Ao trabalho

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Por Peeta

Meu pai está diante de mim, olhando-me com curiosidade:

— Quero muito conhecer os seus planos e ajudar você, mas estou preocupado com o nosso cronograma. Por isso, vou pedir que você se prepare para assumir o posto de confeiteiro oficial da padaria o quanto antes.

— Ok, pai. Preciso de um bom banho e vou comer alguma coisa. Logo estarei de volta para colocar a mão na massa, literalmente.

— Depois, então, conversaremos melhor... Caso eu não esteja aqui quando você voltar, quero que saiba que já assei os bolos que serão colocados na mesa principal da festa. Você só precisa rechear e confeitar. Eu não os desenformei e estão esfriando ali naquela prateleira.

— Ótimo, pai! Foi uma grande ajuda – comento aliviado, pois isso vai me poupar bastante tempo.

Antes de me afastar, ouço Brad pedindo autorização para receber alguns de seus amigos amanhã, na reunião que sempre realizam em frente à padaria na semana da Colheita. Nem preciso ouvir a resposta do meu pai para saber que ele permitirá.

Costumamos fazer isso aqui na área comercial da cidade. As crianças e jovens que participarão da Colheita se reúnem com os colegas mais próximos no domingo que antecede a cerimônia. Seria algo divertido, se a motivação fosse outra, pois, a bem da verdade, esses encontros funcionam como uma espécie de despedida, mesmo que não saibamos quem será um tributo e quem irá, de fato, dizer adeus.

Não sei se terei tempo de participar com o meu grupo de amigos esse ano, devido ao volume de trabalho que tenho pela frente.

— Você e seus amigos marcaram de se reunir amanhã também, Peeta? – Meu pai pergunta.

— Sim, na casa do Deacon. Mas não sei se conseguirei terminar tudo a tempo de ir.

— Que tal chamá-los para virem pra cá também? Reunir uma turma boa seria legal – opina Brad. — Já terminei tudo aqui por hoje. Posso ir lá falar com o Deacon.

Imagino o motivo de o meu irmão fazer tal proposta... Interesse em alguma garota da minha turma, talvez? No entanto, só me resta concordar com a ideia, pois estou mesmo precisando conversar com a minha amiga Delly sobre o que pretendo fazer.

— Por mim, é a solução perfeita! – admito. — Só avise ao Deacon, por favor, que nossa mãe não costuma ficar conosco na padaria aos domingos.

Esse detalhe é muito importante, pois não só o Deacon, mas muitos dos meus amigos ficam completamente aterrorizados com o jeito da minha mãe.

Acho que só a Delly consegue sorrir pra ela. Mas Delly sorri pra tudo e todos e minha mãe não conseguiu ser exceção, apesar de seu "esforço".

Aos domingos, minha mãe se ocupa com as tarefas domésticas e só vem à padaria fiscalizar a nossa produção de vez em quando. É o dia perfeito para eu colocar meu plano em prática, se meu pai concordar em me ajudar.

Subo até a nossa casa para fazer um lanche rápido e tomar meu banho. Tenho que me apressar, pois, já que vou trabalhar no turno da noite para não atrasar nenhum dos pedidos, devo aproveitar as poucas horas em que temos energia elétrica no período noturno aqui no Distrito.

Quando adentro a sala de estar, observo que minha mãe pôs o buquê de flores num jarro com água. Sorrio ao pensar que as prímulas e os dentes-de-leão que antes, aos meus olhos, nada mais eram do que flores, passaram a ter também um significado depois da tarde que passei com Prim.

O presente de Peeta para PrimOnde histórias criam vida. Descubra agora