Brian
Acordei 2h da manhã com meu celular vibrando: número privado.
- Te acordei, amor? - Julia. Ah, "ótimo"!
- Não sou seu amor! O que você quer? - fui o mais ríspido que pude.
- Você sempre vai ser meu amor, seu bobo. Por que está sussurrando?
- Não estou sozinho, Julia. - falei mais baixo ainda, enquanto me afastava da cama.
- Quem é a vadia que está com você? Brian, quando você vai aceitar que ainda me ama? É incrível sua teimosia e...
- Vai pro inferno! Quando é que você vai me deixar em paz... Já terminamos há meses, me esquece, pelo amor de Deus. - ela tinha o dom de me irritar.
- Não precisa ser tão grosso.. - Ah, puta que pariu! - Ainda mais próximo ao nosso segundo aniversário.
Ficamos juntos por um ano e meio. No começo era bom, Julia sempre foi uma mulher muito decidida e independente, nos divertíamos bastante, mas não havia aquela paixão toda. Pra mim, foi um caso de uma noite, que virou duas, três... quando vi, já estávamos namorando. Comecei a gostar dela de verdade, a amei muito, mas nunca foi paixão. Apesar disso, tínhamos um ótimo relacionamento e, aos poucos, me abri muito com ela. Mas com o passar do tempo, nossos objetivos foram mudando e nosso relacionamento também. Ela ficava cada dia mais distante, e me afastava cada dia mais.
Não importava quantas vezes conversássemos, nunca nos acertávamos. Até que um dia ela fez uma cena de ciúmes em uma confraternização profissional. Foi horrível. Eu conversava com uma convidada sobre investimentos em start up e Julia chegou gritando e ofendendo a moça. A coitada não sabia onde por a cara. Nem eu. Nunca me senti tão envergonhado como naquele dia.
No dia seguinte exigi uma explicação, algum motivo, de onde havia surgido aquilo. Como alguém que estava tão distante e fria num relacionamento poderia ter uma cena de ciúmes do nada? Ela não soube explicar, e eu já não queria mais tentar. Desse dia em diante, ela se tornou outra pessoa. Parece que tentava compensar por todas as vezes que foi fria e distante em nosso relacionamento, mas se esquecia que não estávamos mais juntos.
Já apareceu várias vezes no meu escritório agindo como se ainda fosse minha namorada. Já conversamos, tentei ser amigável, falar com alguém mais íntimo dela, até imaginei que pudesse estar passando por algum problema mais sério. Mas nada disso, ela simplesmente havia pirado.
Desisti de tentar ajudar, de tentar entender. Apenas ignoro quando posso, mas de tempos em tempos ela me liga, agindo como se ainda estivéssemos juntos. É uma loucura!
- Quando posso te ver, Brian?
- Julia, tenta entender uma coisa: acabou. Não tem aniversário de namoro porque não existe namoro nenhum. Por Deus, mulher, me esquece!
Desliguei na cara dela. Estava farto daquilo e, se ela continuasse, ia acabar explodindo e acordando Anna. Voltei pra cama torcendo pra que ela ainda estivesse dormindo. Não queria que Anna soubesse de Julia, era um fardo pra mim e eu não queria dividir isso com ela. Ainda mais porque eu mal a conhecia. E vai saber como ela vai reagir a uma ex namorada louca chamando-a de vadia. Sem contar o risco dela fugir. Arriscado demais.
Ela ainda dormia tranquilamente, deitei ao seu lado e fiquei admirando sua beleza. Sua respiração lenta, seu cabelo todo bagunçado no travesseiro. Adorava seu corpo. Não era igual aquelas mulheres magrelas que se vê em passarelas e capa de revista, nem estava acima de peso para os meus padrões. Era tudo muito bem distribuído. Era tão linda, tão gostosa. No impulso, cheguei mais perto e a abracei.
-Bri? - eu a acordei.
- Volta a dormir, baby. - sussurrei e beijei sua cabeça ao falar isso.
- Hmrm.. - ela balbuciou e se virou, me abraçando de frente e se aconchegando em meu colo.
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Ela quer mais.
RomanceE de repente tudo desmorona e você percebe que aquilo não era o suficiente. Você quer mais. Não, não é pedir muito! Anna é uma mulher que sai de um relacionamento e, pouco tempo depois, conhece alguém que a faz sentir algo que ela nunca sentiu ante...