Comecei a revisar o material da reunião ainda em prantos. Não sabia explicar bem o que eu estava sentido, mas a necessidade de chorar e colocar tudo aquilo para fora, isso estava claro. Fui me acalmando aos poucos, lembrando que o veria novamente, pela última vez antes de ir embora. Talvez se ele fechasse o negócio com os brasileiros, eu poderia ter alguma esperança de vê-lo mais alguma vezes. A ideia de tê-lo no Brasil me animava, mas pensar na atitude e olhares da Linda, me fazia gargalhar. Já até me imagino tendo que contar detalhes sórdidos desse fim de semana para Linda, enquanto Mari tenta entrar em seu computador de tanta vergonha. Sei que Vivi vai adorar isso. Sei que eu estava adorando isso.
Terminei de me trocar e segui para a sala de reuniões. Conferi tudo umas três vezes dentro do elevador. Estava nervosa, não tanto quanto a primeira reunião com a Silver, mas ainda tinha aquele frio na barriga, um calafrio estranho. Provavelmente, pura ansiedade para a noite. Lembrei novamente que iríamos embora, engoli o choro e saí do elevador rumo a assinatura do contrato.
-Talvez eu possa vir pra cá mais vezes... - pensei alto. Foco Anna!
Entrei na sala e dei de cara com o sr. Willian, imediatamente, notei uma presença ao fundo da sala, provavelmente o sr. Smith e o sr. Campbell, que parecia mais alto do que eu imaginava. Quando me virei para cumprimentá-los, travei.
- Srta Perez, boa tarde. Desculpe-nos novamente pelo imprevisto. - Disse o sr. Smith. - Esse é o sr. Campbell. Brian, essa é a srta. Perez. - Puta que me pariu. Vai se foder!
- Ahh... ehh... srta Perez?!!!? - isso foi uma pergunta ou o quê? Ele parecia tão pasmo quanto eu. Talvez fosse a cara de desespero estampada no rosto dele. Devia ser a mesma que eu tinha naquele momento.
- Se.. sr. Campbell! - claro que eu ia gaguejar.
Eu não sabia se eu ria de nervoso ou se eu saia correndo dali. Claro que não fiz nenhum dos dois. Mas, mentalmente, eu já estava correndo pro meu quarto tendo um ataque de pânico sabendo que eu transei o fim de semana inteiro com o cara com quem eu tenho negócios a tratar. Como eu pude dormir com alguém sem saber absolutamente nada sobre ele? Como eu pude não pensar que o negócio que ele iria fechar no Brasil seria comigo? Não tinha tantos brasileiros assim no hotel, só alguns.. Ok, mai que alguns. Mas puta que pariu. Se assinássemos esse contrato, iria trabalhar diretamente com ele. MERDA! Pelo menos eu o veria outras vezes. Mas ver sem poder tocar é sacanagem. E as reuniões que teríamos que participar juntos? Isso seria muito estranho. E como o filho da puta podia ficar tão gostoso num terno daquele jeito?! Vai se foder!
- Srs, podemos nos sentar? - Sr. Smith olhava para nós com uma certa estranheza. Devia ser paupável nosso constrangimento naquela hora.
- Claro. - tentei parecer o mais profissional possível, enquanto Brian me encarava com aqueles olhos azuis, lindos, arregalados.
A reunião foi rápida, revisamos os pontos mais importantes do contrato, fechamos datas e prazos e finalizamos em menos de 1 hora. Brian falou pouco, mas não tirava os olhos de cima de mim, tanto que, vez ou outra o sr. Smith dava umas olhadas não muito discretas para Brian, que tentava, sem sucesso, desviar o olhar. Era um olhar hipnotizante.
- Boa tarde, srta Perez. Boa viagem de volta. Iremos nos falando no decorrer da semana.
- Obrigada, sr. Willian. Senhores, boa tarde! - falei quase saindo correndo dali.
Fechei a porta e respirei fundo pra me acalmar, quando ouvi:
- QUE MERDA FOI AQUILO, BRIAN? Caralho. Você não podia ao menos disfarçar um pouco??? Porra. Quase põe tudo a perder!
- Sinto muito.
- Ao menos me diga o que aconteceu, porra.
- Não sei explicar, sinto muito. Não irá acontecer novamente, te garanto, Thom!
- Eu espero que não. Graças a Deus ela te ignorou e não cancelou tudo. Você sabe o quanto precisamos desse contrato... porra, Brian. Toma, Paul, confere o contrato por favor.
Sai de lá antes que alguém me visse e fui correndo para o meu quarto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ela quer mais.
RomanceE de repente tudo desmorona e você percebe que aquilo não era o suficiente. Você quer mais. Não, não é pedir muito! Anna é uma mulher que sai de um relacionamento e, pouco tempo depois, conhece alguém que a faz sentir algo que ela nunca sentiu ante...