Pausa para uma dança

742 38 57
                                    

Por Peeta

Evelyn aprofunda seu beijo. Depois de ficar tenso pelo susto inicial, meu corpo relaxa com o seu toque feminino e, a princípio, não ofereço nenhuma resistência. Ela toma isso como um incentivo e solta meus braços para envolver minha cintura.

No entanto, não é a ela que quero devotar meus beijos e minhas carícias. Esforço-me, então, para refrear meu desejo de um adolescente de 16 anos e tento me desvencilhar do seu abraço.

— Eve, você é linda e eu gosto muito de você. Mas eu sinto muito. Existe uma outra menina por quem sou apaixonado há muito tempo e...

— Isso pode até ser um problema... pra ela, pois eu não me importo! – E ela cola novamente sua boca à minha.

Eu a seguro pelos ombros, tentando afastá-la suavemente.

— Desculpa, Eve, é sério. Não posso corresponder... – sussurro e ela põe um dedo em meus lábios.

— Shh, Peeta. Eu só queria mesmo um beijo seu. Sempre quis. – Ela dá um passo para trás, rindo maliciosamente.

Quando penso que Evelyn desistiu de me agarrar, afrouxo as minhas mãos de seus ombros e começo a falar:

— Meu irmão Brad... - começo e ela não deixa eu terminar a frase, puxando a gola da minha camisa para me dar outro beijo.

Dessa vez, escuto os passos de alguém se aproximando, porém ela somente afasta seus lábios dos meus quando essa pessoa pigarreia propositalmente para denunciar sua presença.

Se for o Brad, sou um homem-morto. Nem preciso esperar a Colheita para que chegue o meu fim – penso antes de abrir os olhos e ver meu pai, que entrou pelos fundos.

Nesse exato momento, Brad surge pela porta da frente.

É tudo muito rápido. Evelyn ainda está segurando minha camisa, quando Brad pergunta:

— O que está acontecendo aqui? – Sua expressão é de desconfiança.

Ela finalmente me solta e eu respondo, com a voz entrecortada pelo nervosismo:

— Co-como eu ia dizendo, Eve, meu irmão Brad quer conhecer melhor você. – Dou um sorriso sem graça em direção a Brad, que estreita os olhos para mim, deixando claro que ele entendeu perfeitamente que algo mais estava se passando, encarando-me furioso.

Meu pai é o primeiro a interromper o silêncio:

— Seus amigos estão esperando vocês lá fora. Acompanhe a Evelyn, Brad, pois preciso falar com o Peeta.

Ela me devolve o avental que Delly lhe emprestou e se retira ao lado do meu irmão, que, antes de sair, posiciona os dedos indicador e médio diante de seus olhos e depois os aponta para mim, sem que Evelyn veja.

Meu pai está em frente à mesa onde estão as tortas, todas prontas.
Ele não ergue os olhos em minha direção, mantendo sua atenção fixa nos bolinhos.

— Muito bem. Estou vendo que seu trabalho aqui já acabou, filho. Você já pode se juntar aos seus amigos.

Não consigo decifrar o semblante do meu pai, não sei se está aborrecido ou decepcionado. Só sei que continua sério ao dizer:

— Deixe tudo como está. Depois que os confeitos secarem, vou embrulhar as tortas para a entrega. Quando a reunião de vocês terminar, vou anunciar a surpresa que preparamos para sua mãe e seus irmãos.

— Tudo bem, pai. Só preciso tomar um banho para me reunir ao pessoal.

— Só mais uma coisa, Peeta. – Sua voz carrega um tom grave. — Vou pedir a você que, se de fato existe esse interesse de seu irmão por essa menina, converse com o Brad sobre o que presenciei aqui. Hoje ainda. – Meu pai frisa essa parte final.

O presente de Peeta para PrimOnde histórias criam vida. Descubra agora