxergar na sua. O garoto havia passado boas tardes vendo televisão diante daquelas panelas penduradas em perfeita sintonia, dava um clima exótico e perfeito para grandes chefes que idolatrassem qualidade.
Felipe sentou-se numa cadeira acolchoada ao apoiar-se sobre a bancada e deliciou-se com uvas verdes que lhe esperavam numa corbelha, repleta de frutas. Thomas, por um momento, poderia jurar que o cacho flutuou até a mão de seu amigo, mas aqueles dias estavam tão estranhos que ele não ousou verificar. Nada como um anfitrião para familiarizar os amigos, mostrando-se bem à vontade. Relampejava bastante lá fora.
Era uma chuvosa tarde de sexta, o que levou Sofia a não se importar e ligar a televisão. Na verdade, ela não se importava com nada que era de Felipe, se tivesse que quebrar o quadro da sala de estar, ela quebraria, falaria que foi uma pena e compraria outro, só para criar discussão.
Eles assistiam ao jogo de basquete na cozinha, os Jockers jogavam contra os Lindwallies, o que deixava as meninas animadas. Thomas abriu a geladeira na parede e a viu recheada de tortas, carnes, iogurtes, legumes, mais frutas, leite, queijos, refrigerantes e sucos de maçã, abóbora, pera, uva e pêssego. Realmente estava farta. Era maravilhoso quando ia para a casa do amigo, ele se enchia de tudo que lhe faltava, serviu-se e se sentou diante da bancada.
Apesar de não ter nem a metade do que Felipe tinha, Thomas se orgulhava de ser quem era, pois, na cabeça dele, qualquer outra pessoa teria crises de inveja ao se comparar como ele mesmo se comparava de vez em quando, mas era agradecido por não ser invejoso.
O garoto estava aéreo quando Sofia lhe assustou com uma pergunta:
– E você, acredita em seres de outros planetas?
Ele pareceu bastante surpreso com o assunto naquela cozinha, não soube o que responder por um momento, pois preferiu não dizer o que realmente achava, já que seus amigos poderiam lhe jogar pedras.
– Não sei responder essa pergunta. Vocês acreditam?
– Laura acredita, a mãe dela esteve em contato com alguns.
– Não foi bem assim – disse a garota enquanto mastigava a uva – eu contei que minha mãe já viu passarem alguns discos voadores pelo céu. Eu acredito porque acho improvável somente nós existirmos no universo todo.
– Eu já li vários livros sobre esse assunto – disse Felipe – na maioria, aparecem fotos de extraterrestres com aquela mesma fisionomia, magros, cabeça gigante e olhos pretos e amendoados.
– Thomas também tem olhos amendoados, meio puxadinhos, imagina se for um ET! – brincou Sofia.
– E.Thomas – falou Laura, rindo.
– Deixem eu falar! – resmungou Felipe, tirando a brincadeira das meninas – Na minha opinião, existem vários tipos de extraterrestres, nem sempre com dois olhos, uma boca, duas orelhas, um par de braços e pernas. Eles podem ser diferentes e andar com um rabo apenas.
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Aquala e o Castelo da Província (vol. I)
AventuraExtraterrestres. Será que eles realmente existem? De onde vêm? Será que são do jeito que os humanos imaginam? E se muitos deles já vivessem disfarçados entre nós, escondendo sua verdadeira identidade? Thomas Flintch é um menino pobre de 14 anos que...