CAPÍTULO 13 - A CORRIDA

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Lutile e Rosana desfaziam as malas enquanto os garotos conversavam, sentados com as pernas penduradas nos braços das poltronas, enquanto Sofia cruzava as pernas. Felipe tinha a visão voltada para o jardim do lado de fora, através da janela que era bem grande, onde alguns peixes azuis nadavam a um metro da grama. Ele se sentia em casa. Estava envolto por toda aquela maravilha que, no fundo, ele sempre imaginou que existisse, um mundo impossível.

As meninas pareciam conversar sozinhas, tudo o que falavam não passava de ruídos para Thomas, ele somente imaginava como seu pai devia estar quatro anos depois e via um homem de barba mal feita e grisalha. O garoto sempre foi muito realista enquanto acompanhava a batalha do pai contra o desemprego. Ele sabia que a vida não era moleza, tinha que trabalhar para conseguir o que desejava, contudo Aquala lhe mostrou que pode ter tudo de um modo mais fácil.

Foi esse o grande motivo que fez o garoto tão fascinado com aquilo a sua volta, parecia uma nova chance que a vida lhe dava para ser feliz. Toda vez que olhava para as pinturas no teto, para os pelos cintilantes daquelas aves e para os peixes que nadavam entre as árvores, queria que seu pai estivesse lá com ele usufruindo as coisas que jamais imaginava, mas, como o próprio Robert havia dito, sua estadia na Terra era necessária, afinal tinha conseguido um emprego e era de total importância que permanecesse. Uma sensação ruim vinha em torno disso, uma sensação que nem Thomas conseguia explicar, mas que o arrepiava de modo congelante.

A voz de Rosana os chamando atrapalhou toda a conversa e os pensamentos dos garotos.

– Venham arrumar suas coisas, não somos empregados. Largue isso, Lutile, eles desdobram tudo. Se querem passear por aí, devem deixar tudo bem arrumado.

Sofia deu uma olhada em todas as suas roupas amontoadas sobre a cama de Thomas, misturadas com as de Laura. Seu estojo de maquiagem isolava-se no piso brilhante, e seu olhar tornou-se desesperado.

– Onde estão minhas coisas?

– Estão aqui, querida – falou Rosana, desdobrando as camisas.

– O-onde estão... eu quero, dizer... meus apa-aparelhos. Não os vejo.

– Que aparelhos? – perguntou Lutile.

– Meu celular, computador, tudo!

– Você está louca? – indignou-se Felipe, exaltando-se com a garota – Obviamente tudo isso ficou em Osíris.

– Como assim, mexeram nas minhas malas?

– O que você quer que façam? Que deixem entrar esses aparelhos em Aquala? Seria o fim de tudo!

Sofia fez cara de desentendida, era mais um dos ataques sobre inteligência de Felipe, em que somente ele teria a razão.

– Você não deve saber, mas existem pedras no fundo dos oceanos que entregam energia para todo o planeta e, sem essa energia, há desmoronamentos, quebras na crosta e uma diminuição exorbitante no núcleo. E são esses objetos, como computadores e celulares, que causam uma interferência significativa nas pedras Kespentate e no resto do planeta. Ou seja, nós morreríamos. Deu para entender?

Aquala e o Castelo da Província (vol. I)Onde histórias criam vida. Descubra agora