Por Peeta
Meu coração acelera após a revelação de Delly. Agora está explicado o motivo de ela ficar tão emotiva quando o tema da Colheita veio à tona e também quando mencionei uma provável despedida. Limpo o rastro de suas lágrimas com meus polegares, mas elas não param de descer em seu rosto pálido. Torno a abraçá-la:
— Não chore, Delly. Foi só um pesadelo e é só um pressentimento ruim. Nada aconteceu. – Eu queria acreditar nas minhas próprias palavras para me tranquilizar também.
— Nada aconteceu – repete ela. — Ainda.
— Não, ainda não – comento, num fio de voz.
Ela se acalma um pouco, porém não tenho mais meios de animá-la, pois também estou bastante abalado com o que ela me disse. Nesse instante, Deacon se aproxima de nós e exclama:
— Finalmente! Vocês resolveram assumir o amor de vocês!
Vindo dele, eu e Delly sabemos que não passa de uma de suas piadas.
— Nós nunca escondemos nada de ninguém. – Felizmente, Delly se entusiasma a continuar a brincadeira. — Espero que você não esteja com ciúmes, Deacon.
— Eu? Jamais! Vocês têm a minha bênção!
Deacon, então, começa a tocar com seu violino a canção tradicional que costumamos cantarolar quando os recém-casados cruzam a soleira da casa em que darão início a uma vida a dois, logo antes do ritual em que acendem sua primeira fogueira e torram alguns pães para serem compartilhados entre eles.
Entro no clima descontraído, erguendo o braço de Delly com uma das mãos, e a rodopio. Quando ela pára de girar, digo:
— Eu, Peeta, recebo você, Delly, como minha melhor amiga, e prometo ser chato e pegar no seu pé, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias da nossa vida, até que a sorte não esteja mais a nosso favor.
Todos nós rimos juntos. Delly fica engraçada, sorrindo com seu nariz ainda vermelho pelo choro de minutos atrás. Por ora, isso foi suficiente para aliviar a tensão.
— Vou levá-la em casa, Dell. Você vem conosco, Deacon? – pergunto.
— Sim! Vou! – Ele se vira para as outras pessoas. — Ei! Alguém mais indo nessa direção agora? – Deacon aponta para o caminho que leva à sua casa e à sapataria dos pais de Delly.
Logo um pequeno grupo se forma e caminhamos juntos, enquanto Deacon continua tocando algumas melodias pelo percurso.
À distância, vejo que Brad acompanha Evelyn ao seu endereço também, na companhia de alguns de seus amigos que moram do outro lado da cidade.
— Eu fico por aqui – avisa Ashley, por quem Deacon tem uma quedinha, ao chegarmos em frente à casa dela. — Esse encontro foi mesmo divertido. Concordo com o Peeta, devemos fazer isso mais vezes. – Ela se despede de todos com um breve aceno de mão, mas planta um beijo na bochecha do nosso amigo violinista. — Você me surpreendeu hoje com seu talento, Deacon.
Ele fica boquiaberto com o gesto de Ashley e, somente depois que ela entra em casa, diz com cara de bobo:
— Devemos fazer isso mais vezes, Ashley!
Aquela cena era um prato cheio para futuras brincadeiras com o Deacon, mas apenas digo a ele:
— Você não teve a oportunidade de dançar com ela, mas, no final das contas, foi recompensado.
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O presente de Peeta para Prim
RandomOs acontecimentos dessa fanfic são anteriores aos do livro "Jogos Vorazes": Alguns dias antes da colheita da 74ª edição dos Jogos Vorazes, o filho mais novo do padeiro do Distrito 12, Peeta Mellark, vislumbra uma maneira de se aproximar de Katniss...