Admiração e respeito

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Por Peeta

Aproveitando que minha mãe não estava por perto, eu e meus irmãos iniciamos uma conversa inusitada com nosso pai após a reunião:

— Pai, conta aí como foi a sua história com a mamãe. Vocês são tão diferentes – pede Michael.

— Bom... – Ele parece pesar as palavras antes de falar. — Mesmo eu sendo um romântico incorrigível, devo confessar que foi a mãe de vocês que me pediu em casamento.

Todos nós rimos ao ouvir essa revelação.

— Isso é bem a cara dela – afirmo.

— Mas, e antes disso, pai? – pergunta Brad.

— Antes do pedido de casamento... Na verdade, eu amava secretamente outra menina, mas ela se apaixonou por outro rapaz – revela ele e olha pra mim.

Essa parte da história eu já conheço desde o meu primeiro dia de aula, quando eu tinha cinco anos e ele me contou sobre sua vontade de se casar com a mãe de Katniss.

— Eu queria muito uma esposa e formar logo uma família. Meu pai estava relutante em me deixar assumir a padaria antes que eu encontrasse alguém que me desse um suporte por aqui – prossegue ele. — Mas meu amor pela moça com quem eu queria me unir não era correspondido. A mãe de vocês me fez ver a possibilidade de começar uma vida a dois, mesmo depois da minha desilusão amorosa.

— Ela não perdeu tempo – comenta Brad.

Meu pai confirma com um movimento de cabeça e continua:

— Eu não tinha mais motivos para esperar. Além disso, sua mãe cresceu com seus avós e seu tio na mercearia. Então, o seu conhecimento de comércio ajudou muito nos negócios aqui na padaria.

— Mas isso não é um negócio, pai, é um casamento! – argumento.

— Você tem razão, filho. Mas não pensem que eu só me casei com a mãe de vocês por... digamos assim... praticidade. Existe admiração e respeito entre nós. Tanto que estamos casados há 19 anos e tivemos três filhos juntos. Eu convivo com a mãe de vocês desde criança e sempre conheci sua honestidade e força.

— Ela realmente é honesta e forte. Até demais pro nosso gosto, que sentimos o peso de sua mão tantas vezes – ironiza Brad.

— Eu sinto muito pelo modo violento como ela trata vocês três. Infelizmente, sua mãe reproduz aquilo que ela mesma viveu e talvez, por isso, ache que é o modo correto de criar seus filhos – diz meu pai com sinceridade. — Antes de vocês nascerem, eu não podia imaginar que ela havia sofrido abusos em sua infância. De qualquer maneira, sempre converso com ela a respeito de como discordo completamente de qualquer agressão contra vocês. Sempre tento acalmar os ânimos de sua mãe nos momentos mais tensos.

— Então, você não está fazendo um bom trabalho, pai – murmuro e dou uma risada fraca, pontuando a brincadeira implícita no meu comentário.

— Não diga isso, filho. Lembre-se que o modo como ela trata vocês poderia ser muito pior, se eu não fizesse nada a respeito e não tentasse convencê-la do contrário.

Após essa frase, eu e meus irmãos engolimos em seco. É difícil pensar que nosso relacionamento com nossa mãe poderia ser pior, assim como é duro saber que ela própria sofreu maus tratos e, provavelmente, não tinha ninguém para defendê-la, como meu pai faz conosco.

— E a menina de quem você gostava, pai? O que aconteceu com ela? – questiona Michael.

— Durante muito tempo, não tive coragem de dizer a ela o que eu sentia e, quando finalmente consegui abrir meu coração, já era tarde demais. Ela já havia caído de amores por um garoto da Costura, que, desde que a conheceu, cantava aos quatro ventos que a amava mais que tudo.

O presente de Peeta para PrimOnde histórias criam vida. Descubra agora