1- Garoto Estranho

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Nunca me veio a cabeça em me apaixonar. Sempre fui uma garota "simples". Ainda no ensino médio, procuro me aprofundar muito nos estudos, pois tenho um sonho. Me chamo Lucy Heinen, tenho 15 anos e sou a menina em que a vida irá ser mudada a partir do começo das férias de verão.

No último dia de aula foi tudo normal, os mesmos alunos, mesmos professores e diretores, e a mesma eu de sempre. Na aula de educação física, eu estava conversando com minha amiga Grace enquanto jogava vôlei, ela me disse algo em que eu não tinha muita curiosidade.

-Você está sabendo da nova? - disse ela.

-Não... do que se trata? - perguntei.

-Parece que um menino super gato vai começar a estudar aqui na escola depois das férias. - disse ela com muito entusiasmo.

-Sério? Como você sabe?

-Eu ouvi umas garotas da outra sala falando. E adivinha! Ele é da nossa série! - ela pulava feito uma louca problemática.

Fiquei ouvindo ela falando e sempre me imaginava pensando em como fui ser amiga de uma garota daquele jeito. Mas percebi muitas coisas em que temos em comum: a criatividade, o sentimento de nunca desistir, a força de vontade. Tudo isso percebi a dois anos atrás quando conhecia ela.

Uma coisa que não temos muito em comum é a aparência. Ela é alta e magra de olhos azuis, tem cabelos loiros e longos super lisos. Ela sempre estava de bom humor e era muito conhecida entre todos da escola, vamos dizer, popular. Já eu não sou tão alta e nem tão magra como ela, tenho olhos castanhos, o que não é tão especial. Meu cabelo é castanho e com um corte médio, um pouco abaixo do ombro. Nunca fui popular, mas a maioria das pessoas da escola já sabem quem eu sou.

Tinha tocado o sinal e nos encaminhamos para a sala. A próxima aula era de Química e tinha laboratório. Entrei na sala, peguei meu jaleco e fui para o laboratório. A experiência era sobre como gerar uma pequena explosão em determinado espaço. Enquanto assistia o professor explicando a experiência, uns meninos do meu grupo brincavam com os materiais até que derrubaram em minha mão um vidro que se quebrou e fez um corte gigantesco.

-Caraca! Você tá doido!? - grito com o garoto que derrubou o vidro.

-Desculpa! Não foi a minha intensão! - retrucou ele desesperado.
Vi que minha mão estava sangrando muito, o professor correu em minha direção todo desengonçado com sua altura extremamente grande:

-Vamos! Vou te levar para a enfermeira. Rápido.

Ele encerrou aquela aula e me acompanhou até a enfermaria, estava apertando meu braço para tentar fazer com que minha circulação diminuísse. Chegamos, e antes de perguntar o que tinha acontecido,a enfermeira ligeiramente, fez um curativo após limpar o sangue. O professor tinha saído pois ia dar mais uma aula.

-O que aconteceu para você se cortar deste jeito? - disse ela. Expliquei todo o ocorrido e ela disse para eu ir para casa descansar. Ouvindo ela, peguei minha mochila e fui para casa andando com a mão toda enfaixada.

No caminho, fiquei olhando tudo e em todos a minha volta.

Como as coisas são diferentes para cada um. Vivemos nos queixando de problemas, reclamando das coisas que já temos, enquanto outras pessoas nem tem como imaginar como a vida pode ser boa. Sempre julgamos o quem temos, mas se prestarmos mais a atenção, tudo em nossa volta tem uma certa beleza, uma história. As casas, calçadas, prédios, monumentos. Tudo tem o seu valor.

Já tinha uns vinte minutos que estava andando até vejo de longe uma figura se aproximando rapidamente. Era um garoto. Alto, cabelos não muito longos e lisos, dava para ver seus músculos por causa da regata que estava usando. Continuei andando até que ele passa por mim e acaba me derrubando no chão.

-Ai! Não ta me vendo aqui não? - falo para ele, que para a sua maratona para me ajudar.

-Mil desculpas. - lamentou ele. -É que estou com muita pressa... muita mesmo. - me levanto com sua ajuda e olho para seu rosto, parecia um Príncipe de tão perfeito.

-As próxima vez, Tome mais cuidado quando estiver correndo desse jeito. É perigoso. -ele não responde por um tempo, e então diz:

-Parece que você também não toma muito cuidado com certas coisas também. -fala olhando para a minha mão.

-Isso não fui eu, foi uns meninos da minha sala que derrubaram vidro na minha mão...

-Deve estar doendo muito. Quer que eu a ajude? Sei alguns tru... - o interrompi antes de terminar sua fala:

-Você nem me conhece. E ainda por cima... você não estava com pressa um pouco antes de me derrubar? -me senti um pouco grossa falando daquele jeito com ele, que ficava me olhando fixamente. - Desculpe por ser tão grossa... não foi a intenção.

-Sem problemas. Não ligo para isso não. Então já que não quer ajuda, to indo. -ele sorriu.

-Então ta. Tchau. -me viro para continuar seguindo meu caminho até que:

-EI! - Grita ele. -Qual o seu nome?!

-Não posso dizer até que me fale o seu!

-Thomas! Thomas Seguer!

-Sou Lucy Heinen!

Então ele sorriu e saiu correndo igual a um doido pela rua deserta da manhã fria e nublada. Cheguei em casa e minha madrasta ficou desesperada com o machucado. Queria me levar ao hospital para dar pontos, falei para ela que não precisava mas ela me levou de qualquer jeito. Como eu ja havia falado, não precisava de pontos.

Quandl retornei para casa, a primeira coisa que fiz foi tomar um banho e dormir, mas estava difícil. Não parava de pensar no tal garoto que encontrei na rua. Ficava me perguntando. "Quem ele é realmente?", "Será que irei enconta-lo novamente?". Me surpreendi comigo por pensar daquele jeito que nunca pensava. Fechei os olhos e durmi como nunca tinha dormido. Estava com uma sensação boa. Como se algo extraordinário estivesse acontecendo comigo.

Defina: AMOR (PARADA PARA REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora