Um presente para todos

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Por Peeta

Retornando ao interior da padaria, pude perceber os semblantes curiosos dos meus irmãos.

Olho ao redor e observo que minha mãe já subiu de volta à nossa casa, de modo que fica óbvio que ela desceu apenas para aquela tentativa de agradecimento à Prim.

Se bem que não foi só uma "tentativa", pois Prim, que é um doce de criança, saiu daqui bastante grata. E não duvido nada de que já esteja alardeando por aí o quão bondosa é a Sra. Mellark e como é injusta a sua fama de megera.

Não demora muito, ouço Brad perguntar:

— Pai, o pão que você deu à menina fazia parte das entregas do Prefeito?

— Não, Brad. Era pra ser vendido aqui na padaria mesmo.

— Mas os cookies que a mãe deu a ela eram para a entrega... Estavam nessa bandeja aqui. – Brad aponta para o espaço onde ele e Michael estão separando as encomendas.

Meu pai não esconde seu espanto, como se também não esperasse que minha mãe tivesse esse desprendimento, mas logo se recompõe e diz:

— Não se preocupe. Eu e sua mãe decidimos fazer uma quantidade maior do que a que foi pedida, justamente para não termos problemas, caso acontecesse algum imprevisto – explica ele, entregando-lhes um papel. — Para que vocês possam embalar as encomendas corretamente, usem essa planilha aqui, onde estão anotadas as quantidades certas. O que sobrar, colocaremos à venda aqui mesmo na padaria.

Quando meu pai se afasta, Brad ainda comenta:

— A mãe está estranha. Não dá biscoito fresco nem pra gente. O que foi que aconteceu lá fora, Peeta, pra ela deixar o que estava fazendo lá em cima e vir aqui dar cookies àquela garotinha?

— Ela deve ter visto pela janela que Primrose veio à padaria.

— Primrose?

— Sim. A criança da Costura que me deu o remédio para queimaduras ontem – respondo.

— Engraçado. Não foi a mãe que disse pra você retribuir o favor, dando-lhe pão ou biscoitos que não servissem mais pra vender? – Michael lembra.

— Alguma coisa a fez mudar de ideia – concluo em voz alta.

Pode ter sido a história que Prim contou sobre a morte do bebê durante o parto.

— Será que ela escutou o que Prim estava falando? – questiono meus irmãos.

— Acho que sim. Ela desceu e foi rapidamente até onde vocês estavam, logo depois o pai entrou, pegou o pão e ela veio atrás pegar os cookies – diz Brad.

— Talvez tenha sido esse o motivo. Ela ouviu o que Prim me contou – encerro o assunto e subo as escadas para almoçar.

Chegando à cozinha de casa, minha mãe também está se preparando para fazer sua refeição. Pego os talheres que vou usar e me viro para ela:

— Mãe, sobre o que aconteceu agora há pouco... – começo a falar, mas ela me interrompe.

— Não quero ouvir nem uma palavra a respeito disso. – Minha mãe ergue uma das mãos, demonstrando irritação.

Posso perceber o tom áspero já de volta à sua voz. Não consigo entender sua mudança repentina de humor.

Ela puxa uma cadeira e põe seu prato sobre a mesa com movimentos bruscos, fazendo muito barulho.
Permaneço calado enquanto preparo o meu prato. Não ouso nem mesmo olhar em sua direção ao pedir licença para me sentar à mesa, próximo a ela. No entanto, quando menos espero, minha mãe começa a dizer, como num desabafo:

O presente de Peeta para PrimOnde histórias criam vida. Descubra agora